the silence of the lambs - larry

único;

O sino da igreja tocava exatamente um minuto e três após a cerimônia, naquele dia, passaram-se oito minutos. A igreja estava silenciosa, sem cânticos recorrentes, sem as risadas no fundo, sem o falatório das mulheres. Todos silenciosos e tristes.

Tudo por Harry. O mais querido cantor do coral, o garoto mais amável e gentil da vizinhança.

Dias atrás, uma obra foi iniciada perto de sua casa, e, todos os dias, Styles levava água e comida para os trabalhando. Certo dia, metade do prédio foi demolida e Harry estava lá, e foi pego de surpresa, não correu e nem tentou se salvar.

Tijolos e parte do telhado caíram em cima dele. O garoto morreu na hora.
O luto se estendeu não apenas pela sua família, mas sim na cidade inteira. Na igreja que frequentava, na escola, no supermercado. Harry era um mix de tudo que todos amavam, era o genro desejado, o amigo mais querido, o filho que dava orgulho. Pois era apenas amor e nada de ódio, não havia maldade no coração de Styles.

Desde seus cachos longos,  até seus olhos multicoloridos, tudo era lindo e ele exalava calmaria. Assim, conquistou Louis. O filho mais velho do pastor, o que só ia à igreja nas datas comemorativas, e apenas pela comida farta.

Eram diferentes, a princípio. Um era religioso e bondoso, e o outro, era despreocupado com religiões e anti-social. No entanto, eram tão parecidos por dentro. Após várias camadas, Louis escondia sua verdadeira essência, era divertido e carinhoso,  gostava de músicas alegres e filmes românticos.

Assim, às escondidas, tornaram-se amigos próximos. Trocavam mensagens todos os dias, até se apaixonarem. Foi estranho e complicado, mas com o tempo, virou grudento e doce.

Louis não foi ao velório, não chorou perto do caixão e nem depois. Ele apenas afundou na cama com um litro de Soda Pop, bebida favorita de Harry. Após raras vezes, ele rezou até dormir, rezou pela alma de seu amado e pela sua, depois, rezou para morrer, rezou para ser um sonho e que Harry estivesse bem, em casa e costurando uma roupa nova para a missa. Mas não, ele estava caminhando para o inferno.

Dias depois, Louis rumava para outra fase do luto: a fase do ódio. Odiava Styles por ser bom. Por gostar de ver o sorriso no rosto das pessoas. Odiava um Deus, aquele que tinha levado seu namorado, odiava a si mesmo.

Numa noite que teve seu máximo de saudade, invadiu o quarto de Harry, e roubou seu notebook e um terno rosa florido, seu preferido. Chegando em casa, olhou o histórico de busca dele.

Todos os artigos eram sobre imortalidade e pacto, sobre como conseguir, como contatar o Diabo e outros demônios. Existiam sites direcionados a isso. Lendo, Louis descobriu que Harry fez duas ofertas altas para conseguir o segredo da imortalidade. Com o ele tinha conseguido tanto dinheiro? Ele não sabia. Ele tinha conhecimento do fascínio que Styles tinha por viver para sempre, ele dizia que queira amar infinitamente, queria ver as estrelas queimando, queria ver tudo. No fim, tudo que ele viu foram tijolos caindo do céu.

Descendo pela página principal do site, ele viu alguém perguntando se tinha como resgatar alguém no céu ou no inferno. Nessa hora, as pupilas de Tomlinson dilataram e seu coração acelerou, pois, dependendo da resposta, ele poderia recuperar Harry.

∞

Por as informações dadas pelo site, Styles tinha um saldo sobrando, e era o suficiente para Louis comprar sua passagem para o inferno. Era estranho falar isso mentalmente, mas ele estava desesperado. Conversou com um dos administradores e explicou a situação desde o princípio, ganhando o afeto do homem. Raul, era seu nome que aparecia lá, dificilmente era real. Ele dizia que tinha muita simpatia por Harry, pois o mesmo sempre comentava em suas publicações, não deixando a página morrer.