Passaram-se os dias e entre eles eu realmente consegui um lugar no mercado de trabalho. Para ser mais específica, fui contratada para atuar no mesmo cargo que Eduardo, tendo a função de repor as mercadorias. Claro que além disso, ele se compromete à outras funções, já que tem mais experiência e período de trabalho do que eu.
Na primeira semana eu recebi orientações. Embora tivesse noção dos corredores em que alguns produtos se situam, eu tive acompanhamentos de outros repositores para ver e aprender.
Confesso ter sentido um leve nervosismo em tais dias. Receio de fazer algo errado e perder o emprego logo no começo. Mas meus companheiros de trabalho, que até então são somente as duas pessoas que me ajudaram na primeira semana, dissiparam o que eu sentia com palavras positivas e de incentivo.
Portanto fui pegando a manha das tarefas, e até os preços adicionados nas prateleiras ficavam por minha conta e desde que entrei aqui nada saiu errado. E se depender de mim nem sairá, pois me atento ao máximo no meu emprego.
Meu emprego. Soa tão bem.
Em casa, sempre após chegar, minha mãe me enche de perguntas sobre como foi o meu dia, o que fiz, se fiz mais colegas... Exatamente comparada a situação de uma criança chegando da escola.
Meu pai não ficava atrás. Na hora da janta, não perguntava sobre meu dia e tals, mas questionava sobre como eu era tratada ali dentro, se eu estava gostando...
Já meu irmão me parabenizava, depois alfinetava Eduardo mesmo com a ausência do garoto e só parava após levar sermões da nossa mãe que sempre jogava na cara que até a mais nova está empregada e ele não. E por mais que não conhecesse, ela chegava a defender meu colega.
Então os insultos começavam entre eu e Math, levando nossos pais a loucura. Poderia até ser engraçado se em todos os momentos eu não pensasse em mil maneiras de matar meu irmão.
O mercado hoje está com um fluxo razoável, as filas não estão tão grandes ao ponto de cansar ou estressar os clientes, ou até mesmo pressionar os caixas a trabalharem mais rápido para não congestionar as compras.
As prateleiras dificilmente estão tendo desfalque, e as que têm rapidamente são completadas.
E é o que estou fazendo no momento. Peguei a manha de organizar muito bem os produtos, e essa mania está me afetando em casa também. O guarda-roupa já não se encontra mais desorganizado, uma peça fora eu a arrumo; a cozinha já não fica tão bagunçada após ad refeições, eu até me solicito a lavar as louças; assim como no quarto de Mathias que é cheio de roupas espalhadas e cama desarrumada quando mamãe não entra lá, eu me vejo reclamando com ele e dando sermões.
Me tornei a pessoa que mais temia quando o assunto é bagunça: minha mãe.
Agora são duas Sônia dentro de casa, e isso está levando os homens a loucura. Claro que mamãe tem muito mais comando sobre eles do que eu, mas eu estou aprendendo aos poucos com ela.
— Com licença. — uma voz me desconcentrou do meu pensamento e da tarefa. Me deparo com uma criança que bate exatamente na minha cintura. — Desculpe atrapalhar, mas a senhorita poderia me informar onde fica o corredor de cereais? — suas palavras me impressionam. Disse com seriedade, mas não deixou de ser fofo.
— Oi. Fica a três corredores pra lá. — aponto com o dedo indicador para a minha frente.
— Muito obrigada, moça. — agradece e começa a se afastar com suas perninhas pequenas.
— Ei. — o chamei. — Você está sozinho? Perdido? — pergunto por curiosidade.
O garotinho ergue suas sobrancelhas claras que compactuam com seu cabelinho loiro e encaracolado
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um Amor Fraterno (Entrará em Revisão)
Teen FictionLiz e Mathias Collins têm o típico relacionamento de irmãos: se irritam mas se amam; e, para Liz sempre foi e sempre será assim. Mas tomar uma decisão que julga ser a certa, resulta em um atrito nesse relacionamento. "Um Amor Fraterno" conta a histó...