O Ultimo Badalar do Sino

20 3 0
                                    


Já era quase meia-noite quando me encontrava com o amor da minha vida. Andávamos embriagados pela cidade mal iluminada. Rindo e cantando. Estávamos enamorados um pelo outro. Um amor que a anos atras era chamado de "amor adolescente". Pessoas diziam que não ia durar. Que não era amor de verdade.

A cidade estava silenciosa, apenas nossa felicidade podia ser ouvida em meio as construções antigas da cidade. Ela ecoava pelas ruas e dava inveja a tristeza. Balançava as arvores e arrepiava o pelo fino do gato que procurava fugir da luz da rua.

O ar estava tão quente ou talvez, fosse apenas a felicidade que percorria pelo meu corpo. Podia sentir a mão dele segurando a minha delicadamente. Nossos lábios se encontravam as vezes. Tudo parecia ir bem. Bem o bastante para perceber que havia algo errado.

Segundos depois, a alegria e o calor que antes tomavam conta do meu corpo, agora foram substituídas pela tristeza e pelo frio. Algo estava errado. Mas o que? Ao perceber minha mudança repentina ele parou e começou a me admirar. Suas mãos quentes tocavam as minhas bochechas frias. Conseguia ver seus lábios se mexerem lentamente tentando me dizer alguma coisa, mas não conseguia ouvir.

O momento foi interrompido quando o sino da igreja começou a tocar. Ele tocara exatamente seis vezes. Mas pera, não havia nenhum sino na cidade. Dlim. Dlom. Dlim. Dlom. Dlim. Dl...

Aquilo foi a última coisa que passou pelos meus ouvidos. A última visão, foram os lindos olhos do meu grande amor. O cheiro que penetrou meus pulmões pela última vez, foi o cheiro de seu perfume. Em meus lábios não havia mais alegria e o chão frio me recebeu carinhosamente. Foi a ultima coisa que toquei e foi ali, em meio a rua, que recebi a visita mais temida por todos. Aquela que vem e te leva junto com ela.

Enquanto a Cinderela perdia o sapato ao correr do principe. Eu perdia meu amor ao deixar o mundo dos vivos. 

O Último Badalar do SinoOnde histórias criam vida. Descubra agora