felicidade em 3 erros

Minha busca havia me levado longe, muito longe.... Tão longe que quase esqueci o que estava procurando. Agora que penso nisso, acredito que foi por estar quase esquecendo que ele apareceu. Um homem robusto, bonito e aparentemente calmo, não tinha nenhum traço tristeza. Apesar de nunca termos nos encontrado, ele parecia tão estranhamente familiar que começamos a conversar como velhos conhecidos, mesmo eu não fazendo ideia do porquê de ele estar ali, ou mesmo de onde havia surgido.

- O que está procurando? - Ele me perguntou.

- O segredo pra ser feliz - Respondi.

- E aonde está indo?

- Não sei mais. Acredito que vou saber quando chegar.

- E como sabe que precisa ir a algum lugar?

- Porque é impossível que o segredo esteja nos lugares em que já estive. Acredite, já procurei.

- Acho que você está errado! – Ele sussurrou, suficientemente alto para que eu o ouvisse.

- Talvez, mas já estou aqui, não é? Não acho que tenho muitas alternativas que não sejam seguir adiante. – falei, quase no mesmo tom.

- Gostei de você! – Ele me disse, sorrindo, sorriso grande e largo. – E gostei de sua resposta também!

Eu admito que também havia simpatizado com ele, mas não o suficiente pra admitir naquele momento. Diante do meu silêncio, ele continuou:

- Gostei tanto de você que vou dizer onde o segredo está.

- Não acredito que você saiba – Respondi, de pronto.

- Por que não?

- Porque você parece estranhamente... normal.

- Gostei da resposta, de novo! – Disse ele, rindo bastante. – Saiba que o segredo está bem aqui, onde estamos.

- Você pode ser forte e bonito... - Falei, em tom de quem declarava algo óbvio, - Mas esperava mais de você do que simplesmente essa baboseira de “A felicidade está no aqui e agora”.

- Está errado, criança. – Ele falou. E seu tom não era mais o mesmo. Falava como se estivesse ensinando uma soma simples a um garotinho. – E como gostei de você, vou provar o quanto está errado. Pense em quem lhe priva de sua felicidade. Não importa o quão bobo ou abstrato pareça. Pense em três nomes e diga-os para mim. Se fizer direito, no fim, não vai mais precisar andar tanto.

Parecia ridículo, mas o seu tom havia me incomodado de verdade, então não pensei muito pra dizer o primeiro nome.

- O Tempo. Sem dúvidas ele é o maior obstáculo. – Declarei.

- Que seja, então. – Disse ele forçando os músculos do braço, depois de respirar fundo por um momento, comecei a ouvir passos se aproximando. Quando chegou mais perto, vi que era uma mulher. Alta, linda, cabelos presos em um rabo de cavalo e um sorriso largo como aqueles que mostramos a velhos amigos em um reencontro depois de muito tempo.

- Oi! – Ela me disse, ainda sorrindo.

- Quem é você? Questionei, ainda acostumando os olhos àquela beleza incrível.

- Sou o Tempo. – Ela respondeu. – Olhei quase que imediatamente para o homen e ele já estava sentado, com o rosto sorridente apoiado nas mãos e o olhar atento, como o de quem está lendo o clímax de uma trama em um livro. – Acho que tem algo pra me dizer.

- Bem... Não sei direito por onde começar, - balbuciei, ainda sem ter certeza do que estava acontecendo ali.

- Eu sei, - Ela ainda estava sorrindo. – Mas fique tranquilo, não tem o que agradecer! De nada!