Prólogo

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Minha mãe tirou o termômetro de baixo do meu braço e respirou fundo, sacudindo-o um pouco e colocando novamente na minha mesa de cabeceira. Ela destacou o comprimido da embalagem e entregou em minha mão, junto de um copo de água.

- Você não deveria ter chego tão tarde da festa ontem. – Ela comentou e eu suspirei.

- Mãe! – Reclamei, franzindo a testa.

- Não começa! – Ela falou. – E você sabe que seu pai não gosta que você fique andando com Spike.

- Mãe, foi a festa de formatura da faculdade, você sabe. Eu acabei o curso! – Abri um largo sorriso. – Eu precisava comemorar.

- Eu sei. – Ela suspirou. – E estamos muito orgulhosos de você. – Dei um sorriso de lado suspirando.

- E, outra, Spike é meu namorado, vocês gostem ou não. – Ela suspirou e balançou a cabeça.

- Toma o remédio e tenta dormir, você está com febre. – Ela suspirou e confirmei. – Vou dizer para o seu pai que você não vai para o mercado amanhã.

- Não mesmo! – Falei alto, fazendo-a rir. – Pela primeira vez em quatro anos eu vou poder dormir até tarde. – Ela concordou com a cabeça.

- Boa noite! – Ela falou, dando um beijo em minha testa e puxando minha coberta para cima. – Parabéns minha formanda. – Sorri.

- Obrigada, mãe! – Suspirou. – Amo vocês! – Minha mãe sorriu, apagando a luz do meu quarto.

- Também te amamos, querida! – Ela fechou a porta do meu quarto e ouvi seus passos se afastarem para seu quarto.

Coloquei o remédio do lado da cama e joguei as cobertas para frente, me levantando devagar, tentando fazer o mínimo de barulho possível. Acendi meu abajur e tirei meu pijama jogando-o para os lados e peguei a roupa que eu havia deixado pendurada atrás da porta e coloquei rapidamente, colocando um moletom em seguida. Calcei meu tênis bem apertado e ouvi barulhos, me fazendo parar o que fazia.

- Não fique assistindo isso até tarde, precisamos receber a mercadoria do mercado cedo. – Ouvi minha mãe falar e senti minha respiração acelerada.

- Pode deixar! – Meu pai respondeu e o silêncio prevaleceu novamente.

Me debrucei na cama e puxei minha mochila debaixo da mesma, junto com o secador que eu usei para fingir minha febre e coloquei ambos em cima da cama, conferindo rapidamente as poucas trocas de roupa e meu salário do mercado rapidamente para pequenos gastos e soquei tudo dentro da mala, conferindo o horário no relógio ao lado da cama.

Assim que o relógio virou onze da noite, ouvi um barulho fino bater contra a minha janela e esperei ouvi-lo novamente antes de me aproximar dela e ver Spike no quintal do primeiro andar. Corri até a porta e tranquei a mesma, ouvindo o baixo clique dela e segurei minha respiração por alguns segundos, esperando a reação de alguém.

Ouvi novamente o barulho na janela e segui para a mesma, abrindo-a devagar, segurando-a com o trinco e peguei minha mochila, colocando-a nas telhas e me debrucei sobre a janela e subi na mesma, tentando fazer o mínimo de barulho possível, e, quando me vi para fora, abaixei a mesma devagar, soltando-a levemente quando a fechei.

Caminhei devagar e abaixada pela telha e quando cheguei na beirada da mesma, vi Spike sorrindo para mim lá embaixo e joguei minha mala para ele que a pegou facilmente e a pendurou em suas costas.

- Vem pelo canto, devagar! – Ouvi sua voz baixa e segui por onde ele falou, olhando para baixo, vendo que não era alto, seria fácil.

- Me segura! – Falei, me colocando de costas para a beirada, respirando fundo.

- O que você está fazendo? – Me assustei com a voz do meu pai na janela do seu quarto. – Aonde você vai? Marissa, ela está fugindo!

- Vem logo! – Ouvi Spike gritar e eu soltei meu corpo para baixo, sentindo-o bater contra Spike e nós dois cairmos no chão.

Vi as luzes de casa se acenderem e nos levantamos correndo e entramos no carro correndo, e Spike colocou a chave na ignição e o carro não ligava.

- Vai logo! – Gritei, batendo minhas mãos no painel.

- Não quer ligar, tá frio demais! – Ele falou, forçando a chave novamente.

- Olívia! – Minha mãe saiu pela porta da frente de pijama, correndo em minha direção.

- Liga! – Spike gritou, quando o carro realmente pegou e ele mudou a marcha rapidamente.

- Você vai se arrepender disso. – Ouvi minha mãe falar em meio aos choros.

- Se você fizer isso, nós não te aceitaremos de volta. – Ouvi meu pai falar e engoli em seco, vendo as casas passarem como borrões, quando Spike acelerou com o carro.

Olhei para trás rapidamente, já não conseguindo mais ver minha casa ou minha família e suspirei, sentindo uma lágrima solitária em meu rosto e respirei fundo. Spike colocou sua mão em minha perna e virei o rosto para ele, vendo o ruivo sorrir.

- Você tem a mim. – Ele falou e eu sorri, apertando sua mão. – Eu estarei aqui para sempre! Eu te amo! – Ele falou e eu sorri, encostando minha cabeça no banco e vendo as casas de Puerto Limón passarem rapidamente pela minha vista, mas optei por fechar os olhos, me fazendo respirar fundo.

(I Got the) PowerOnde histórias criam vida. Descubra agora