Meu Deus. É hoje. Acordei - ou melhor, levantei da cama às 5:20, sorrindo. Nem tinha conseguido dormir essa noite. Toda vez que fechava meus olhos, eu sentia um frio na barriga que chegava até a incomodar, afinal É HOJE MINHA PRIMEIRA VIAGEM PARA FORA DO BRASIL!! Desde quando eu soube da existência de um lugar chamado Disney World, meu maior sonho era ir conhecer esse mini mundo perfeito e mágico. Meu pai conseguiu, pela empresa dele, um pacote de viagem, no qual dois funcionários com o maior rendimento do ano ganham passagens para os Estados Unidos, e geralmente levam a família. Ou seja, EU VOU! E ainda por cima, como comemoração dos meus quinze anos.
Nas duas últimas semanas a única coisa que eu consegui pensar sobre foi nessa viagem. Também em arrumar minha mala - eu sempre esqueço algo, mesmo depois de checar e rechecar tudo.
Então, depois de botar uma calça legging preta e um moletom preto com uma rosa do lado, fui verificar se estava tudo na minha mala. Pego minha listinha de coisas essenciais, checo se está tudo perfeito. Tudo aqui. Quando fui fechar a mala, pensei
- puta merda, ABSORVENTE.
Que lindo. Vou viajar com as cataratas do Niágara comigo. NAO VOU PODER ENTRAR EM PISCINAS - afinal, é julho e lá é verão. Maravilha.
Depois de me lamentar durante 10 minutos por ser mulher enquanto pego o resto das minhas coisas (celular, carregador, óculos etc), desço para a cozinha e encontro meus pais, tão felizes quanto eu, tomando café da manhã.
- Bom dia, flor do dia! - Os dois falam em coral.
- BOM DIA!
- Tudo certo?
- Já arrumei tudo, só falta comer.
- Paige já são 6 da manhã, acelera. - disse meu pai, voando pela cozinha.
- Okay, se apruma porque nosso vôo é às 7:30 e temos que chegar no aeroporto às 6:30. Corre menina - disse minha mãe, Talia, terminando o último gole de café, quase se afogando, com pressa.
--------------------- ☽ ☾ ---------------------
Chego no aeroporto, correndo com as bagagens. Tudo tava caindo por causa da correria - atrasados, como sempre. Por sorte já fizemos o check-in um dia antes e era só ir para o portão.
Santa Gertrude, a agitação era tanta que esqueci que eu ia de fato entrar em um avião e ficar lá por várias horas. Eu tenho pânico de avião.
Depois de uns dez minutos correndo para lá e para cá no aeroporto gigante, chegamos bem quando a moça anuncia “última chamada para o vôo com destino a São Paulo” - faria escala em São Paulo, Panamá e Orlando.
Entramos na fila da passagem econômica (a empresa não esbanjaria dinheiro a ponto de dar passagens da primeira classe). Apertei forte minha mochila e entrei com o pé direito no avião (uma superstição não faz mal a ninguém).
---------- ☽ ☾ ----------
- Senhores passageiros, o pouso foi
autorizado.
Credo? Dormi o vôo inteiro? Como assim?
Ok, me seguro firme e depois de uns 20 minutos pousamos.
Depois de pegar as bagagens (que por sorte eram todas de mão - estávamos planejando levar só umas poucas mudas de roupas e comprar um monte lá, se acharmos promoções), Eric, meu pai, pega as passagens pro Panamá e vê que o vôo era as 8:40 e já era 8:30. mEUDEUS QUANTA CORRERIA. E ainda por cima o aeroporto de São Paulo é maior ainda e o portão era um dos últimos. Embarcamos novamente na última chamada, graças a Deus.
Esse avião era mais espaçoso porque era internacional e tinha uma tvzinha. "ui que chique", penso comigo.
Então o piloto anuncia que vamos decolar e o vôo levará sete horas. Nossa estou super animada, vou passar sete horas dentro de um treco a milhares de metros do chão e que pode cair a qualquer moment- enfim, próxima parada: Panamá.
---------- ☽ ☾ ----------
- Senhores passageiros, o pouso foi autorizado
AMÉM. PANAMÁ, CÁ ESTOU EU.
Só resta mais um “senhores passageiros, o pouso foi autorizado” para chegar no destino final.
Graças a Deus, o próximo vôo era a trinta minutos e dava pra dar uma pausa, carregar o celular e dar uma andada para aliviar o jet leg que já dava pra sentir. Pegamos nossos pertences e fomos pra área de espera, que era muito chique por sinal.
No caminho das cadeiras, percebi que era difícil ver algum garoto feio. Para todo lado que olho tem um menino bonito, e bota bonito nisso. Deve ser coisa de outro país.
Estava passando o olho pelos rostos diferentes da multidão quando um me chama a atenção e eu arrisco ficar uns bons segundos encarando, torcendo pra não perceber. Meu Deus. Que rosto lindo. Cada detalhes é tão lindo. Aquela pele morena, o cabelo castanho, a boca rosada. "Credo, não vai começar a se apaixonar por estranhos em outro país. Chega Paige.", penso, me advertindo.
Acontece que eu fiquei muito tempo olhando, sem querer, e o garoto percebeu e ficou me olhando com uma cara que não sei dizer se era desgosto ou apenas dúvida - ser um meio termo entre bonita e feia é complicado. Nunca dá para saber se a pessoa te olha pensando "de qual zoológico ela saiu" ou se ele gostou da aparência que vê. Mas um dia eu ainda vou ter coragem de simplesmente ir falar com o menino ou dar a sorte de ver ele de novo. Sigo andando e esqueço que isso aconteceu.
Do nada ouço meu pai:
- Olha ele lá! O outro funcionário que vai com a gente!
Nossa, tinha esquecido dessa parte. Será que ele é legal? Será que tem filhos? Filha, filho? Será que é da minha idade? Mais velho, talvez? Nem tinha pensando sobre essas coisas.
- Filha, vem cumprimentar meu colega de trabalho e a família dele. Então, esse é o Tim, meu colega que vai acompanhar a gente. Essa é a Carrie, esposa. E esse é o filho, Jonah.
Congelo completamente ao ver aquele rosto de novo. Era ele. O menino que encarei por muito tempo sem querer. Alguém me enfia num buraco. O que falo? “oi, prazer. Sou a menina que te encarou igual uma psicopata porque te achou lindo. Me beija?”. Socorro, primeira vergonha da viagem e nem cheguei no destino final.
Vou admitir que queria que fosse um filho, nunca se sabe o que pode acontecer em uma viagem. Talvez tenha sorte por ser ele (se eu não passar mais vergonha).
Me controlo e tento parecer uma pessoa normal:
- Oi, prazer. Sou Paige. Paige Goldbach. - digo, enquanto cumprimento todos com um abraço.
- Olá, muito prazer. - fala Tom, muito calmo.
Depois de abraçar Jonah, fico sem graça e fico colada ao lado do meu pai. Papo vai, papo vem entre meus pais e os pais de Jonah enquanto nós dois ficamos apenas em silêncio. Por que que eu sou assim? Poderia ir lá e perguntar a idade dele ou de onde ele é mas não. Sou muito tímida. Ou, talvez, seja até bom que eu não fale nada, assim não arrisco passar duas vergonhas na mesma hora.
Passados uns vinte minutos, nosso vôo é anunciado e todos pegamos nossas malas e fomos para a fila. Como não sentariamos perto um dos outros nos despedimos e Jonah me dá um sorriso e eu devolvo, meio sem jeito. Até o sorriso da peste é bonito. “Para Paige, sem ficar pensando nele. Chega.” penso comigo.
Embarco no avião, com o pé direito novamente.
Orlando, estou a caminho
----------- ☽ ☾ -----------
n/a
PEOPLE MEUDEUS SERIO TO MT ANIMADA
Minha primeira fanfic, ent pfv n desistam de mim (ainda pq tem mt coisa vindo).
Sobre a aparência da Paige, prefiro deixar sem referência. Acho melhor cada um imaginar da maneira que quiser.
Eh isto, beijos de luz
VOCÊ ESTÁ LENDO
And We Meet Again
Fanfiction☽ Em uma viagem em família, o que você menos espera é encontrar uma grande amizade que talvez venha a ser algo maior. Um reencontro inesperado pode acabar virando a vida de Paige ao avesso. ☾