Capítulo 7

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Miguel me levou a um restaurante peruano, bem informal e divertido, com plantas de grandes folhagens e os bordados peruanos enfeitando o ambiente. Nos sentamos numa das mesas que ficavam na área externa e, por sorte, escolhemos nos sentar num local bem discreto, nos fundos, pois mesmo tendo pedido um ceviche de camarão absolutamente perfeito e estarmos tomando uma deliciosa cerveja artesanal, confesso que não estava muito interessada nem na comida e muito menos na bebida e, pelo modo como Miguel me encarava, deduzi que ele também não.

- Vamos embora logo daqui, Lina? – perguntou com desejo e divertimento no olhar.

Abri a boca simulando um bocejo e depois de bater com a palma da mãos nos lábios, pisquei os olhos e suspirei: - Vamos sim, estou muito cansada...

Miguel me encarou com os olhos sorrindo, aproximou sua boca bem próxima ao meu ouvido e sussurrou: - Não vamos dormir hoje, meu amor...

Sei que foi uma simples expressão, dita de forma carinhosa, porém, sem nenhuma segunda intenção, mas ouvi-lo me chamar de "meu amor" com nossos corpos tão próximos fez com que meu coração se espremesse sentindo uma pontada fria atingi-lo bem no meio.

Fomos para o apartamento de Miguel e passei a noite com ele como se nada tivesse acontecido entre a gente, como se nem tivéssemos nos afastado por quase uma semana, então tomada por uma vontade de deixar os problemas para trás afastei dos meus pensamentos o verdadeiro motivo para ter pedido que Miguel se afastasse de mim. Eu sabia que estava correndo o risco de deixar de ser a novidade interessante, acabar me envolvendo mais que o prudente, mas naquele momento eu deixei todos os medos de lado e decidi aproveitar o quanto fosse possível.

***

- Lina, quero te propor uma coisa. – disse Miguel, com um tom de voz mais solene e sem qualquer resquício de brincadeira em seu semblante, enquanto se enxugava após um banho, de pé no quarto.

Eu ainda estava deitada em sua cama e um pouco temerosa e muito curiosa me sentei rapidamente apoiando minhas costas na acolchoada cabeceira de sua cama. Não fazia mesmo a menor ideia sobre sobre o tema da proposta, mas pelo jeitão mais sério com que falou decidi não tecer nenhum comentário, apenas esperar que continuasse.

Depois de passar a toalha pelos cabelos, enfiou uma bermuda e sentou na beirada da cama olhando para mim como se estivesse mentalmente escolhendo bem as palavras. Depois de alguns instantes, abriu um enorme sorriso (o que me deixou menos tensa) e, enfim, concluiu: - Que tal você passar todos os finais de semana aqui em casa?

Engoli em seco aquele pedido, entortei os lábios para um dos cantos e perguntei com sinceridade: - Miguel, que tipo de proposta é esta?

Ele sorriu parecendo um tanto sem graça e respondeu depois de balançar a cabeça de um lado para outro: - Lina, vou tentar me explicar: trabalho muito durante a semana, não me sobra muito tempo para encontros, telefonemas, cinemas, jantares... Enfim, para me dedicar a você tanto quanto eu gostaria, mas eu quero você comigo, quero muito e você sabe disso. – declarou-se com os olhos brilhando e o rosto demonstrando ternura.

Passei as mãos pelo cabelo, em seguida pelo rosto e cerrei os olhos, sorrindo em sua direção:

- Estou surpresa, Miguel. Só não sei se dizer se estou mais surpresa pela proposta maluca de morar aqui durante os finais de semana ou pelo modo sutil como está me dispensando nos outros dias... – brinquei para que o assunto não se tornasse algo sério e pesado demais.

Ele gargalhou, se levantou e andou de um lado para o outro no quarto, em seguida sentou-se novamente: - Não faça isso comigo, Lina, você me entendeu. Tenho certeza de que me entendeu!

Não ResistoOnde histórias criam vida. Descubra agora