Jane.

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Manoela POV.

– Quanto tempo, tia Jane. – Falei retribuindo o abraço. Meu cu simplesmente estava trancado, como que a Giovanna tem coragem de fazer uma dessas? – Giovanna não me avisou que você viria hoje. – Nos separamos.

– E ela não me disse que vocês tinham se entendido. – Disse me olhando nos olhos, como se quisesse me ler por completo.

– Não disse? – Desviei nossos olhos pra olhar pra Giovanna.

– Surpresa. – Falou rindo e abraçando a mãe de novo – Como foi a viagem?

– Tranquila, como sempre é. – Sorriu pra Giovanna e depois olhou pra mim – Então, quem vai ser a primeira a me dizer o que é isso aqui?

– Giovanna, porque eu tenho que ir, já está na minha hora. – Me despedi da Jane e dei um beijo na bochecha de Giovanna – A gente se vê depois.

Não esperei ela dizer nada, sai pela porta e andei o mais depressa que pude pro carro. Talvez eu tenha agido como uma idiota mas, eu acho que ela deveria ter me avisado. Eu fiquei 5 anos foras e definitivamente esse não era o jeito que eu queria reencontra-la. Giovanna pode dizer que não, mas eu sei que a Jane ficou irritada comigo, afinal, eu quebrei o coração da sua filha. Por isso, esse não era o melhor jeito.

Giovanna POV.

Manoela saiu praticamente correndo daqui, me deu um beijo no rosto e mais nada. Permaneci estática olhando a porta se fechando, virei meu rosto e encontrei o olhar da minha mãe.

– O que foi isso aqui? – Perguntou indo em direção ao sofá e se sentando.

– Você encontrando a Manoela? – Perguntei fazendo o mesmo.

– Depois de cinco anos você acha que é assim que se deve reencontrar alguém? – Perguntou séria – Ela ficou incomodada, e eu também. Não porque eu não goste dela ou vice e versa, mas porque você não avisou.

– Mas... – Me interrompeu.

– Nenhuma de nós duas estávamos preparadas e outra, você sabe o poço de vergonha que ela é.

– Eu agi bem mal, né? – Perguntei me afundando no sofá.

– Eu sei que não foi a sua intenção. – Me puxou pro seu colo.

Fiquei deitada no colo da minha mãe longos minutos, ouvindo ela falar sobre as coisas em São Paulo. Contei sobre Manoela, sobre como nossa última conversa me fez perceber que eu estava agindo errado e contei sobre quando nos entendemos. Tinha se passado mais de uma hora do acontecido, minha mãe foi tomar seu banho e eu fiquei na sala. Peguei meu celular e liguei pra Manu, estava devendo um pedido de desculpas.

Ligação ON.

– Gi?

– Oi, Manu, você tá ocupada?

– Não, aconteceu alguma coisa?

– Não, é só que... – Respirei fundo – Me desculpa por hoje mais cedo, por não ter te avisado que minha mãe estava aqui e por não ter falado pra minha mãe que a gente tinha se acertado. Eu não quero que você fique irritada comigo e eu sei que você está. Me desculpa, por favor. – Estava me segurando pra não chorar.

– Hey, Gi? – Me chamou e eu apenas murmurei um oi – Eu não estou irritada e você não precisa se desculpar por isso, tá bem?

– Você praticamente saiu correndo daqui, achei que estivesse.

– Eu fiquei chateada e com vergonha. – Falou suspirando em seguida – Não era daquele jeito que eu queria ver a sua mãe, mas agora tá tudo bem.

– Tá tudo bem mesmo? – Perguntei ainda com receio. Quando Manoela não quer dizer uma coisa, não adianta, ela não diz.

– Te juro que sim.

– A gente se vê amanhã, então?

– Com certeza. – Riu baixinho – Bem, já que a dona Jane sabe de nós duas e tudo mais, o que você acha da gente tomar um café da manhã juntas?

– Nós duas?

– Não, nós três.

– Meu plano inicial era dormir até meio dia, mas eu prefiro ver você. – Ri – Aqui ou a gente vai sair?

– O que você prefere?

– Aqui, a gente fica mais confortável e outra que, eu quero te puxar pro meu quarto antes.

– É? Vou chegar umas duas horas antes do café da manhã, então. – Suspirou pesado – Mas mudando de assunto, pro café da manhã o que você prefere?

– Eu prefiro ver você.

– Não, Gi, estou falando de comida. – Deu uma risada – Pães, bolos, cookies, café?

– Tudo isso, incluindo algumas frutinhas por que sou fitnes.

– Você fitnes?

– Claro que sim.

– Você come por dois, como que é fitnes?

– Você exagera, Manoela Aliperti.

– Eu sei, sou muito exagerada.

– Sim, você é.

– Jogada aos seus pés, exagerada. – Revirei os olhos rindo.

– Você é uma idiota. – Falei e ela concordou – As 9h?

– Estarei aí as 9h, Grigio.

– Você tem que estar aqui as 7h, ou alguns minutos antes, esqueceu que eu vou te roubar por duas horas?

– Espera, você estava falando sério?

– Claro que sim.

– Mas e a sua mãe?

– É por isso que existe quarto de hóspedes. – Ri.

– Safada.

– Você gosta. – Mordi o lábio – Enfim, até amanhã, Manoela.

– Até amanhã, Grigio.

Ligação OFF.

– Estava falando com a Manoela? – Minha mãe chegou por trás.

– Ai, que susto. – Falei com a mão no peito – Não faz isso, mãe.

– Não tenho culpa de você assustar com tanta facilidade assim. – Riu e se sentou de novo no sofá – Tava fazendo coisa errada?

– Mãe, eu não faço coisa errada. – Revirei os olhos – Eu estava falando com a Manu... Então, ela propôs da gente tomar café da manhã juntas amanhã.

– Vocês duas?

– Não, nós três.

– Não vou acordar antes das 10h. – Colocou a perna sobre as minhas – Sinto muito.

– Tudo bem, a gente toma o café da manhã quase na hora do almoço dona Jane.

Liguei a TV e deixei ela vendo o que quisesse, fui pro quarto de hóspedes e arrumei tudo da melhor forma pra minha mãe ficar. Fui tomar um banho sem pressa, aproveitando o momento e sentindo a água cair sobre meu corpo.

As coisas parecem estar indo bem e tudo parece estar se encaixando finalmente, espero que a vida não mude tudo isso.

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Oi, voltei e é isso.

A vida imita a arteOnde histórias criam vida. Descubra agora