APEGO

Parte 2

>> Antony <<

A primeira coisa que Julia pediu foi que eu ao menos desse um pouco de atenção a ela, mas Lis está tão triste que queria ir até lá e abraçá-la. Nina vem em minha direção e me entrega uma garrafa de cerveja. Tento pegar a garrafa, mas ela sorri estranha e aponta para a cozinha. Julia está conversando com as outras meninas e eu acompanho Nina.

― Pode me dar a cerveja agora? ―digo sorrindo, mas ela está séria ― Algo errado?

― Tudo está errado ― sua voz sai mais séria me preocupando ― é melhor você ir embora.

― Nina? ― ela está com a cara dentro da geladeira e me ignora ― Você está me expulsando? Eu fiz alguma coisa?

Ela volta a ficar ereta e olha para tudo, menos para mim.

― Poxa, Nina. ― coloco a garrafa no balcão ― Ao menos me diga o motivo.

― Eu sou sua amiga ― Nina diz com a voz tremendo ― Acredite em mim, é melhor você ir embora. Eu não quero que a Lis ferre tudo.

― Ferrar? ― repito tentando entender o sentido ― Lis está triste, ela terminou com o Adam. Ou ele com ela. Não sei. Eu preciso ficar aqui com ela.

― Não, Antony ― ela fala com autoridade ― Você precisa ficar com a Julia. Leve-a daqui. Falo isso como sua amiga.

― Eu vou ficar aqui pela Lis ― agora eu estou sem paciência, ela quer me enfiar uma ideia que não sei o motivo. Desde quando ela quer que eu fique longe de Lis? ― Eu não vou sair daqui e deixar Lis bêbada e chateada. Eu apenas não posso.

― Você pode ― ela insiste. Parece furiosa ― Eu cansei disso. Sério. Eu cansei de ver você assim, não é justo, Antony. Não deixe Lis estragar mais sua chance de ser feliz.

Toco seus ombros na tentativa de poder entender exatamente o que ela quer dizer. Nina e Lis sempre foram amigas, e quando conheci Lis ela veio de brinde. Lis é aquele tipo de garota que você quer por perto, só porque ela faz você sorrir, por qualquer coisa. Ela sorri das coisas mais inconvenientes da vida. Já passamos por muitas coisas juntos. E não vai ser por que tenho namorada que irei deixar a Lis, não quando seu coração está partido.

― Nina, você sabe que quando ela termina um relacionamento ela fica perdida ― ela revira os olhos e tomo aquilo como insulto. ― Eu jamais poderia deixar Lis aqui, eu apenas não posso.

― Vocês precisam conversar ― Nina diz olhando diretamente em meu maior medo. Ela parece saber o que penso todos os dias antes de dormir ― É torturante ver com o coração partido, ela é a pessoa mais incrível que conheço. Eu não posso deixar isso se perder.

Um copo cai atrás de mim e eu me viro subitamente. Merda! Julia está lá parada. Seus olhos brilham de lágrimas e meu coração se contrai. Parece mais doloroso.

― Julia, não é o que você está pensando ― tento me explicar. Ela parece tremer e Nina fica lá, parada ― A Lis não está bem. Ela precisa de mim.

― Não, ela não precisa ― a voz de Julia soa tremula ― e eu não preciso ver isso. Eu não posso ver meu namorado correr atrás de outra.

Ela balança a cabeça negando. Nina não tem coragem para se mover. Julia cruza os braços e eu procuro as justificativas, mas nada parece certo.

― Eu sou amigo dela ― digo me rendendo um pouco ― eu não vou deixá-la aqui. Não me peça isso.

Elas me fuzilam com os olhos e Nina se apressa para juntar os cacos do chão.