Capítulo 11

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  Suzana foi a primeira a esboçar alguma reação depois da fala de Rafael.

  - Desculpa não ter cumprimentado você, fiquei surpresa- ela foi até ele e o abraçou.

  - É um prazer revê-la- ele sorriu.

  Dava para ver o desconforto de Paula com essa situação, porém ela fez questão de disfarçar.

  - Oi, como vai?- ela estendeu a mão educadamente para ele.

  - Até parece né, Paula? A gente já viveu coisas demais pra se cumprimentar com um aperto de mão- ele foi até ela e beijou seu rosto, sendo retribuído por ela.

  Aquela cena me causou um certo incômodo, porém eu disfarcei para que ninguém percebesse, até porque Paula nem falando comigo estava.

  - Vamos jantar?- minha mãe disse e todos foram para a mesa.

  - O que você tá fazendo da vida?- Suzana perguntou para Rafael.

  - To advogando, resolvi exercer minha formação- ele sorriu.

  - Ainda bem, achei que os cinco anos tinham sido à toa- Paula falou olhando para seu prato.

  - Quando se meter em encrenca vou poder ajudar- ele olhou para ela.

  - Eu nunca me meto em encrencas- ela o olhou e levantou uma sobrancelha.

  - Esqueci, senhorita certinha- ela revirou os olhos- Mas e esse bebê? Quando vem?

  - Está previsto para outubro, mas nunca se sabe- Suzana respondeu.

  - E você? Casou?- minha mãe perguntou para ele.

  Quando ela falou isso minha atenção foi inteiramente para Paula, queria ver como ela reagiria, se ela ainda tinha algum tipo de sentimento por ele, porém ela seguiu como estava, calada e prestando atenção apenas em seu prato, como se fosse a coisa mais interessante do mundo.

  - Não, não to pensando nem em namorar por agora- Rafael respondeu.

  - Paula tá com essa mesma palhaçada. Porque não voltam?- Suzana falou e na mesma hora Paula e eu nos engasgamos.

  - Suzana!- ela a olhou irritada.

  - Ela que não quer, se me pedisse eu voltava correndo- Rafael olhou para Paula que negou com a cabeça.

  Bruna percebeu que Paula não estava com um humor muito bom, assim como eu e resolveu mudar de assunto.

  - Vai ficar até quando, primo?

  - Na verdade não tenho previsão ainda, mas acho que não passa de dois meses- ele explicou.

  - Veio fazer o que?- minha mãe perguntou.

  - Estou fechando com um escritório que tem matriz aqui em Goiânia e eles queriam que eu viesse fazer uma experiência por um tempo para me transferirem pro escritório de BH- ele explicou.

  Continuamos jantando enquanto eles conversavam sobre coisas aleatórias, apenas eu e Paula, que nem olhava na minha direção, permanecemos calados.

  - Paulinha, não precisa ficar com essa cara, eu tava brincando- Rafael se dirigiu à ela.

  - Não é por isso não- ela tentou esboçar um sorriso- É cansaço, to trabalhando até fim de semana.

  - Empresário sofre né?- ela apenas assentiu com a cabeça- Mas a recompensa financeira é boa pelo menos.

  Ele continuou tentando puxar assunto com ela e eu estava só observando e prestando atenção no que estava sendo falado pelos dois, o que o restante da mesa falava meus ouvidos não ouviam, havia foco total ali naquela conversa.

  Todos nós jantamos, comemos sobremesa e então Paula convidou Suzana para embora.

  - Bom gente, já vamos indo, Paulinha tá cansada.

  Elas se despediram de todos.

  - Foi um prazer rever você- Rafael falou para Paula quando ela se despediu dele.

  - A gente se vê- ela piscou para ele e foi embora juntamente com Suzana.

  - Fiquei curiosa com esse babado- Bruna falou assim que a porta fechou.

  - Como assim?- Rafael riu.

  - Vocês namoraram anos e a gente nunca a conheceu.

  - Eu não conheci boa parte da família dela também, a gente preferiu assim.

  - Mas vocês terminaram por quê?- minha mãe questionou.

  - Não sei exatamente, o relacionamento estava muito desgastado, a rotina já estava enchendo o saco, não só meu, o dela também, chegou uma época em que nem prazer mais ela sentia comigo, foi quando eu percebi que as coisas estavam esfriando. Eu não tenho provas nem nunca fiquei sabendo de nada, mas eu tenho quase certeza que ela me traía com um cara que ela dizia ser amigo dela- Rafael falou.

  - Ela não tem cara de quem trai- Bruna a defendeu.

  - Ela já fez muita coisa que quem olha pensa que nunca faria.

  - Ela é muito complicada?- perguntei.

  - Não, ela simples demais, a gente nunca teve DR porque sempre que eu chegava pra falar de algo que tava acontecendo ela já cortava o problema pela raiz, não tinha nem discussão.

  - Mas cansaram do nada?

  - Sei lá, na verdade ela que cansou e parecia que fazia de tudo pra eu cansar também e terminar com ela pra não ficar com peso na consciência. Mas foi muito bom enquanto durou- ele explicou- Ela é muito boa, muito dedicada, eu quero muito que ela seja feliz. Mas enquanto eu to aqui e ela também não seria nada mau um remember.

  - Supera- falei sem querer.

  - Relaxa aí priminho, não vou machucar sua sobrinha, só diversão- ele deu de ombros e eu fiquei muito irritado.

  Ouvir as coisas que Rafael contava sobre o relacionamento deles me fez ter duas certezas: primeiro que eu cada dia mais tomava ranço da cara dele, e segundo que eu quero aquela mulher para mim nem que seja apenas por uma noite.

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