Ainda há esperanças

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Conforme minha visão da lancha melhorava, eu pude ver com clareza seus dois ocupantes.

Um deles era totalmente desconhecido para mim, tinha o semblante calmo e descontraído, seu rosto era harmonioso de uma forma que eu jamais saberia explicar. Era o tipo de beleza que era perfeita demais para um simples humano. Era a beleza de um deus.

Esses simples pensamento fez um calafrio percorrer minha coluna. Poseidon poderia assumir a identidade que quisesse.

Mas algo me distraiu desse pensamento. Eu tinha a clara percepção de que já tinha visto o rosto do outro ocupante do barco, mas não importava o quanto eu me esforçava, eu não conseguia me lembrar de onde eu o conhecia.

O homem de meia idade, com o rosto coberto por uma barba escura e espessa, que eu julgava conhecer, desceu da lancha e a puxou até o local em que eu e Liam prendíamos a nossa embarcação. O outro se manteve no barco e não pareceu nada feliz em ter que andar no mar para me encontrar.

Poseidon odiando estar no mar? E Poseidon em um barco? Não me parecia algo que ele faria.

– Olá, humano. – O homem, pouco mais novo que eu disse altivo. Era definitivamente um deus e eu não fazia ideia se era amigo ou inimigo, eu apenas sabia que jamais abaixaria a guarda.

– Como chegou até aqui? – Disse ríspido, apertando com força o galho em minhas mãos.

– Humanos são sempre tão mal educados... – Não respondeu a minha pergunta e me deu as costas, olhando tudo ao redor.

– Obrigado pelo elogio, vossa alteza. – O homem que o acompanhava finalmente aproximou-se.

O deus caminhou pela areia em direção à floresta e eu imediatamente me movi para sua frente, impedindo que avançasse.

– Volte para o lugar de onde veio! – Rosnei em sua direção, mas isso só serviu para fazê-lo rir.

– Quer proteger a sua cria, Louis? – Me desafiou e senti minhas pernas falharem por um segundo. Ele me conhecia e o pior, ele sabia sobre nosso filho.

Os salve, Liam! Os Salve!

Me movi o mais rápido possível, pronto para desferir-lhe um golpe com o galho, para que, com ele caído, pudesse me ocupar de me livrar do outro. Mas antes que eu pudesse atingi-lo. Ele ergueu o braço, impedindo meu movimento e jogando longe o galho que eu segurava. Meu coração acelerou e eu me senti totalmente impotente.

– Humanos são patéticos... – Desdenhou. – Não consigo acreditar que já fui um. – Disse mais para si mesmo do que para mim.

Humano? Poseidon nunca foi humano. Ele era filho do Titã Cronos. Sua ascendência era toda celestial. Esse não era Poseidon, mas isso não o transformava em uma ameaça menor.

– Nós viemos em missão de paz, Louis. – O homem que o acompanhava tentou me tranquilizar, mas nada que falasse me faria relaxar.

Mas uma visão ao horizonte me trouxe esperança. O barco de James se aproximava o mais rápido que conseguia. Ele tinha vindo para nos ajudar. Agora seriam dois contra dois e tudo o que eu precisava fazer era ganhar tempo. Se os distraísse por tempo suficiente, Liam poderia tirá-los da ilha.

– Sabe o que também é patético? Essa ilha. – O deus continuou a dizer. – Eu não sei como meus pais conseguiam. Ainda bem que eu sai daqui. Afrodite me livre de viver nesse lugar.

– Devo lembrá-lo de que uma tragédia precisou acontecer aqui para que você saísse dessa ilha? – O homem mais velho pareceu incomodado com a atitude desdenhosa do deus.

Mermaid - Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora