Capítulo 7 - Estamos Fugindo

91 21 290
                                    



O desespero de Norton tomou conta de todo seu corpo. Estava com medo de morrer pela aquela loucura que aquela manhã, em pouco tempo, se tornou. As lágrimas já secavam, enquanto ele encarava o painel da camionete. Já havia tateado várias vezes tudo que era material ao seu redor para sentir se aquilo era real.

As paletas do para-brisa que iam de um lado para o outro, tentavam em vão limpar a sujeira da poeira dos escombros ao seu redor.

Yallow era o único pensamento dele naquela hora.

O estremecer do carro era seu gás para retornar para sua filha. O beco era curto, cortava apenas aquela rua com a rua vizinha onde Norton poderia seguir para seu bairro. Precisava muito acreditar que a Bianca estivesse olhando sua filha, a escondido.

A saída do beco foi fácil. Deu de cara a uma rua repleta de pessoas carregando caixas, transportando parentes, trouxas de roupas. Seguiu para o meio da rua, por onde foi entrando pelas ruas mais calmas que enxergava.

Norton contornou pelos espaços que sobravam entre elas e ia desviando dos veículos que começavam a se aglomerar. Foi ali que ele pode ter clareza do que estaria por vir: Pessoas deixando suas casas, buscariam as interestaduais, buscando sair da cidade. Não demoraria para que as saídas da cidade fossem congestionadas. Se formaria em um inferno. Seria assim que os seres humanos agiriam.

A volta que deu pelos bairros foi longa, mas conseguiu contornar e entrar em seu bairro.

As pessoas estavam ficando cada vez mais nervosas, desesperadas. Resultado disso era pequenas explosões que alguma das casas sofriam que Norton percebia ao passar.

Dobrou a esquina e avistou sua residência. A situação ali não estava diferente. Os carros dos vizinhos na beirada das calçadas, eles também estavam fugindo. A feição nos rostos deles não era diferente do que Norton apresentava, apenas corriam e pegavam tudo que podia carregar e jogavam no porta-malas e algumas peças nos bancos de trás.

Freou a camionete atravessada em frente a sua casa, desceu e correu para porta de entrada.

- Yallow? Yallow!

Norton tentaria empurrar a porta, porém esta estava encostada. Escancarou-a em busca da filha. No primeiro cômodo que olhou, no caso a cozinha, pode enxergar Yallow encolhida de baixo da mesa.

- Filha! - enalteceu Norton.

A pequena dos cabelos cacheados e negros, o olhou e correu para abraçá-lo.

- Oh minha filha – soltou Norton enquanto abraçava sua filha – pensei que aquilo estivesse chegado aqui e acontecido o pior. Suspirou – Você o viu?

A pequena Yallow assentiu.

- Por ali – apontou ela aos céus que a janela da cozinha disponibilizada.

Norton engoliu a seco.

- ... É... Eles virão, é só questão de tempo... – pensou Norton, enquanto olhava para os céus e só o que via era um céu azulado e pássaros cortando os ares com seus piados agudos – Vem Yallow.

Pegou sua filha nos braços e a levou para a camionete, abriu a porta do passageiro e a colocou.

- Yallow querida, preciso que espere aqui, o papai vai pegar algumas coisas dentro da casa, e já volta para a gente fazer uma nova viagem está bom?

Mas Yallow não se contentou, precisava perguntar. Mesmo que não soubesse o que argumentar, queria saciar sua curiosidade, ainda mais depois de ter visto aquilo, maior que prédios, passar por seus olhos.

Entre Nós (Revisando)Onde histórias criam vida. Descubra agora