QUATRO

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Acordei no dia seguinte com uma dor de cabeça infernal e amaldiçoei até os carros que passavam na rua. Kimberly tentou me tirar da cama de qualquer jeito, mas eu realmente não estava afim. Passei a noite toda pensando nesse aparecimento de Oliver e cheguei a conclusão de que uma aproximação entre nós não era uma opção. Eu havia me mudado a cinco anos atrás com um propósito e estava bem tentando cumpri-lo.

Passei dois dias ignorando todas as ligações e graças a Deus Scott não havia dado sinal de vida, espero que isso continue assim.

Eu não poderia deixar Thompson na mão e eu tinha consciência disso, então após passar bastante tempo pensando e analisando minha decisão, resolvi ligar para ele.

- Evie? - a voz dele soou preocupado pelo outro lado da linha - Sumiu por quê? Aconteceu algo?

Fechei os olhos e respirei fundo.

- Não, Thom, eu estou bem....

- Esse sumiço tem haver com o Oliver? - perguntou me interrompendo.

Fiquei alguns segundos em silêncio e ele também não disse nada. Meu sumiço tinha sim haver com Oliver, na verdade a merda que minha vida se tornou de cinco anos para cá, tinha haver com Oliver.

- Thom... - disse, ignorando sua pergunta - eu estou me demitindo.

- Como assim, Evie? - ele falou exasperado.

- Eu não vou mais voltar a cafeteria, me desculpe. Sei que você me deu o emprego quando eu mais precisava, mas agora envolve outras questões.... - Respirei fundo - espero que me entenda.

- Eu te entendo. Aparece para pegar suas contas e tomar um Frappuccino... dessa vez ele não vai cair - eu ri e meus olhos encheram de lágrimas.

- Vou pedir para a Kim pegar, Thom. Obrigada por tudo - desliguei.

O resto da semana foi tedioso e lento. Eu procurava emprego durante o dia e depois ia para a faculdade e depois para casa assistir qualquer merda e dormir. Contei para Kim tudo que havia acontecido e expliquei meu passado com Oliver, ela ficou perplexa e não acreditou até eu insistir que estava falando sério. No final de tudo acabou me apoiando e concordando com minha decisão.

Sexta à noite era dia de festa nas repúblicas e Kimberly nunca faltava em nenhuma. Bom, eu também ia em muitas, mas não se comparava a minha amiga. Como eu já havia passado o resto da semana de maneira tediosa, ela não precisou de mito para me convencer a sair de casa.

Por isso meia hora depois eu já estava me achando maravilhosa em meu vestido preto, onde as costas eram toda em renda e seu comprimento não era tão comportado assim. Kimberly estava me apressando, então sai calçando o salto nude enquanto saia do quarto. Eu estava precisando de qualquer coisa que me fizesse distrair.

***

Festas em repúblicas sempre tem dessas: a gente sabe que rola coisas que não deveriam rolar, mas isso não nos impede de ir. Àquele lance de que proibido é mais gostoso, sabe? Então, exatamente.

O lugar estava completamente lotado e as pessoas estavam completamente bêbadas e só para constar a festa começou a menos de uma hora. Universitários bebem como se fosse o último dia de vida, não que eu não faça o mesmo..., mas observar isso, estando sóbria, é meio assustador.

- Fiu fiu - ouvi alguém assobiar atrás de mim e virei-me, decepcionada.

- O que quer, Jonas? - coloquei as mãos na cintura e arqueei as sobrancelhas, deixando visível que eu não estava nem um pouco contente em vê-lo.

Ele estava arrumado como sempre, os fios loiros bagunçados e vestia um jeans escuro com uma camiseta azul que se fundia com a cor de seus olhos. Visto por fora e a princípio, sem sombra de dúvidas, Jonas era um cara bonito e interessante, mas não passava de beleza exterior. Por dentro ele era o oposto e não valia o sorriso que tinha.

Aos CacosOnde histórias criam vida. Descubra agora