Capítulo 01: A viagem

73 3 2
                                    


     Estava escuro e chuvoso, era uma noite de Sexta-feira, enquanto o garoto cujos cabelos ruivos e pele sardenta, mais branca que papel, dirigia com o olhar fixo na estrada. Este era Francis Fray, um garoto que aprendera a dirigir muito cedo, e por volta de seus dezessete anos, já dirigia um tipo de van, onde cabiam dezesseis pessoas. Haviam umas oito. Ao seu lado, fuçando e encarando o mapa, um garoto que tinha olhos brilhantes, e era moreno de cabelos castanhos. Este era Lucas Prado. Mais ao banco de trás, mais dois meninos tagarelavam, um cujos cabelos desgrenhados e olhos arregalados lhe davam um ar meio insano, a pele morena e cabelos negros, este era Breno Kohler. E o outro que também tagarelava, que se destava pela altura, cujos cabelos eram castanho-claros e os olhos num tom esverdeado, Jonah Miller.

Já as meninas, sentando mais para o fundão, eram Vicky Hunter, cujos cabelos longos e negros caíam-lhe em cascatas pelas costas, a pele era bronzeada... Mariana, ou Mari Grando, cujos cabelos castanhos tinham as pontas rosadas, uma pele clara, cabelos longos, e um sorriso belíssimo. Maria Julia, ou Maju Albuquerque, cujos cabelos negros faziam uma franja, os olhos grandes e brilhantes, pele morena, lhe remetiam a uma bonequinha. E, por fim, Lauren Diaz, cujos cabelos da cor do mel caíam-lhe sobre os ombros, os olhos castanhos e pele meio bronzeada, lhe lembravam alguém que veio do Hawaii. Mas, não, era apenas uma brasileira no meio de mais brasileiros. Para sua sorte, estava entre amigos.

O caminho de sua cidade até a chácara que Lucas alugou no caminho para as "praias" de lagoa de Arambaré se encurtava cada vez mais, e a música alta parecia que ia estourar os tímpanos dos adolescentes. Apesar de ser uma música boa, estava alta demais até mesmo para um surdo ouvir.

Porém, Lucas, erguendo o olhar do mapa para a estrada, deu um berro em meio ao som alto da música para que Francis o ouvisse.

— CUIDADO! — Foi o que ele gritou.

Francis já havia visto, era uma menina fantasiada de... Fada? Em meio ao chão. O garoto virou o volante o mais rápido que pôde, e com isso, o carro também dobrou, numa velocidade surpreendente que nem Francis sabia que existia naquela van velha. Os dois desceram do carro assim que o mesmo parou, e ligaram a lanterna do celular, assustados com o que viram. Porém, não viram mais nada além da longa estrada para Arambaré. Lucas respirou fundo.

— Deve ser só nóia nossa.

— Sim... Deve ser o sono. — Corrigiu Francis, voltando para a van.

Lucas, também voltando para a van, fechou a porta, respirando fundo. Olhou para trás, a música parecia ter cessado, e então, todos os olhavam como se fossem loucos, à espera de alguma explicação plausível.

— Nóia nossa. — Murmurou Francis, dando partida com o carro.

O caminho seguiu por mais alguns minutos de música alta, e a volta da euforia e da tagarelice. Até que Lucas indicou onde seria a chácara. Um local bem no meio do caminho MESMO. Assim que entraram na propriedade, um calafrio percorreu o corpo de cada um. Ninguém comentou nada. Assim que desceram e descarregaram as malas, foram escolhendo seus quartos, haviam quatro, um para cada dupla. Maju e Vicky, Lauren e Mari, Francis e Jonah, Breno e Lucas. Assim que se estabeleceram, e foram recebidos pela dona da casa, Berenice, se reuniram fora da casa para fazer uma fogueira, onde Lauren e Jonah foram buscar lenha, cada um foi para um lado.

Lauren, que parecia catar alguns gravetos no chão, estava com um top, e um short jeans, e chinelos. Sentiu um vento passar por ali, e acabou por encontrar um pequeno açude, ou lago, onde se encarou na água, que refletia sua imagem de volta. Santa luz do luar. Ela respirou fundo, ao ouvir uma voz meio incomum.

— Ah, que bela noite para sonhar.

— Sim... É o local perfeito. Lucas acertou em cheio. — Disse Lauren, enquanto catava mais alguns gravetos, sem se preocupar em olhar para trás, poderia ser alguma das meninas lhe pregando uma peça.

— O local perfeito, sim, sim... Pois foi aqui que eu morri. — A voz disse, antes de Lauren lançar um olhar rápido para trás.

Não havia ninguém ali. Ninguém! E logo, um vento forte começou a soprar, a menina desequilibrou-se e sentiu algo no antebraço arder como fogo. E gritou, gritou como se soubesse que não podia ser ouvida.

Porém, os gritos foram ouvidos por Jonah e pelo restante. Claro que, correndo na direção do grito, todos acabaram se juntando, e viram a garota caída às margens do lago, uma cicatriz em forma de cruz e um X cruzando o ponto. Jonah e Breno se abaixaram ao lado da loira, que logo acordou, num susto. Berenice, que se aproximava logo após eles, com uma expressão preocupada no rosto enrugado, murmurou.

— Começou...

Logo, ao se reunirem na fogueira novamente, que já crepitava o fogo, após cantarem algumas canções, o silêncio se instalou. Lauren tinha a cabeça apoiada ao ombro de Jonah, Breno e Francis encaravam o fogo, enquanto os demais tentavam assar marshmallows, sem muito sucesso.

— Dona Berenice. — Lauren ergueu a cabeça, desviando o olhar para a velha. — O que a senhora quis dizer com "começou"?

Agora, Berenice tinha uma expressão sombria no rosto, claramente, não gostava de comentar sobre o assunto.

— Tudo começou com uma morte. 

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Sep 10, 2018 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

UmbraWhere stories live. Discover now