12 de setembro de 2018, 20:30. Paris.
Desorientado. A palavra que me descreve neste momento, é extremamente essa.
Já era pra eu estar acostumado. Por Deus, era pra eu estar acostumado, afinal, já nos conhecemos bem. Muito bem, por sinal...
A minha história com você começou quando eu era pequeno. Começou corroendo os seios da minha mãe, ainda acho que você queria comer ela por inteira. Depois, foi os pulmões do papai, você se lembra, né?
Câncer, câncer... Me diga quem será o próximo? Eu quero poder me preparar e conseguir ajudá-lo. Câncer, câncer... Me diga quando será...
Soube pela minha tia que você ama criancinhas, e ela me disse que nada te faz parar. Por favor, não finja ser inocente, eu sei que você não é...
Nas embalagens de cigarro está explícito: o fumo mata. Você me choca mais uma vez com a sua perversidade, e não me surpreende com os seus atos.
Câncer, eu te peço, me diga quando será.
Câncer, câncer, me diz quem será o próximo?Me diz, eu prometo segredo, quando será? Quando você vai parar de avançar? Quando vai sair de férias, ou, quando vai parar pra pensar no que estás fazendo?
Quando você nos dará férias da dor e sofrimento?
Neste exato momento, eu descobri que você levou mais uma pessoa importante pra mim, você quer o que? Quer me matar? Quer que eu fique agonizando o resto da minha vida?
Você não só está destruindo a vida de quem você toma conta, você está causando uma destruição em massa. Você afeta as pessoas ao redor de quem está doente.
Você é uma praga.
Você é uma grande praga.
Você me ensinou que eu não deveria confiar em você. Nem nos médicos. Nem nos exames. Muito menos nos tratamentos, sabe porque? Porque você na maioria das vezes volta, e volta exatamente pior.
As vezes eu me pergunto se você na verdade quer atingir as pessoas ao redor de quem você se instala. De longe já dá pra saber que empatia é uma coisa que você não tem.
Câncer, eu te odeio.
Hoje eu percebi que não é um ódio comum, é um ódio puro e genuíno, que está instalado e instaurado em mim. É um ódio que me faz ficar cego e sufocado.
Eu te conheço desde novo, não finja que não lembra disso. Eu era uma criança, você tem noção disso?! Tem noção de como é ver sua mãe completamente fraca por causa de uma doença estúpida? Não... Você não tem noção disso...
Você deve ser sozinho demais e por causa disso, destrói a vida de milhares de pessoas por aí. Talvez pelo fato de ser sozinho, você faça isso para chamar atenção, e então, você tem seus cinco minutos de fama, e quando acaba, você mata a sua vítima.
Câncer, você é extremamente cruel. Você liberta algumas pessoas que sabem lidar com você. Eu fico imaginando o alívio da família quando descobre que você os deixou em paz. Confesso que tenho um pouco de inveja disso...
Você atingiu as pessoas que eu mais amava. E em cada uma você atingiu em um lugar diferente.
Eu só te peço coisa... Se queres me atingir, me engula e me destrua de uma vez. Não envolva terceiros nisso.
Odeio você.
Do KyungSoo.
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Quand C'est?
FanfictionOnde KyungSoo escreve uma carta para a doença que matou o seu marido. Essa história é fictícia e baseada em uma música chamada Quand c'est? Recomendo lerem enquanto escutam a música.