"você foi reconfortante e quieto. como o amor se tornou tão violento?"
Hoje meu dia se passou extremamente rápido, como se o tempo corresse, atrasado para um compromisso importante. Bem, acho que ele nunca pode esperar por mim.Não tive que ouvir as coisas inconvenientes que Stanley sempre insistia em dizer, não recebi ligações de clientes extremamente mal educados, e nem tive que passar pelo transito infernal ao voltar para casa.
Um dia bom, quase levei aquilo como um sinal. Quase...
Como se deus, pelo menos uma única vez, estendesse sua mão diretamente do céu e me desse um pouco de sossego, avisando que tudo havia acabado. Finalmente seu castigo acabou filho, você está livre.
Abro a porta de casa com cuidado, como se algo ruim estivesse ali dentro.
A chuva caía do lado de fora dando espaço a baixa temperatura, essa época do ano sempre era assim, tardes quentes, noites frias. Chegava ser estranho, pois você nunca estava realmente preparado para seu dia.
Castiel estava deitado no sofá, enrolado em seu cobertor quentinho, como um gatinho. Observava atentamente a tela da tv, movendo seus olhos para analisar cada cantinho da tela, capitando cada detalhe, mudando sua expressão para uma surpresa assim que viu os personagens se beijando.
"espaço entre nós"
Castiel costumava dizer que aquele filme nos representava... Acho que nunca cheguei a perguntar o porque... Eu não faço muitas perguntas a Castiel.
Sinto falta de momentos assim.
Os olhos azuis de Cas começam a me fitar, me analisando por completo. Um sorriso tímido surge em seus lábios e ele estica seus braços em minha direção, me chamando, como um bebe chama por sua mãe.
Não era um sinal, afinal.
Ando até Castiel em passos curtos, com certo receio, abraço meu namorado sentindo seu corpo exalar todo seu calor. Então, posiciono meu rosto em seu pescoço, descansando minha cabeça ali, me permitindo sentir seu cheiro doce.
Castiel.
Aperto o garoto mais em meus braços, colando nossos corpos tanto, que pereceu que por um segundo fossemos nos fundir em um só. A sensação era de que ele fosse escapar, fosse sumir se eu o largasse, eu não queria o deixar ir, nunca, então, continuei segurando.
Saudade.
Subo meu rosto de volta e fico cara a cara com... Castiel. Analiso cada detalhe seu com extremo cuidado, tentando memorizar cada pedacinho de seu lindo rosto, como se fosse me esquecer no dia seguinte. Sua boca um pouco aberta, tão convidativa... Seu nariz e bochechas um pouco rosados, e por fim seus olhos... Oh, seus lindos olhos, azuis como o mar, calmos como a maré baixa. Nada no mundo me remetia tanta paz quanto seus olhos.
Dizem que os olhos são o espelho da alma.
Os olhos de Castiel refletiam... Bem, efletiam eu mesmo.
Sinto seus dedos gelados tocarem com medo minha bochecha e rapidamente me afasto, parecendo acordar. As lagrimas tentam a todo custo sair de meus olhos mas eu apenas as afasto, mostrando que não eram bem vindas aqui.
Ele me olha preocupado e eu apenas sorrio
"Bom te ver." Então, saio do cômodo sem estender aquilo.
Esses eram meus dias, ir para o trabalho, voltar para casa e encontrar Castiel. Sentado na cozinha, deitado na sala ou fazendo qualquer outra coisa na casa. Já tive dias bons e ruins com ele, dias em que gritei suplicando para que fosse embora, dias em que o abracei e o beijei dizendo o quanto eu o amo, até dias onde eu o segurei em meus braços e chorei como uma criança, como se tivesse acabado de ser resgatado dos escombros de um prédio que despencou.