Capítulo 1

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— Amor, acorda! — Cutuquei Júlia em seu rosto com a ponta de meus dedos.

— Deixa eu dormir mais! — Ela murmurou, e virou para o lado da parede.

Eu estava sentado na beirada da cama dela. Sua mãe estava na porta de seu quarto de braços cruzados e sorrindo de canto. Ela saiu da porta, e eu me deitei ao lado de Júlia. "Agora posso deitar" pensei.

— Tá doido?! — Ela me empurrou. — Se minha mãe entrar no quarto ela me mata! E mata você junto!

— Pensei que você estava dormindo, doida! — Sorri, ao segurar a almofada que ela tacou em mim.

— Eu estou acordadíssima! — Ela sorriu e se levantou também.

— Tá na hora de você se despedir dessa cama. — Falei, e ela ficou em silêncio.

— É... — Ela voltou a se sentar. — Durmo nesse quarto desde que eu era criança. Vai ser difícil me desapegar disso tudo!

— Eu te amo, tá? — Puxei-a pela mão e lhe dei um selinho.

— Eu também te amo. — Ela pôs as mãos em meus cabelos loiros.

Júlia já havia arrumado suas malas. Eram três malas pretas enormes. Sua mãe lhe deu um beijo na testa quando ela saiu para fora do apartamento.

— Vou morrer de saudades, filha! Volta logo!

— Te amo, mãe! — Júlia deu-lhe um abraço. — Até mais!

Me despedi de minha sogra, e acompanhei Júlia até o elevador.

— O Uber já está chegando? — Ela perguntou.

— Aqui diz que em 5 minutos ele chegará. — Falei, guardando o celular no bolso.

Descemos e esperamos na portaria do prédio. Logo em seguida, o Uber chegou.

Entramos no carro e Júlia parecia apreensiva. Suas mãos gelavam e suavam frio. Peguei em sua mão para ver se ela se acalmava, então ela me deu um selinho e abriu um sorriso bobo.

— Vai dar tudo certo! Vou estar lá com você, ajudando-lhe com a adaptação!

— Eu sei. Eu te amo por isso.

Em 2 horas chegamos em Nova York. Desci do carro, e dei a volta para abrir a porta para Júlia. O motorista do Uber, cujo nome era Andrew, abriu o porta malas para que eu pudesse pegar as bagagens.

— Deixa que eu seguro essa! — Ela puxou sua mala de rodinhas da minha mão.

— Tá pesada, deixa que eu levo! — Tentei puxar a mala de volta, mas ela não deixou.

— Já estamos praticamente dentro do aeroporto. Não precisa me ajudar, amor! Eu levo! — Ela sorriu.

Entramos no aeroporto, porém não iríamos pegar nenhum avião. Só marcamos esse ponto de encontro com Maurício, amigo de infância de Júlia. Ele iria ceder sua casa para Júlia poder ficar enquanto estivesse na faculdade. E claro, para eu poder ficar quando fosse visitar Júlia.

Aguardamos a chegada de Maurício por uns 10 minutos e então, quando ele apareceu, Júlia deixou as malas no chão e saiu correndo para abraçá-lo.

Fiquei com ciúmes. Tá... tá... eu sei que eles são amigos de infância e como ela mesma já havia dito, não existe maldade entre os dois. E nunca existiu.

Julia veio andando em direção à mim, abraçada com Maurício.

Maurício estendeu a mão para que eu pudesse apertar.

— Oi, prazer em conhecer! — Ele abriu um sorriso.

— Oi! — Sorri de canto. — Sou namorado da Júlia.

— Eu sei. — Ele olhou para ela. — Ela me fala muito de ti.

— Fala, é? — Olhei para Júlia, mas ela estava vidrada olhando para Maurício.

— Ah! — Ela exclamou. — Você está tão bonito, amigo! Tá forte... — Ela apertou o braço esquerdo dele. — Tá malhando?

— Estou sim! Treino pesado todos os dias! — Ele sorriu enquanto olhava nos olhos dela.

Revirei os olhos, mas acho que Júlia percebeu.

— Você também é lindo, amor. — Ela segurou minha mão de leve, e logo em seguida soltou.

Fomos andando em direção ao carro de Maurício. E óbvio que Júlia estava agarrada nele. Só não iria ficar agarrada nele dentro do carro, pois ele iria dirigir. Eu já estava puto, porém mantive minha postura.

Abri a porta do banco de trás e me sentei. Júlia pediu para que eu chegasse para o lado e se sentou ao meu lado.

— Ué, você não vai com ele no banco do carona? — Perguntei.

— Não! Eu sei que você tá com ciúmes. — Ela sorriu de canto. — Não quer minha companhia aqui atrás?

— Claro que quero! — Dei um beijo em sua bochecha.

Chegamos à casa de Maurício. Durante o caminho inteiro, ele e Júlia só conversaram sobre a infância e sobre quando eles estudavam juntos. E eu? Mas é óbvio que eu fiquei o tempo inteiro em silêncio.

Entramos no apartamento. Era amplo e iluminado. Tinha janelas enormes e um lustre luxuoso no meio da sala.

— Sobe as escadas. — Maurício conduziu Júlia até a ponta da escada.  — O quarto de vocês é o primeiro do corredor.

— Vamos, amor! — Júlia me puxou pela mão.

Subimos as escadas com luz de led branca que havia no apartamento de Maurício. Tudo lá era luxuoso demais.

Entramos no nosso quarto e Júlia se jogou na cama, soltando um grito de felicidade.

— Ah! — Ela balançou as pernas para o alto. — Não acredito que finalmente estou morando em Nova York!

— Aqui é bem legal. — Falei em um tom sério, e me sentei na beirada da cama.

Ela se sentou do meu lado. — O que foi? Era para você está feliz junto comigo.

— Eu estou feliz por você. Mas não quero ir embora pra Los Angeles novamente.

— Você tá com ciúme do Maurício? — Ela perguntou, olhando em meus olhos.

— Não... — Revirei os olhos. — Sei que vocês são como irmãos. É loucura da minha cabeça cogitar a possibilidade de vocês terem algo. — Falei em um tom de deboche, e ela revidou rapidamente.

— Exatamente! — Seu tom estava alterado. — Não cogite esta possibilidade. — Ela se levantou da cama.

— Aonde você vai? — Falei, deitando-me.

— Vou descer e buscar as malas. Já volto.

— Tá... — Bufei.

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