Tomas Carrys

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Estou há dias sem ter nenhum tipo de contato ou notícia de Monik. Ela optou por me deixar e eu apenas respeitei essa sua decisão. Não que esteja sendo fácil, a saudade que tenho dessa mulher, a vontade de ligar para ela e ouvir sua voz, nem que por apenas um segundo é enorme, mas sei que ela não me permitiria nem sequer chegar perto dela de novo. Isso mataria à nós dois. E no instante em que ela se faz ausente, eu tento em vão ser o homem que eu sempre fui. Incrível como uma mulher pode virar a nossa cabeça, em apenas tão pouco tempo. Até hoje, estou me perguntando de onde foi que eu tirei tanto amor assim. Ah, de qualquer forma, Monik fez sua escolha, e como eu a amo demais, apenas farei sua vontade e seguirei na esperança de que um dia, nós possamos ficar juntos.

Do nada, ouço alguém bater na minha porta. Estranho, pois não estou à espera de ninguém. Deixo minha garrafa de gim tônica na mesa e vou abrir a porta sem pressa. Quando o faço, tenho uma surpresa: meu velho amigo, Tomas Carris está no pórtico com aquele olhar lascivo e um sorriso de velhos amigos. Fico imóvel, faz tempo que não vejo esse viado.

- Carter! Não vai me convidar à entrar? - ele ri de orelha à orelha para mim.

- Mas é claro!

Ele me dá um breve abraço. Retribuo com algumas batidas em suas costas e o convido a entrar. Tomas corre seus olhos escuros pela minha casa avaliando meu gosto. Ele balança a cabeça num gesto positivo e aprova a minha casa.

- Nada mal, Carter, vejo que se deu mesmo muito bem.

- Claro, né? Eu fiz os investimentos certos.

- E ainda por cima, mora praticamente no coração de Los Angeles, debaixo da fuça do FBI. Você é realmente, um cara de pau.

- A questão não é essa, Tomas, é estratégia. O FBI jamais vai me procurar nos lugares mais óbvios, e se sabem do meu paradeiro, é claro que eles vão ter que fazer muito melhor que eu para que me peguem. E sinceramente, que venham! Não tenho nada a perder.

Caramba, estou falando igual Monik. Essa mulher me persegue, mesmo quando o assunto não é ela. Procuro esquecer as dores que sua lembrança me traz e ofereço gim tônica para Tomas e o convido ao meu escritório. Ele vem cheio de revigorância, e ainda não consegui entender o motivo pelo qual ele me procurou. Ele nunca procura ninguém. Ainda assim, peço para que ele se sente em uma das cadeiras e eu me sento na minha poltrona. Questiono o motivo da visita inesperada, mas ele está sem pressa. Bebe ao menos três goles de gim e avalia minhas reações. Como estou impassível, ele por fim diz:

- Sabe, Jack, pensei em formar uma parceria. Tipo, você e eu.

- Amigos, amigos, negócios à parte, Tomas. - digo imediatamente. - Você sabe que eu trabalho sozinho e tenho as pessoas certas para trabalhar para mim, caso eu precise. Não preciso disso. E você sabe muito bem. Ou vai me dizer que não me conhece mais?

- E muito bem. - ele afirma. - Mas a questão, é que estou com um negócio grande, grande mesmo, cara. Preciso de alguém que tenha bastante experiência e que saiba fazer os cálculos certos. Pensei em você, porque além do maior traficante da Califórnia, você tem o gene para isso.

- Já disse. - digo simplesmente e levo meu copo de gim à boca, bebendo um gole generoso e tentando conter a minha exasperação.

Tomas continua quieto, seu olhar tem um brilho diferente do brilho do velho Tomas que eu conheci anos atrás. Vagamente penso que ele pode estar aqui para me dar uma apunhalada quando eu menos esperar. Sem dizer nada, Carris puxa um papel do bolso e o joga na mesa. Faz um gesto para que eu pegue o papel e o leia. Faço isso, não porque estou interessado no serviço, mas apenas por curiosidade. Quero ver o que ele tem de tão proveitoso assim.

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