Para o meu amor no universo, Min Yoongi.

Você é o universo em expansão.

Os cigarros Lucky Strike, seus favoritos, deviam te levar para outra dimensão. Você fechava os olhos e soltava a fumaça tão lentamente que acredito que gostava de mantê-la na boca mais tempo do que a mim. Os bombons com licor de menta te anestesiavam, eram como um foguete levando para o vácuo seu cansaço físico e mental. Pelo menos enquanto o gosto forte durava nas papilas gustativas.

Acredito na teoria em que somos poeira cósmica, interestelar. Restos de asteroides que se desintegraram após danos e pancadas, e no final ficam no chão.

Mas você era um corpo celeste, que tinha brilho próprio e emanava energia e calor, me iluminando com esse sorriso que seria capaz de acabar com guerras e promover a paz mundial. Bastava chegar em um lugar, que o silêncio permanecia como no espaço. Todos iam para o espaço, presos na própria imaginação de te ter por um momento.

Min Yoongi, você é como um buraco negro. Suga tudo e todos a sua volta, e a partir do momento em que te tocam, jamais essa pessoa escapa de você. Ninguém simplesmente quer ir embora também.

Suas mãos passeavam pelas minhas costas, cintura, clavícula, pescoço e rosto, fazendo carinho em movimentos circulares.

Arrisco dizer que é o padrão de energia do universo que se manifesta em espirais.

Quando você me pediu em namoro com os anéis de Saturno naquele campo de Crisântemo, a energia liberada foi suficiente para a criação de uma supernova. Jogando para longe as convicções das pessoas que diziam que eu sairia machucada.

Quando estávamos a sós no meu quarto de hotel, nos perdíamos na malha do espaço tempo. Completamente esquecidos de qual dimensão estávamos, tamanha era a atração dos nossos corpos, colidindo um com o outro.

Mas de repente, a gravidade me colocou no chão de novo, e eu parei de orbitar a sua volta. Dispenquei em queda livre, atravessando a atmosfera como um meteorito, sem rota calculada de onde iria parar, apenas desci. E quando eu bati no solo, as pessoas vieram me ver, perguntando o que aconteceu e como eu fui parar ali, daquele jeito. Eu não soube responder, mas muitos repetiam "eu sabia que isso ia acontecer."

Sim. Aconteceu. Eu fui uma das inúmeras rochas que se desprenderam do cinturão de asteroides e tomaram caminho próprio. As outras um dia também iriam embora, deixando ele. E mesmo sozinho, ele iria continuar brilhando, pelos próximos bilhões de anos, até que o universo resolvesse que chegou sua hora. Enquanto isso, aqui da minha casa, eu olho pro céu a noite e fico presa no passado, olhando seu brilho no manto azul escuro, infinitamente misterioso, igual a você.

Com amor, Beatriz.