Carta de Alma Damas

Para Hector, com amor,
11 de Maio de 2000,
Para Hector, cujo amor me mantém viva.
Querido Hector,
Faz tempo que não escrevo, muito por causa da falta do que falar. Tudo ocorreu tão rapidamente, que ainda me pego imaginando se tudo aquilo realmente aconteceu. As imagens passam rapidamente por minha mente como uma ideia. Elas não parecem fazer parte da verdade ou da realidade, apenas me atormentam dia e noite, me torturando pelo peso do arrependimento.
Não escrevi pois não sabia o que falar. Não sabia como começar, nem defender minhas ações. Tudo que fiz foi por vontade própria, e apesar de tudo, não me arrependo de nada.
Na noite passada tive um pesadelo, e ele não saiu mais de minha mente. Nele, você e eu ainda estávamos presos no Scória!, junto com os vampiros. Em meu pesadelo, eles ainda me perseguem, correndo pelo teto, desejando minha morte. Sei que você tem pesadelos com eles ainda, pois todos nós tivemos desde que estivemos lá.
Mas não são os vampiros que me assombram no pesadelo, mas o fato de você desaparecer dele, sem que eu soubesse onde está. Perdida e assustada, lhe procuro toda noite, em meus sonhos, tentando lhe encontrar e me desculpar, mas sempre acordo antes de conseguir.
Com isto, minha culpa aumenta toda manhã, onde desejo voltar a dormir e finalmente me redimir, mas não consigo. Você desaparece novamente, me deixando arrasada.
Sei que você ainda está bravo comigo, mas peço que reconsidere, que responda algumas de minhas cartas, para que eu finalmente possa dormir em paz, sem pesadelos. Só você pode fazer as sombras pararem, pois sem seu perdão, elas voltarão toda noite.
Sei que espera uma palavra minha. Uma palavra que me é difícil dizer. Sei que espera uma desculpa, ou arrependimento, mas estaria mentindo se lhe dissesse que me arrependo de tudo o que fiz, pois, minha mente não me deixaria em paz se você me perdoasse através de uma mentira. Chega de mentiras, já contei mentiras demais.
Foram as mentiras que me colocaram aqui. Foram as mentiras que fizeram você os ajudar a me colocarem aqui, nesta prisão, mas tudo bem. Você fez o que era certo, pelo menos para você.
Lhe escrevi apenas para dizer que ainda penso em você, todos os dias e todas as noites, mesmo que em pesadelos, você ainda é meu Norte. Meu guia. Sem você não saberia o que é certo, e isto me deixa assustada Peço que me perdoe, pois sei que errei, mas também quero saber se ainda pensa em mim, pois se pensar, saberá que ainda me ama, e poderá finalmente me escrever.
Peço que me perdoe, pois sei que errei, mas também quero saber se ainda pensa em mim, pois se pensar, saberá que ainda me ama, e poderá finalmente me escrever.
Me despeço dizendo que ainda lembro de nossa fuga da escola, da conversa na sorveteria e tudo o que isto levou. Meu amor ainda resiste às torturas da prisão, assim como resistiu a tudo o que aconteceu.
O amor ainda resiste, por favor, não desista de mim.
Com amor,
Alma Damas