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10 de agosto de 2018, 23:58. Madri, Espanha.


- Você está atrasada! - Morgana exclamou assim que eu abri a porta, entrando feito um foguete em minha sala.

- Eu respondi a mensagem dizendo que não ia. - rolou os olhos verdes para mim.

- Isa, i don't care. - deu de ombros e foi minha vez de rolar os olhos - Olha, é sexta à noite, e estamos em Madri. - Continuou empolgada.

- Madri. Yupi! - fingi empolgação, enquanto levantava um soquinho no ar.

Morgana riu da minha cara, só confirmando o que ela já havia dito. Ela realmente não ligava.


Mudanças, eu odeio mudanças, mas esta em especial chegou em boa hora. Ou pelo menos, eu achei que caiu muito bem. Normalmente não se espera que uma adolescente de dezessete, quase dezoito anos, aceite muito bem uma mudança de país. Isso mesmo, PAÍS. Mas eu, sinceramente adorei. Pude ver a feição dos meus pais se transformar de cuidado e atenção para espanto quando eu disse: Ok! Quando partimos? É nessa hora que você se pergunta por que uma garota iria ficar feliz em se mudar para outro continente. Uma vez que ela vive muito bem onde está, tem a escola, os amigos, alguns meninos, festas legais,tudo nos eixos? Eu também não sei, mas me pareceu tão certo, que eu resolvi nos poupar. Era o novo emprego do meu pai, ele acabara de ser contratado como o mais novo professor do departamento de Ciências Económicas y Empresariales daUniversidad de Madrid. Era uma ótima oportunidade para ele e suas pesquisas. Então, mesmo que eu não tivesse simpatizado com a ideia, não haveria muito o que eu pudesse fazer a respeito. Só me restava curtir Madri, minha família, e aguardar o que estaria por vir.

Levantei a tela do meu celular até meu campo de visão para verificar o horário. O relógio marcava uma e quinze da manhã, suspirei pela vigésima vez desde que havia deixado minha casa junto de Morgana. Poderia ser para irritá-la, mas sabia que ela estava tão nervosa quanto eu.Estávamos esperando Nico, namorado de Morg para entrarmos na balada,já que eramos menores de idade e precisávamos das pulseirinhas se quiséssemos consumir bebidas alcoólicas. Na entrada do estabelecimento, a boate El Oro,fervia, podia ver as luzes piscando pela grande porta em que o segurança se encontrava parado. Em seguida, observei a fila gigantesca e pedi mentalmente que Nico aparecesse. Perdida em arrependimentos que me diziam que minha cama naquele momento seria muito mais agradável, senti Morg me puxar pelo pulso e ir passando entre as pessoas que esperavam para adentrar o local, de repente avistei um Nícolas sorridente demais. Certeza que ele já estava alto.



- Foi mal, Mí vida. - disse entregando duas pulseiras para minha amiga. - Acabei de ver suas ligações.


- Foi péssimo. - falou para o namorado entredentes. - Fique de olho no celular da próxima vez, porque os vinte minutos que eu fiquei aqui foram o suficiente para eu planejar a sua morte.


- Wow. - eu disse, fazendo uma menção divertida de cortar meu pescoço para um Nícolas falsamente assustado.

Morgana pegou as pulseiras, me entregando uma e agiu como se não tivesse acabado de ameaçar o namorado de morte. Não pude deixar de rir da cara de chapado, ou chateado que o garoto fazia para a namorada. Assim que colocamos nossos respectivos ingressos no braço, o segurança abriu passagem para nós sem pedir nossos documentos e seguimos boate adentro. A atmosfera do lugar era excitante, não podia negar, a decoração era rústica, tudo que ornamentava o lugar era feito de madeira, a iluminação era em tons de azul e vermelho e dava um arde maldade ao local, e ao centro a pista de dança iluminada por luzes coloridas que piscavam sem parar. Haviam pessoas espalhadas por todos os cantos. Subimos as escadas em direção ao camarote, a parte mais alta da boate onde ficava o Dj, proporcionando visão total da pista e do bar. Eu amei! Nem parecia que a poucos minutos atrás eu estava implorando pela minha cama quentinha.

Aqueles OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora