|| Two ||

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O meu corpo estremeceu assim que os meus olhos tiveram contacto com a luz solar, que provinha dos cortinados mal fechados.
Aborrecida com o facto de não conseguir dormir mais em consequência da luz do sol,peguei no telemóvel para ver as horas. Este marcava 12:32.
"Estou a ver que acordaste mal humorada." Comentou a minha melhor amiga assim que entrou no quarto,batendo a porta atrás de si.

"Se tivesses fechado bem as cortinas, eu estaria maravilhosa." Revirei os olhos, empurrando os cobertores para o fundo da cama de solteiro.

"Passa-me as culpas, é isso." A loira,sentou-se na sua secretária e ligou o computador. "Mas e então,como correu ontem?"

Assim que a sua pergunta foi feita em voz alta, a minha mente começou a reproduzir imagens da noite passada,especialmente as que o rapaz mistério aparecia. Encolhi os ombros, omitindo a existência do ser com a tatuagem de uma rosa. "Depois que desapareceste,vomitei no jardim da casa e vim embora." Camille riu-se com a minha resposta,movendo o rato do computador. "E a ti? Oque andaste a fazer?"

O seu olhar moveu-se para mim,num misto de confusão e preocupação. "Eu não me lembro de nada. O jacob disse-me esta manhã que tinha estado com ele,mas para mim é tudo um completo borrão."
Jacob era o namorado da loira. O rapaz e a minha melhor amiga, eram completos opostos.
Camille era responsável,independente e estudiosa, enquanto Jacob não passava de um rapaz popular e mimado.
Era óbvio nos olhos de Camille que esta genuinamente o amava,mas quanto a Jacob, não era a mesma coisa. Aos meus olhos, a única razão pela qual este se encontrava numa relação com a minha melhor amiga era porque seria demasiado envergonhante ser tão popular e não ter ninguém a nível amoroso. Para além disso, Camille era invejosamente bonita. Esta era dona de cabelos loiros compridos, com olhos cor de mel e um sorriso brilhante. Qualquer pessoa que tivesse a coragem de lhe pôr os olhos em cima,morreria de desejo ou inveja.

"Confias nele?" Perguntei extremamente desconfiada. Jacob não era alguém de confiança,pelo menos aos meus olhos. Era mais fiel aos seus amigos que a si próprio.
Camille olhou-me de repente,chateada.

"Claro que sim,Rachel. Que pergunta ridícula."

"Se calhar não é assim tão ridícula."

Rachel rebolou os olhos,movendo o seu corpo novamente para a frente da sua secretária. "Não é por tu não gostares dele que ele vai começar a ser a pior pessoa do mundo."

Levantei o meu corpo,apoiando-o nas minhas pernas ainda adormecidas. "Mas ele não é de confiança,Cam."

"Podes de uma vez por todas,aceitar que eu gosto dele como ele é. Eu conheço-o. Ele nunca faria nada que me magoasse."

"Ok,como queiras." Peguei nos lençóis,organizando a minha cama desarrumada.
Ouvi o som de chamada do meu telemóvel. Achei estranho pois não havia muita gente com o interesse de me contactar. Assim que li a tela do aparelho,pensei que já deveria estar à espera.

-Estou?

-Boa tarde. Fala da clínica de ajuda a pessoas toxico dependentes. Se não me engano,estou a falar com Rachel Green,filha de David Green. Está correto?

-Sim. Correto. Esse é o meu pai. A que se deve esta chamada?

-O seu pai foi encaminhado para o hospital. Arranjou bebida alcoólica de uma forma totalmente desconhecida e agrediu dois pacientes, acabando por ficar inconsciente.

O meu coração apertou. O meu pai nunca tivera aceitado a sua estadia na clínica,mas era tudo oque eu podia fazer para o ajudar. Desde a morte da minha mãe que começou a beber mais do que poderia. Com o tempo foi se tornando violento e atualmente,não levava nada a sério. Teimava em rejeitar a sua morte.

-Em que hospital o poderei encontrar?

A mulher indicou-me as cordenadas,desligando nos segundos a seguir.
A loira reparou na minha urgência para sair de casa,perguntando-me oque se estaria a passar. Contei-lhe o sucedido,fazendo com que me abraçasse num gesto de apoio.

"Eu levo-te lá." Afirmou,pegando nas chaves do seu carro.
Saímos do quarto ao qual tratavamos como casa, descenço as escadas do edifício.
Corremos até ao carro cinzento de Camille. Sentei-me no lugar de passageiro, enquanto esta conduzia.

"Vai ficar tudo bem,Rachel. O teu pai é um homem forte." Colocou a sua mão no meu ombro, acariciando-o.

"Ambas sabemos que ele não passa de um bebado. Toda a força que tem serve apenas para levantar a garrafa e a levar à boca." Respondi com as lágrimas nos olhos. Camille era a única pessoa com quem eu conseguia desabafar e mostrar emoções.Normalmente, se o fizesse com alguém para além dela,sentiria-me fraca e insegura. "E porra,Cam. O meu irmão nem quer saber. Desde que se foi embora,nunca mais deu satisfações a ninguém. Já não o vejo ha 11 meses." Dei ênfase no "11 meses" para que ela entendesse que realmente era demasiado tempo.

"O teu irmão é ridículo. Juro que não consigo entender como é que ele foi capaz de te deixar a tratar de tudo sozinha." Voltou a pôr a mão no volante,conduzindo o mais rápido que podia.

"Eu sei porque é que ele se foi e,sinceramente,tudo oque eu queria era fazer o mesmo. Mas sabes porque não o fiz? Porque não sou a merda de uma egoísta como ele." Apoiei o cotovelo na janela do carro,pousando a mão na cabeça e suspirando. "Se a minha mãe ainda fosse viva, iria ter tanta vergonha dele."

"Ele um dia vai voltar. Vais ver."

Olhei a loira fixamente e disse: "Eu não quero que ele volte. Não seria capaz de o perdoar."

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⏰ Última atualização: Sep 14, 2018 ⏰

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