02 [completo]

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Eu sou uma marionete nas cordas
Ilha Tracy, diamantes de viagem no tempo
Poderia esculpir mágoas
Vem te encontrar
Em alguma manhã aveludada
Anos mais tarde
Ela é um raio de esperança, cavaleiro solitário cavalgando
Em um espaço aberto, Na minha mente

Ela sente o cansaço mental alastrar-se em cada célula de sua alma, mas, seu maldito corpo nem se abala. Ele continua imóvel em frente ao imenso espelho de seus aposentos enquanto à preparam. As criadas vestinham longos vestidos de tecido grosseiro de cor roxa com mangas longas, sem decotes ou adereços; apenas a grande mandala das terras de Valérius bordado nas costas e, a da coroa de Blizzard sobre o lado esquerdo do peito.

As quatro mulheres encaregadas de prepara-la arrumavam seus cabelos de forma rápida e meticulosa, elas não podiam falar amenos que lhes fosse solicitado por um superior, tinham o mesmo fenótipo de todos os Negados do gelo, olhos negros e auras simples demais, sem a atração natural que os Abençoados exercem.

O reflexo frio, estóico, sem expressão e vazio da rainha à angustiava. Ela se parecia com uma maldita estátua de gelo - como as centenas que infestam o castelo. Bonitas, ornamentadas, delicadas e vazias de vida. Ela sentia -se assim. Vazia. Morta. Um enfeite. Puro e simples.

Tudo ao seu redor era familiar - a grande cama de dorcel, as pilastra esculpidas a mão, o grande espelho bordado a ouro e filigranas - era seu quarto afinal, seu castelo, suas críadas que cresceram com ela, a pintura da mesma cor de sempre, a vista pela janela, tudo igual. Apenas ela era diferente: suas decisões não eram suas, suas palavras não eram suas, tudo estava ruíndo; suas alianças em perigo, sua família despedaçada e ela estava cansada, impotente, submissa. Como nunca devia ser. Ela tinha de ser à superior. A majestade total das terras de Valérius. Aquela com quem seu povo poderia contar mas, ela estava ali sentada enquanto tudo acontecia ao seu redor.

Seu tempo estava acabando e eles estavam perto, ela sábia, sabia também que não poderia impedi-los novamente. Ela estava por conta própria e temia que o destino dela fosse o mesmo que o seu: presa em seu corpo. Incapaz de lutar, obrigada a coisas sem poder impedir a si mesma de obedecer, submissa e manipulada. Ela torcia para esse não ser o futuro que esperava por sua criança.

Hortência borbulhava sob sua pele. Sentia-se ferver com toda uma gama de sentimentos conflitantes em seu peito, sem nunca expressar nada. É, ela odiava isso. Uma perfeita estátua em toda a sua glória. Ornamentada com jóias e vestidos dos mais luxuosos veludos e sedas. Cabelos castanhos longos, milímetricamente arrumados em penteados elaborados e majestosos. Face longa e delicada, de feições marcantes, lábios rosados. Tudo harmonizado com a casca que ela tornou-se. Apenas seus olhos e pensamentos eram seus. Eles viam, sentiam e mostravam tudo, o que estava guardado a espera do tempo acabar, tempestades impiedosas de gelo guardadas em seus olhos. Ela só queria uma brecha. Um pequeno racho nas sua amarras para soltar-se.

E, à coroa. É claro.
O símbolo máximo de seu poder, da sua soberania. Hortência sabia, que isso era, o que à mantinha viva por todo esse tempo. Seu sangue legítimo, sua coroa e o poder que possuí o seu rosto. Ela era respeitada e amada pelo seu povo, desejava apenas o bem para ele, e então, tudo mudou e ela tornou-se temível, impiedosa. As alianças enfraqueceram. E novamente a guerra instalou-se em Valérius.

Apenas descendentes legítimos controlam a coroa, apenas a coroa controla as terras de Valérius "domine quem comanda a coroa e então dominará tudo..."

Hortência odeia acima de tudo, ser uma estátua controlada por cordas. Quão fraca ela foi para torna-se isso?

--- Vossa Majestade, está pronta?

Gritar era tudo que a rainha queria nesse momento, consumir tudo em sua dor e raiva. Amaldiçoar a tudo e a todos seus traidores. E estão encolher-se nos braços de sua mãe e receber carinhos e promessas de que tudo ficaria bem. Mas sua boca, apenas respondeu polida, embora seus olhos mostrassem fúria.

--- Sim. Meu marido.

Outra coisa que a rainha, odeia acima de tudo: saber que baixar a guarda foi seu maior erro.

As criadas reverênciam-os e saíram apressadas. Hortência sentia um novo embrulho em seu estômago se formar ao ver o sorriso do monstro pelo reflexo do espelho e, a proximidade que ele adquiriu de seu corpo com poucos passos.

--- Queria poder ouvir o que se passa em sua cabeça, majestade.

A palavra saiu repleta de deboche dos lábios do homem, para o maior nojo da rainha; ao pé de seu pescoço.

"Vou mata-lo"

--- Deve ser no mínimo interessante essa visão. Você, Hortência, vermelha de raiva e sem poder fazer nada para me impedir de tomar tudo que é seu.

"Ela impedirá"

Continuou, o sorriso debochado e cruel nunca deixando sua boca enquanto ele a toma pelo braço e a leva à sala do trono. A Guerra estava fechando o horizonte e ela não sabia o que esperar disso.

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⏰ Última atualização: Dec 09, 2018 ⏰

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