Cursed Christmas

Merry Christmas

"Se havia uma coisa que os mais velhos sempre alertavam - com todo o tom de experiência que um idoso pode ter - era sobre a importância de respeitar o natal.

A fala, que para muitos não tinha sentido algum, soava de forma semelhante à aqueles avisos que toda criança recebe quando pequena, como por exemplo, não brincar com fogo ou não falar com estranhos, deixando claro que o respeito a aquela data era primordial para o próprio bem deles.

Menosprezar o Natal causava calafrios agourentos pelos corpos dos anciões que flagravam essa ousadia, seguido de lamentações e rezas para que a pessoa que cometera tal erro fosse perdoada, afinal, nada pagaria pelo arrependimento que poderia acarretar na vida desse alguém tão irresponsável por agir de forma tão imprudente.

Para uns, era o aniversário de Jesus, para outros, era a oportunidade de ganhar muitos presentes, já para uma pequena parcela que desrespeitava a famosa comemoração, aquele dia se tornava - literalmente - um verdadeiro pesadelo.

Várias versões eram contadas da lenda, mas a que mais se escutava - e tinham mais fé - era sobre o monstro com asas de morcego e chifres que adentrava a casa da pessoa desrespeitosa na noite da festa de Natal enquanto a mesma dormia para, então, tomar a forma da pessoa que a vítima mais desejava, invadindo o sonho da mesma, e assim, acabando por foder com ela - literalmente.

Quando a vítima acordava, achava que era apenas um sonho, porém, ela não conseguia se mexer e muito menos gritar, apenas seus olhos se moviam, dolorida e cansada demais para ter qualquer tipo de ação sem nem imaginar a quantidade de hematomas que tomavam conta de seu corpo. Então, se ela tivesse sorte, apenas viveria com as sequelas que aquele envolvimento causou em seu corpo e mente, mas se o monstro realmente gostasse de sua vítima... Bom, ele acabava a levando para sua "casa" e nunca mais se tinha notícia desse alguém.

As pessoas contavam essa história sempre aos finais de ano e - quem tinha vivido o bastante para ver os riscos que um simples conto trazia - respeitava os avisos como tudo o que era mais sagrado em sua vida. Já os mais jovens não acreditavam realmente por pensar ser apenas uma lenda, mas a verdade era que ninguém acreditava até algo acontecer próximo de si ou - na pior das hipóteses - com si mesmo.

Paguem pra ver, alguns dizem. O problema é quando a conta vem maior do que você tem a oferecer para quitar."

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Louis Tomlinson odiava o Natal e qualquer um próximo a ele tinha consciência disso. Fazia exatamente cinco anos que sua ira foi voltada para a data festiva e tudo relacionado a ela o tirava do sério. Odiava as decorações exageradas, as árvores espaçosas demais que sujavam o interior das casas, as diversas luzes coloridas que piscavam por todos os cantos e servia apenas para lhe machucar a vista. Era tudo muito irrritante, insuportável e o garoto apenas desejava que aquela noite passasse o mais rápido possível.

Obviamente, toda a sua raiva não era gratuita e havia uma ótima razão para a mesma existir, afinal, seu pai - o homem que mais amava no mundo - faleceu na fatídica noite que deveria ser de alegria, deixando um vazio enorme naquela família tão linda. A causa da morte nunca foi revelada e o trauma somado com a falta de respostas culminou para que todo o ódio do jovem apenas crescesse.

Era surreal para Tomlinson refletir sobre como tudo - antes da tragédia - era diferente. Sua família se divertia como nunca celebrando tanto o nascimento do menino Jesus como também o aniversário do castanho que antecedia a data. Eles se reuniam ao redor da enorme e bonita mesa de jantar - de madeira perfeitamente envernizada e muito bem cuidada - e comiam um grande banquete enquanto esperavam pelo tão aguardado momento de abrir os presentes. Quando a hora chegava as pequenas gêmeas, Daisy e Phoebe pulavam do colo de quem quer que estivesse as segurando e corriam para a enorme e bem decorada árvore no centro da sala, se divertindo em abrir cada um de seus presentes.