Não é justo.

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Não é justo.

A frase martelava na mente de Jeongguk a cada passo que se aproximava da pequena livraria de esquina que havia conhecido alguns meses antes. Tinha tentado aguentar um mês sem deixar que seus pés apressados fossem na direção conhecida. Claro que em vão.

O corpo tremia e o coração acelerou assim que decidiu seguir sua vontade de encontrar Taehyung mais uma vez.

Suspirou, parando de súbito ao ver o sinal se fechar para os pedestres.

Pessoas se juntaram a ele devido o horário de pico, sequer notando quão agitado ele se encontrava no momento. Seus pés se recusavam a parar por sequer um segundo, gerando vibrações que subiam por suas pernas grossas e denunciavam sua ansiedade. Jogou o corpo em direção a rua assim que o homenzinho verde se mostrou para ele. Tentou não esbarrar em ninguém, pois sequer perceberia se algum corpo colidisse com o seu.

Não gostava de quão dependente e submisso era por Taehyung. Apenas a possibilidade de um encontro o deixava em transe e era obrigado a correr até ele - mesmo depois de dizer que jamais se veriam outra vez.

Não é justo.

Em dez minutos chegou ao seu destino, estava soado e ofegante, mesmo assim não parou e adentrou o lugar amplo e tão organizado quanto se lembrava.

Hoseok o cumprimentou com um sorriso ladino, maneando positivamente a cabeça.

Taehyung esta em seu apartamento no segundo andar.

Era o que aquele simples gesto queria dizer, e é o que importava para ele.

Acenou, um pouco constrangido pelo que Hoseok sabia a seu respeito. Não era difícil chegar a uma conclusão se sempre aparecia naquele mesmo estado e poucas horas mais tarde saía envergonhado sem se despedir ou olhar para alguém. Além de nunca maneirar no barulho que faziam no segundo andar.

Andou a passos lentos e apreensivos, indo pelo corredor de ficção americana, apenas para tocar nas estantes do lugar onde o viu pela primeira vez.

Entrou naquele dia para comprar um presente para Jimin, em comemoração ao primeiro encontro - algo que o noivo havia inventado e o informado com o sorriso adorável que derretia seu coração.

Assim que adentrou o estabelecimento, se sentiu confortável. Era arrumado, bem decorado e tão limpo que poderia facilmente se sentar no chão para ler. As placas no teto também facilitavam o autoatendimento e as prateleiras estavam organizadas por gênero.

Para alguém que prezava tanto a ordem, o local era o paraíso.

Suspirou e foi atrás de algum romance, afrouxando a gravata para a difícil tarefa de escolher algo que agradasse o baixinho bonito que veria em poucas horas.

Assim que pisou no corredor, o viu. Taehyung estava lá, como a obra de arte bonita que era.

Não era alguém de se impressionar tão facilmente pela aparência de outra pessoa, logo, se assustou quando se deslumbrou tão rapidamente quando o corpo esguio virou em sua direção e os olhares se chocaram.

- Precisa de ajuda? - a voz era grave, carregada de prepotência e autoconfiança.

A exatamente sessenta e três dias atrás foi preso por aquela simples frase. Uma sentença curta demais que o colocou de quatro por ele.

Naquela mesma noite voltou envergonhado para casa, sem a mínima coragem de encontrar com Jimin e o presentear com o livro que testemunhou como foi dominado poucos minutos depois.

Not Fair (Taekook/Vkook)Onde histórias criam vida. Descubra agora