Sendo observada?

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Hoje como sai de casa um pouco mais cedo, resolvi passar em uma padaria para tomar café. Dou uma mordida em meu churros logo depois de ter mergulhado ele em meu chocolate quente, uma delícia.

Escorrego o dedo pelo meu smartphone e olho as últimas notícias, hum, Francisco está solteiro parece que ele e Sara não deram certo mesmo, depois que ela descobriu que ele tem outra família, ela fez o maior barraco na boate e depois veio chorar para mim, dois dias depois já estava com o traste de novo dizendo que ele merecia outra chance. Mas a mulher gosta de se iludir, meu Deus! Francisco nada mais era que o dono da boate onde Taylor trabalha e onde eu fazia uns bicos antes de trabalhar na lanchonete.

Dou uma olhada ao redor pois sinto que tem alguém me vigiando, o homem de óculos e boné está me observando desde que cheguei, acho que ele pensa que eu não sei da sua observação contínua. Pode ser coisa da minha cabeça mas que ele estava me encarando isso eu sei que estava. Resolvo por dar fim ao café da manhã e saio da padaria, e assim que entro no carro vejo aquele homem estranho saindo também e olhando ao redor. Fico bem desconfiada dele, e dou partida em meu carro o mais rápido que posso.

Tenho que admitir uma coisa, fiquei com raiva no primeiro momento que descobri que Conrado havia pagado a conta da oficina mecânica, mas agora o agradeço por isso. Mas uma coisa que não quero é ser sustentada por homem, eu posso me virar sozinha e pagar minhas próprias contas.

Quando chego no prédio da empresa eu entro pelo estacionamento e deixo meu carro na vaga destinada a mim. Mesmo entrando pelo estacionamento eu passo na recepção para falar com Alba e dar-lhe um bom dia.

— Julinha hoje vamos almoçar com minha filha a moça que toma conta dela vai trazê-la para almoçar comigo e quero que você a conheça.

— Ok, vou esperar ansiosa para conhecer sua filha. — Me despeço de minha nova amiga e vou pro meu determinado andar de trabalho.

Ligo o computador de minha mesa e pego um café sem açúcar, sou a viciada da cafeína meu maior aliado para me manter desperta e ativa. Meu corpo é uma montanha russa de desordem, na madrugada tenho insônia e fico acordada, na manhã fico como bicho preguiça doida pra fechar os olhos ao menos um pouquinho. É complicado tudo isso, tenho que admitir.

— Júlia, venha a minha sala e me passe meus compromissos de hoje. — Dulce, minha chefe diz e entra em seu escritório a sigo com meu tablet na mão.

— O que é isso? — Ela pergunta e aponta pras pastas em cima de sua mesa.

— Essas são as informações que me pediu. — Dulce bate na mesa me fazendo dá um pequeno pulinho de susto.

— Não é possível que você seja tão incompetente, eu mandei você mandar isso por e-mail para o Conrado. Some com essas pastas daqui antes que eu as jogue em cima de você. — Mas o que deu nela? Não deve ter feito momozinho na noite passada, tenho certeza.

Pego as pastas com uma super má vontade e saio da sala dela, a louca não me falou nada sobre ter que mandar os documentos para Conrado. Uma manhã dessas e ela já rosnando pras pessoas.

— Será que você pode me passar os meus compromissos de hoje ou vai continuar aí como uma mula? — Volto pro escritório e assim que fecho a porta resolvo me pronunciar.

— Me desculpe mas a senhora está me ofendendo com essas palavras.

— Te ofendendo? Pelo amor de Deus, diz isso quando você estiver na minha posição e tiver uma secretária como você. — Aiii que ela está mexendo com meu sangue espanhol.

— Eu com certeza a trataria bem e não usaria de palavras ofensivas para chamar a atenção até porque tenho ética e muita educação. — Pronto, não aguentei vejo que ela engole a raiva mas se levanta.

— Não seja uma menina prepotente e me respeite pois estou em um patamar acima do seu e mereço respeito. Agora me passe meus compromissos antes que eu me estresse mais ainda e acabe fazendo um favor a mim mesma que seria pedindo sua demissão por desacato. — Morde a língua Júlia Carter de La Fuente.

E é pensando em meu aluguel, no seguro atrasado do meu carro, na minha alimentação e em tudo que tenho que dividir com Taylor financeiramente, que resolvo me calar e voltar a fazer meu papel de funcionária, se não fosse isso essa mulherzinha baixa que resolveu descontar suas frustrações em mim, iria ouvir umas boas verdades e desaforos.

— Bom, tem uma hora marcada no salão de beleza às 11 da manhã – como se uma bicha dessas fosse conseguir ficar bonita, nem com muita reza. Dulce era loira de farmácia ou seja loira falsa, com o cabelo batendo acima dos ombros, tinha o rosto puxado em plásticas e deveria estar chegando na casa dos cinquenta anos, e olha que ainda dava em cima de Conrado, tem idade para ser mãe dele. Mas fiquei sabendo por algumas pessoas da empresa que ela só fica com garotão e que estava tendo um caso com o garçom novinho do restaurante da empresa.

— Humm… e tem uma reunião às 14h no escritório do senhor Ferraz.

— Ótimo, agora sai. — Dulce não costuma me tratar bem, mas hoje a mulher está passando dos limites. Ela está merecendo ouvir umas boas verdades e ser colocada em seu devido lugar. Mas infelizmente não poderei ser eu a fazer isso, pois preciso do emprego e se eu fosse de fazer algo contra esta mulher, podem ter certeza que euzinha seria demitida por justa causa e presa por agressão, mas antes ela ia aprender a tratar as pessoas bem.

Assim que saio da sala da minha chefe, o telefone da minha mesa começa a tocar, corro para atender.

Como é o telefone interno não preciso atender formalmente.

— Sim.

— Senhorita Carter, venha até minha sala por favor. — Conrado diz e eu concordo, desligo o telefone e vou até sua sala.

Bato na porta e logo depois entro. Uma mulher muita bonita está sentada na cadeira em frente a mesa de Conrado, ela é negra tem cabelo afro e tenho certeza que ela é alta como uma super modelo.

— Bom dia. — Digo assim que entro e Conrado aponta a cadeira ao lado da mulher.

— Bom dia senhorita Carter. Esta é Magda Blanco diretora da Surcusal Itália, ela ajuda meu pai administrando tudo por lá. — Abro um sorriso e aperto a mão dela.

Mas sua expressão é azeda como a da Dulce, minha chefe. O que dá nesses ricos que andam como se tivessem com um limão na boca? Que bando de amargos, olham pra você com desprezo e superioridade.

— Carter eu a chamei aqui para lhe informar sobre a antecipação da viagem, estaremos indo para a Itália na segunda-feira depois do expediente, estima-se que iremos ficar por lá durante uma semana mas pode ser que isso seja prolongado, não posso dizer com certeza ainda. — Concordo e depois disso ele me passa mais informações sobre a viagem e etc.

E antes de sair, Magda se dirige a mim com aquela expressão nojenta no rosto de pessoa superior.

— E não se atrase isso não admitimos nunca.

— Pode deixar senhorita Blanco. — Digo transbordando sarcasmo e ela abre um sorriso mega forçado.

— Bom, com licença. — Digo e saio do escritório.

Marisa a recepcionista do andar me olha e entorta o nariz.

— Nojenta ela né? Passou aqui e nem deu bom dia. — Ela diz se referindo a Senhorita superior.

— Pois é, um nojo de pessoa. Agora deixa eu ir pro meu cargo, pois a outra lá também está surtada. — Marisa dá risada e eu corro de volta para minha mesa, pois o dia hoje será longo.

Meu querido e sexy, CEO.Onde histórias criam vida. Descubra agora