She Keeps Me Warm - One Shot

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Lauren's P.O.V.

Olhando para ela agora, me lembro do quão curioso é o fato dela ser muito mais acolhedora e segura do que a minha própria casa já foi.

Nossa história tão clichê, digna de filmes hollywoodianos dos anos 90 começou com trocas de olhares na livraria da esquina do meu apartamento. Logo, com um pouco de coragem de ambas as partes, evoluiu para uma tarde no café Baked In Colors comendo cookies, tomando o café mais amargo de todos e conversando sobre Mary Lambert, Hora de Aventura e Ponte para Terabítia.

Até que ela me convidou para ir ao cinema. Vimos um filme tão entediante que nem lembro o nome. Provavelmente o escolheu com segundas intenções. Foi engraçada a forma como ela sorrateiramente foi arrastando a mão pelo braço do assento para pegar na minha. Mas se não fosse por isso, talvez eu não tivesse buscado dentro de mim a ousadia de realizar na frente da porta do meu prédio aquele ato tão simples, mas que fez minhas mãos tremerem e despertar mil borboletas no meu estômago. Seus lábios eram macios e tinham gosto de cereja com mais alguma outra fruta vermelha. Uma deliciosa combinação de gostos e sensações.

- Seus pensamentos estão mais interessantes do que o episódio final de sua série preferida? - A voz rouca e levemente cansada de Camila me tirou do meu momento de flashbacks. Lembrando-me de que não estava sozinha.

- Não era nada demais, estava recordando do dia qualquer em que minha namorada entrou em minha vida. - Disse em tom de deboche para ver a reação da minha pequena.

- Então do seu ponto de vista, o dia em que ocorreu aquela doce coincidência, é considerado um "dia qualquer"? - Perguntou fazendo aspas com seus dedos e usando um tom frio e ameaçador. Eu apenas segurava a minha risada achando a cena engraçada e fofa.

- Só estava brincando. - Falei rindo enquanto colocava a mecha que caia em seus olhos castanhos para trás de sua orelha. - Mas não deixa de ser verdade, estava pensando em como chegamos até esse momento neste sofá laranja horrível e enroladas num cobertor vermelho depois de dois anos.

- Não fale assim do seu sofá! Ele pode ser velho, mas carrega várias memórias. - Pude sentir o leve tom de malícia em sua voz. Realmente, esse sofá já foi testemunha de muitas coisas, desde brigas até reconciliações amorosas e agressivas.

- Mas, o que pensa do percurso até agora? - Perguntou se deitando e me puxando gentilmente para me deitar no seu peito. Inalei o cheiro doce de xampu de côco impregnado em seus cabelos.

- Sinceramente, foi uma das melhores coisas que já me aconteceram. Como você diz, foi uma doce coincidência. Inesperada e não tive tempo para me preparar ou saber o que fazer. E mesmo chegando numa época complicada da minha vida, você ficou e me apoiou. Sem a sua ajuda Camz, eu teria perdido a cabeça e no impulso cortado relações com meus pais. Estava tudo tão bagunçado e insuportável. Eles não paravam de brigar e quando Taylor aparecia no meu quarto depois da meia-noite perguntando o porquê de papa e mama estarem gritando. Eu achava que iria desmoronar, mas não podia fazer isso, não na frente dela. - Disse num tom mais baixo lembrando da época.

- Eu sei que foi difícil ter que aguentar tudo isso de uma vez. O pior era te ver achando que a culpa era sua. Eu sempre vou repetir isso: se não fosse por ti, ninguém mais estaria se falando e a sua família teria sido desmanchada. Você foi tão boa e corajosa saindo de casa e se oferecendo para cuidar da Taylor, e aos poucos voltando a se verem nos jantares de família. - Falou afagando meus cabelos, me fazendo ficar mole igual gelatina.

- Hoje eu vejo com clareza que eu realmente não tenho a ver na separação deles. Chega a ser ridículo eu já ter pensado nessa possibilidade. Mas mamãe sempre me contou tudo. No fundo ainda desejo saber o motivo. - Divaguei pensativa enquanto olhava o episódio de Hora de Aventura, já nem tendo mais noção do que acontecia.

- Lolo, existem milhões de possibilidades para eles terem se separado e mais outro milhão de possíveis motivos para a tia Clara não te contar. - Falou da forma mais suave possível, mas me deixou com mais dúvidas e teorias já se formavam em minha mente. Percebendo isso, Camila continuou. - Ei, saiba que cumpriu com seu papel de irmã mais velha, filha e ainda conseguiu na mesma época me seduzir com cara de sono usando calça jeans rasgada e uma camiseta da The 1975. - Ri do seu comentário levantando meu rosto para analisar sua face. Era em momentos como esse, banais e simples que eu me apaixonava por ela pela milionésima vez.

Com a falta de luz no ambiente, seus olhos estavam mais escuros do que o normal. O tom castanho, comum de se ver por aí, nela era tão marcante e único. Eram escuros como a noite em algumas partes e em outras mais claras, dando o contraste entre a escuridão com o pôr-do-sol num dia de verão. Os cílios pretos e longos se aliavam com as sobrancelhas tão bem desenhadas, dando um ar sensual e misterioso.

Acho engraçado o fato dela não gostar do próprio nariz, o formato era delicado, bem esculpido e não era fino igual o que muitas buscam como "ideal".

O formato do rosto também desenhado com perfeição. Tio Ale sempre seria considerado por mim o Michelângelo contemporâneo.

A pele suave e macia, com as bochechas levemente rosadas. Em alguns pontos podia ver as pintinhas tão bem posicionadas. A perto da testa, na divisão do cabelo, era a mais fofa.

Abaixei meu olhar para encarar minha perdição: seus lábios. Carnudos, macios e convidativos. Quando ela sorria, apareciam aquelas covinhas em suas bochechas. Sem contar nas coisas que essa boca po...

- Como está o clima em Marte? - Perguntou rindo, me tirando do processo de admirar minha madona.

- Não sei. Estava apenas observando os traços latinos da garota mais atraente do mundo. - Disse provocando-a para ver suas bochechas corarem. A vitória é minha!

- Acho que isso é impossível, já que a dona desse título é a minha namorada. A dona do Planeta Olhos Verdes, Lauren Jauregui. - Disse me desarmando e deixando um beijo terno em minha testa.

- Okay, você venceu dessa vez. - Admiti sem humor algum.

- Lauren, nesse jogo eu sempre venço. Você apenas vive nesse ciclo infinito de negação para não ferir o seu ego.

Arqueei a sobrancelha não acreditando no que tinha ouvido. Então me ergui até ficar na altura do seu rosto e deixar um beijo demorado em seus lábios. No começo, senti sua risada nasal contra meu rosto, mas em seguida ela correspondeu, passando sua mão delicadamente pelo meu pescoço. Em resposta mordi seu lábio inferior e posicionei cada perna ao lado de seus quadris, me afastando para observar sua reação.

- Para compensar sua negação constante, devo admitir o seu talento de ganhar uma discussão usando poucas palavras. - Falou com um sorriso de canto para então bocejar cansada.

- Vamos acabar com nosso debate e ir dormir? - Sugeri saindo de cima de seu corpo com cuidado e sentando novamente no sofá.

- Boa ideia. - Respondeu nos enrolando no cobertor e caminhando abraçada comigo até nossa cama.

Com Camila deitada do meu lado, nos cobri e me aproximei do seu corpo. A pequena em resposta se aconchegou no meu peito, permitindo que eu sentisse novamente seus cabelos perfumados.

Naquela posição, adormeci com minha namorada me mantendo aquecida.

Eu podia não ter certeza das coisas que aconteceriam no futuro, mas pelas lembranças sei que aguentaríamos tudo isso juntas. Com ela debochando de mim e me confortando, seja depois de um dia frustrante ou de conquistas, sentindo seu amor e o calor do seu corpo.

Fim

She Keeps Me WarmOnde histórias criam vida. Descubra agora