Capítulo 23

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  - Espera aí- falei voltando à realidade.

  - Anda logo, Breno!- ele falou.

  Pensei por uns 3 segundos e resolvi destravar o portão, eu tinha consciência que mais cedo ou mais tarde aquilo aconteceria.

  Fiquei apreensivo, dividia meu olhar entre a porta, Lucas, que estava sentado no sofá mexendo no celular, e a escada, à espera de Paula. Quando a porta se abriu, meu corpo gelou da cabeça aos pés.

  - Demorou, hein! Que foi? Tava se divertindo?- perguntou rindo.

  Porém sua graça parou no momento que ele olhou para o sofá e viu Lucas ali, que também dirigiu o olhar para ele ao ouvir sua voz.

  - Quem é vivo sempre aparece- eu conseguia ver a raiva nos olhos de Rafael.

  - E aí? Beleza?- Lucas sorriu rapidamente, e por incrível que pareça, não foi falso nem nada.

  - O que você tá fazendo aqui? Quem deixou esse cara entrar?- Rafael olhou para mim.

  - Relaxa aí, eu já vou embora- Lucas se levantou do sofá.

  - Pode ficar aí, vamos conversar o que nunca conversamos- eu notei que Rafael tinha os músculos travados.

  - Não vamos criar confusão, por favor- Lucas pediu pacificamente.

  Eu estava ali parado apenas observando e torcendo para Paula descer de uma vez e acabar com essa palhaçada.

  - Como foi pegar minha namorada nas minhas costas?- Rafael cruzou os braços.

  - Acredito que Paula já tenha te explicado isso milhares de vezes.

  - Ah, foi isso que ela te disse? Porque pra mim ela não disse nada, ou seja, quem cala consente.

  - Já fazem dois anos que vocês se separaram, você deveria superar- Lucas disse.

  - Eu jamais vou superar uma traição.

  - Mas ela teve que superar, né? Que engraçado- nesse momento Rafael se aproximou mais.

  - Ela te contou? Lógico que contou, devia ter ido chorar na sua cama- Rafael levantou a voz.

  - Sim, ela me contou, porque eu era AMIGO dela- Lucas explicou.

  - Conheço em esse tipo de amizade, tenho várias, inclusive tinha na época que namorava ela- Rafael falou irônico.

  - Cara, eu não tenho nada a ver com o relacionamento que vocês tinham e muito menos com o término dele- Lucas continuava com o tom de voz baixo.

   - Tem certeza que não tem? Porque pelo que eu me lembre, foi pro seu colo que ela foi todas as vezes que brigamos- Rafael gritou mais alto.

  - O que tá acontecendo?- Paula desceu as escadas rapidamente- Rafael?- falou surpresa.

  - Desculpa por te pegar no flagra com seu amante.

  - Eu não quero falar sobre isso- Paula disse.

  - Você nunca quis falar sobre isso, né? Culpa, é assim que se chama esse sentimento.

  - Cara, não fala assim com ela, por favor- Lucas tentou intervir.

  - Eu falo com ela do jeito que eu quiser!- Rafael disse.

  Eu já estava ficando com raiva de Rafael pelo tanto de coisas que ele insinuava sobre Paula.

  - Isso não vai levar a nada, Lucas. Vai pra casa, por favor- ela encostou em seu braço.

  - Vai não, a gente tem que resolver isso!- Rafael disse.

  - Resolver o que, Rafael?- Paula já estava impaciente.

  - Cara, aceita que acabou. Pra sua informação, Paula eu não tivemos nada quando vocês estavam namorando, começou a rolar muito tempo depois- Lucas explicou.

  - Vocês... vocês tão ficando?- Rafael falou com ódio na voz.

  - Para de cena por favor, eu já estou indo- Lucas saiu andando, quando passou pelo lado de Rafael o mesmo pegou seu braço.

  - Só vou te falar uma coisa antes de você ir embora- Lucas o olhou esperando o resto da frase- Não tente se fazer de superior, porque você tem muita sorte de eu não querer essa mulher na minha cama. É só eu estalar os dedos que ela vem correndo pro colo do dono.

  Quando Rafael terminou a frase, a expressão de Lucas mudou completamente e algo inesperado aconteceu. Lucas pegou impulso no braço e socou a bochecha de Rafael, tão forte que ele caiu zonzo no chão.

  Confesso que havia virado fã número um de Lucas nesse momento, ele fez o que eu sempre quis fazer porém nunca tive a chance. Queria que continuasse, porém foi interrompido.

  - Lucas!- Paula correu para até ele que ele não fizesse mais nada, enquanto eu ia até Rafael.

  - Desculpa, eu... eu não queria- Lucas tentava se explicar.

  - Relaxa, você não é de ferro. Vai para a casa, descansa e me liga depois- Paula botou o celular de Lucas no bolso dele e beijou seu rosto- Se cuida.

  - Você também! Qualquer coisa me liga- ele falou isso e saiu pela porta.

  - Ele já foi? Sorte dele, senão ia arrebentar a cara de mauricinho dele- Rafael murmurou enquanto eu e Paula o levantávamos e levávamos até o sofá.

  - Cala boca!- Paula exclamou e logo foi até a cozinha.

  - Só faz merda- falei para Rafael.

  - Culpa desse playboy que rouba a mulher dos outros- ele gemia de dor.

  Paula voltou da cozinha com um kit primeiros socorros, gelo e uma toalha.

  - O que vai fazer?- Rafael perguntou.

  - Cuidar disso aí- ela apontou para o rosto dele e se abaixou em sua frente.

  - Adoro!- ele exclamou me deixando com raiva.

  - Mais uma palavra e eu vou dar um soco do outro lado- Paula falou firme, arrepiando todo meu corpo.

  - Desculpa- Rafael ficou quieto enquanto Paula terminava de cuidar do seu rosto.

  - Pronto, você já pode ir- Paula falou levantando.

  - Onde eu posso deitar? Vocês tão na minha cama- respondeu.

  - Deita lá na minha- Paula disse e Rafael subiu as escadas.

  - Eu só não ganhei porque fomos interrompidos- falei após alguns minutos de silêncio.

  Paula começou a rir ao ouvir minha frase. Eu adorava sua risada, era muito verdadeira e me fazia rir também.

  - Coitado, devia estar todo perdido lá- continuou rindo.

  - Quer revanche?- perguntei.

  - Depois, agora eu quero descansar a mente um pouco porque esses homens só me dão dor de cabeça- ela deitou a cabeça no encosto do sofá.

  - Quer uma massagem para relaxar?- ofereci.

  Paula imediatamente levantou a cabeça e me encarou com uma intensidade apenas vista no dia que ela me beijou em meu quarto.

  - Eu acho melhor não- ela falou baixo- Não que eu não queira.

  - Uma massagem profissional, eu juro!- falei.

  - Eu... ok, onde?- fiquei muito feliz ao ouvir a resposta.

  - Na minha cama ou aqui mesmo- falei.

  - Vamos na cama porque aqui não dá pra relaxar- ela se levantou e foi subindo.

  Enquanto eu subia as escadas parecia que eu chegaria a um paraíso. Meu coração estava acelerado e meu corpo estava reagindo de uma maneira nunca vista antes. Mas na verdade eu chegaria ao paraíso. Paraíso Paula Carolina.

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