Noivo Cadáver

● Capítulo Único ●

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* One inspirada / adaptada de uma música, recomendo ouvi-la antes de ler (música da mídia);

* Final aberto ou não, feliz ou triste. Basta apenas da interpretação de cada um;

* Yaoi.

Boa leitura ^^

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- Eu te abraço, como se você estivesse vivo!-.

A voz grossa do moreno ecoou pela sala, timbre morto e falhado, tom desafinado. Passos desengonçados faziam-no ora ou outra tropeçar em qualquer canto e rir de si mesmo, apertando mais forte o corpo do companheiro sobre o próprio peito.

Este que permanecia em silêncio, o fitando com um olhar vazio e um sorriso sujo.

A única coisa que iluminava o casal de amantes era a luz da lua. Ah sim, a lua. Ela já havia presenciado e banhado várias e várias demonstrações de amor do casal, sempre os acompanhava como se fosse uma mãe orgulhosa de ver seus filhos crescendo e aprendendo de tudo.

Junto com ela, vinha o vento frio que adorava 'dar as caras' e envolver os corpos dos presentes, causando oportunidades para mais contato entre os dois apaixonados, estes, que davam desculpas como "Vou lhe aquecer" e semelhantes.

- Eu danço com seu corpo nessa noite sempre fria.- Continuou a canção. A melodia passava somente por sua mente, ritmo lhe pertencia.- Vamos escutar um Tom Jobim! Cantando junto com Elis-. E então, riu.

Riu amargamente olhando no rosto angelical do loiro entre seus braços que apenas sorria o olhando, vez ou outra a cabeça virava de direção, mas mesmo assim mantinham o contato visual.

- Enquanto você olha pra mim, a lua vem assistir, nós dois... Nós dois...-.

As testas se encontram e o moreno tropeçou mais uma vez no tapete marrom, quase caindo deitado no sofá. Sem perder a oportunidade, o fez. O corpo de seu pequeno anjo repousava por cima de si, enquanto o mais velho afagava os fios loiros e igualmente sujos. Ah, como aquilo era bom.

O outro permanecia estático com seu sorriso sujo e vermelho.

- Dançando sem parar, sem se preocupar! A lua tão brilhosa que reflete a nebulosa no seu olhar... E seu olhar, tão fixado nos meus olhos e meus olhos não param de admirar... Admirar...-.

Mais uma vez admirou aquele belo par de safiras azuis gélidas e perdeu-se naquela beleza divina. Aquele pequeno ser só poderia ser um anjo sem asas! Bom, para o de olhos carvão, ele era sim. Ele era tão puro e o mundo tão podre. O moreno faria o possível e o impossível para salva-lo da ganância humana.

Faria literalmente qualquer coisa para liberta-lo, para devolvê-lo ao céu.

- Que mesmo estando morto sua beleza continua aqui, no mesmo lugar-.

Gritos foram ouvidos do lado de fora da casa, sirenes de viaturas militares e cães policiais. Eles estavam cercados, não tinham para onde correr mais. As autoridades tentavam negociar do lado de fora, mas a resposta era sempre a mesma:

- Todo mundo procurando meu menino, minha casa rodeada de polícia- A mesma frase fora repetida quatro vezes antes da porta ser arrombada, os homens fardados e armados entrarem, os cães latiram para o casal.

O mais baixo continuava sorrindo com os lábios sujos de sangue, assim como toda a roupa de ambos.

Num ato brusco, os corpos foram separados, o loiro foi posto dentro de um saco feito especialmente para essas ocasiões e o moreno caiu de joelhos derrotado.

- O meu menino é um anjo!- Gritou repentinamente, ainda continuando com a canção, chamando toda a atenção para si, os animais calaram-se- Só fiz questão de devolver pro céu!- Seguiu-se de uma risada.

"Por que fez isso? Responda!" Um dos oficiais indagou lhe apontando a arma carregada.

- Pra tentar livrar desse mundo sujo, imundo. Pra tentar livrar desse mundo tão cruel- Sorriu sem perder o ritmo falhado.

"Para de brincadeiras" Foi o que gritaram de volta.

- O meu menino é um anjo, só fiz questão de devolver pro céu, pra tentar livrar desse mundo sujo, imundo. Pra tentar livrar desse mundo tão cruel- Repetiu.

O som de um tiro foi ouvido. Um corpo foi ao chão. Duas almas foram libertas e o assassino finalmente pôde encontrar seu querido noivo.