— Não, Claus! — E se desvencilhou dele. — Você não tem esse direito! Me diz onde fica a saída agora!
— Eu sei que não tenho! Me desculpe! Mas não tive escolha. E não vou deixar você sair até conversarmos direito! — Falou e então passaram alguns segundos se encarando. — O que você sabe sobre os Redemptorists?!
Depois de ouvir aquela pergunta, Kathleen se rendeu à dor que estava sentindo e finalmente desistiu da postura firme, logo se arrastando pela parede até chegar ao chão e rangendo os dentes ao sentir seu ferimento queimar.
— Ok, Claus... — Apertou os olhos e prendeu um pouco a respiração. Aquela dor estava lhe matando! — Vamos conversar. — E os abriu, sentindo a visão embaçar um pouco. Talvez fossem os efeitos dos analgésicos deixando seu corpo.
— O que deu na sua cabeça, Kathleen? — Ele perguntou com a voz calma e abaixou-se à sua frente. — Por que não está me contando as coisas?! Por que não me conta o que descobriu?!
Ela suspirou e piscou os olhos. — Eu ia te contar, Claus. Ia mesmo. Mas aí você decidiu atirar em mim e me sequestrar!
— Mas que droga! Foi pra te proteger, Kathleen! Por que não entende isso?!
— Não, eu não entendo! — Respondeu, chateada. — É o meu trabalho e você não está me deixando fazer!
E ambos voltaram a se alterar.
— Você já poderia estar morta à uma hora dessas!
— Todos nós sabemos que corremos perigo aqui, Claus! Não é como se eu não fosse boa no que eu faço ou não soubesse me cuidar!
— Mas nós não somos suicidas, Kathleen! Você está agindo mais como uma suicida do que como uma detetive! — Ele passou a mão pela testa. — E sozinha... Você não vai longe!
Kathleen então respirou fundo e sentiu seus olhos se encherem de lágrimas.
— Eu não te entendo, Claus... Há alguns meses você me detestava! Mal queria falar comigo durante os casos, não me contava seu progresso e nem mesmo olhava para mim direito! Por que raios está se preocupando tanto?!
— Não importa agora! — Ele respondeu.
Tremendo, Kathleen levou as mãos ao rosto para limpar o suor. A dor da sua cirurgia também estava lhe acabando.
— Eu estou desesperada, Claus! Você não entende?! As mulheres estão em perigo lá fora, eu... Eu preciso... Preciso fazer algo! Não posso deixar as coisas assim, ela... Ela não... — Kathleen começou a gaguejar e soluçar, e já começava a se levantar do chão. — Preciso ir ao banheiro. — Falou.
Claus também levantou-se e a puxou pelo braço.
— Vem cá! — E finalmente a abraçou. Finalmente.
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Entre Miras
Short Story"A única motivação para se vencer uma guerra é lembrar de por quem estamos lutando." Nesse romance policial, dois agentes de uma Organização Anti-Crime se envolvem em uma missão perturbadora de assassinato de mulheres e acabam descobrindo que por tr...