Prólogo

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Fios da navalha.

São minhas, tuas e nossas mentiras,

que cortam as tiras da vida.

(Anônimo)

PRÓLOGO

A porta gemia e batia com força por causa do vento. As gotas de sangue escorriam pela janela quebrada, uma delas caiu sobre o rosto sem vida do corpo mutilado no chão da casa de madeira. O homem que antes havia lutado bravamente contra seu agressor agora com os olhos abertos e vítreos não demostrava expressão e uma perturbadora paz e silêncio dominavam aquela sala ensanguentada. A terra já inquieta sobe a madeira começava a achar fendas, passando por elas até o corpo estirado, era rápida, cheia de sede, ansiando pelo retorno daquela energia emprestada. Como mãos ela ia delicadamente envolvendo cada membro e carne do piso, dissolvendo órgãos, pele e ossos.

Seu assassino respirava rápido, cansado da luta, seus músculos fatigados ainda seguravam a espada com uma força impressionante. Era uma extensão dele, ancorada a sua alma condenada, leve e sútil, porém voraz e letal. Nunca havia lhe deixado na mão, pelo contrário, esteve presente em praticamente todos os momentos marcantes de sua vida. A lâmina era uma mistura do rúbrio sangue e restos mortais daquele homem agora engolido pela terra, ela refletia como um espelho o olhar gélido e sombrio do seu manejador. Olhos cinzentos nebulosos que carregavam uma determinação sinistra ao analisar ao redor, manchas, traços e desenhos de sangue vivo ao adornar a empoeirada casa. Denunciavam a luta de alguns minutos atrás. Decoração perfeita ele pensou a contemplou sorrindo.

Ainda restavam dois homens para terminar o serviço daquela noite e ele mal podia esperar para sentir novamente o gosto de sangue fresco em sua espada. O primeiro foi um agradável desafio, capaz de lhe proporcionar um entusiasmante apesar de cansativo duelo de espadas. Já estes dois não pareciam tão promissores, seriam apenas distrações. Estavam apavorados, encolhidos no canto oposto da sala, apoiados a parede e sem condições de fuga devido aos ferimentos nas pernas. O assassino calculou precisamente os cortes, nos tendões e juntas para que assistissem sentados enquanto se divertia. Eles sabiam que olhavam diretamente para a morte. E estava vestida com trapos, uma capa remendada com pele de urso, botas de couro negras e gastas, uma aparência grotesca, com cicatrizes talhadas pelo rosto e banhada em sangue, segurando uma espada assustadoramente afiada caminhando ate eles. Sim. Havia prazer naquele olhar, prazer em cada golpe impecável e quase artístico ao tirar vidas. Não havia esperança, um deles apenas fechou os olhos e rezou e o outro mal registrou o ocorrido antes da lâmina lhe percorrer seu pescoço.

O assassino esperou curioso e paciente até que o homem a sua frente terminasse a prece e abrisse os olhos, sua parte favorita era ver a alma partindo do corpo, o breve momento em que os olhos deixavam transparecer totalmente a alma habitante e sua fascinante partida. O pobre homem estranhando a demora e quietude se calou e abriu os olhos. Os abriu pela última vez.

No próximo capítulo...

O raio de sol entrou pela janela, tocando devagar pelo seu trajeto a parede cor de rosa com adornos em forma de flores tons de ouro, os pés da cama luxuosa e seu cobertor, alcançando os fios dourados de um esguio corpo que ainda dormia. Até que a luz tocou sua pálida, mas linda face e seus olhos verdes cheios de vida se abriram.

Ariela levantou com cuidado, seu corpo estava demorando a responder e ainda se sentia fraca pela crise da noite passada. Mesmo assim caminhou até o espelho e se olhou. No reflexo uma jovem magra de pele muito branca e com algumas sardas, olhos grades cheios de expressão, cabelos compridos e com ondas cor de mel.

""Oi gente, estou meio nervosa... uma amiga muito querida me incentivou a escrever, o que eu espero conseguir apesar do tempo corrido. Eu estudo medicina... então falo sério quando digo muito corrido haha, mas já penso nessa obra a alguns anos e tomara que gostem. Vou ficar muito feliz em saber a opiniãos de voceis!! Com muito carinho e ansiosa; Talita P.""

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