Capítulo I

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Havia outra carta em sua mesa. Sentiu o seu coração saltar enquanto um calor se reunia em seu abdômen. Olhou em volta certificando-se que ninguém mais tinha visto. Mas por instinto do que por qualquer outra coisa, desde que ela era geralmente uma das primeiras a chegar.

Lentamente, secou as mãos, esticando uma delas. Seria um poema desta vez? Outra historia que a faria tremer e a levaria quase ao orgasmo?

Não! Desta vez não.

Desta vez apenas leu, 'EM BREVE'.

Santa Mãe, o que queria dizer?

Que iria ligar tarde da noite?

Que deixaria essas historinhas sujas, ou os poemas românticos?

Será que apareceria finalmente?

Iam encontrar-se cara-a-cara?

Eram tantas dúvidas.

A primeira carta veio quase quatro meses atrás, no Dia dos Namorados, com uma pequena cesta cheia de alguns artigos interessantes. Um par de algemas de tecido, feita de um material macio que não causaria dor; uma pena, um frasco de creme de massagem, uma lata de chantilly, e um cartão.

No cartão tinha escrito.

VOCÊ.

EU.

ALGEMAS.

CHANTILLY.

ALGUMA PERGUNTA?

Desde então, recebia uns envelopes.

A carta tinha sido escrita a mão e a letra lhe pareceu familiar, mas não conseguiu reconhecer.

Interessante, já que seus traços eram elegantes, especialmente para um homem.

Um mês após as cartas começarem a chegar, iniciaram-se os telefonemas.

Ela novamente esfregou a mão esquerda contra a calça, o anel em seu dedo brilhava zombeteiro.

As cartas começaram a chegar uma semana depois de seu noivado com Matthew.

E quando Camila disse a ele, relutantemente, sobre o admirador misterioso, que não quis dar o nome quando ligou. Matthew apenas respondeu: "Esse homem não está em seu juízo perfeito".

Ela suspeitava que essas cartas tinham começado por causa da oferta de casamento. E também suspeitou que seu admirador secreto estava certo. Somente a leitura de suas cartas a havia esquentado mais que as carícias de Matthew.

Carícias quentes, apenas isso. Se fossem apenas as suas cartas, mas só de escutar sua voz, seu sexo se umedecia a ponto de doer. Como seria toca- lo? E ser tocada? Como seria?

Ela ia descobrir.

Mas, talvez, deveria dizer a Matthew.

Um loiro arrogante, a observava do outro lado da mesa, enquanto batia nervosamente seus dedos sobre a toalha branca. Ergueu o copo e tomou um gole antes de colocar sobre a mesa novamente, e olha-la fixamente como se fosse um espécime de laboratório sob um microscópio.

Ele estava com raiva.

E ela raramente via Matthew com raiva. Mas o tic que fazia seu queixo palpitar era uma mostra de que estava.

- Por que não chamou a polícia? - ele finalmente perguntou.

"A polícia? Por que diabos chamaria a polícia?"

Este pensamento, deve ter transparecido em seu rosto, porque Matthew se inclinou e disse:

- Tem alguém te perseguindo, te enviou notas e presentes ameaçadores, ligou pra sua casa, e não chamou a polícia? É uma pequena idiota. Não acha Camila?

Seus olhos se estreitaram quando ela disse devagar, com cuidado.

- Eu não sou idiota. Ele não quer me machucar Matthew.

- Algemas? Você não acha que isso é uma ameaça? - Matthew disse, balançando a cabeça.

Não. Ela pensava que era emocionante.

Algemada a uma cama, talvez até mesmo com os olhos vendados, enquanto seu admirador passava a mão por todo o seu corpo?

Enquanto fodia ela, dando palmadas em sua bunda...

Camila sentia seu seio entumecerem, e pela seda de sua camisa, sabia que Matthew também podia ver. Seu sexo doeu outra vez, e começou a ficar úmida. Ela podia sentir sua calcinha ficando molhada, e via a imagem do admirador misterioso sentado ao seu lado, deslizando sua mão ao longo de sua coxa, arrastando os dedos para cima, em direção as suas dobras molhadas, acariciando seu clitóris, enquanto ela conversava.

- Camila?

Ela balançou a cabeça e abriu os olhos nublados, para olhar Matthew. Seu rosto era sereno e inflexível. Lentamente ele levantou-se, bebendo um sorvo de sua bebida.

- Eu tenho que voltar pro escritório - ele disse em tom baixo, a raiva vibrando em sua voz. - E eu acho que você sabe o que quer da vida. Se sou eu, então vá pra casa como uma boa menina, pegue todas as cartas e entregue à polícia.

Ele se aproximou e abaixou a cabeça para sussurrar em seu ouvido.

- E Deus, tenha um pouco de dignidade. Parece que estar pronta para que te fodam aqui mesmo.

Seu rosto queimava enquanto o noivo se afastava. Ela tinha certeza de que todos estavam olhando, mas quando olhou em volta, ninguém parecia notá-la. Esperou a sua respiração acalmar, depois levantou-se deixando a gorjeta sobre a mesa.

Matthew era um dos médicos mais respeitado da área, um cardiologista que tratava os problemas cardíacos com uma incrível habilidade cirúrgica, com a ajuda da medicina moderna.

Mas quando se tratava de entender o coração humano, era o mais obtuso.

Chantilly e AlgemasOnde histórias criam vida. Descubra agora