Prólogo

9 0 0
                                    

Já estava ali em cima a uma hora, a neve esbranquiçava o rosado do meu cabelo e minhas orelhas não paravam de se remexer para arrebater os flocos.
Dei um muxoxo e apoiei os cotovelos na laje, bufando percebi o quanto o acumulo de neve derretida ralava e deslizava meus joelhos.
Me recostei a um canto do ladrilho e continuei observando a rua abaixo de mim, vazia, como sempre vazia.
Mas era obrigada a caçar nela, vivia no estado mais populoso do mundo, apenas aquela rua era vazia, tinha que esperar algum bebâdo idiota caminhar por ela.
Descançei a cabeça nas pernas enquanto deslizava os dedos pela faca, suja como sempre, e observei meu uniforme escolar; irretiravel e imlimpavel, como oque fazia.
Reclinei a cabeça para a noite fria e contemplei a lua conforme a própria banhava meu rosto de luz.
Meus olhos se dilataram e contrairam.
Permaneci percebendo cada respiração por meia hora até um trincar de uma garrafa ecoar pelo quarteirão; sem dúvida um bebâdo.
O meu nariz se abriu percebendo o cheiro de álcool, saquê.
Me virei e olhei a rua, ali estava, iluminado pela única lampada viva, um homem robusto com a cara afundada, as orelhas de cachorro caiam até os ombros. Gravata na cabeça e saquê escorrendo pelos labios até o queixo. Cantarolava alguma música...
Esperei que ele passasse a frente do beco ao lado da laje e joguei um tijolo que guardava a dias.
O homem parou e procurou pela origem do barulho. Acho por fim o beco e o adentrou.
Levantei lentamente e me direcionei agachada até a escada de emergência.
Desci os degraus em silêncio e me escondi atrás de uma lata de lixo.
O bebâdo murmurou algo sobre alguem estar por ali e se aproximou mais ao fundo.
Esperei que ele agachasse e corri.
Empunhei a faca ao alto enquanto o luar refletia em sua lâmina como diamante e o sangue como rubi, abaixei a mão me impulsionando com a gravidade e...

Mais sangue no meu uniforme e em minha lâmina. Nunca limparia aquela coisa vermelha.
Apenas aceitei oque tinha feito como sempre e deixei que a insanidade consumisse meu núcleo.
Com minha saia me apoiei ali na calçada do beco, observei o corpo inerte do homem ali, sangue escorria sem estancação por sua cabeça.
Fechei os olhos e me deti em mais uma visão.
Acabara de matar um homem que teve a mãe morta no parto, ficou mendingo por um ano, o amigo que lhe socorreu morreu um mês depois, a mulher e a filha desapareceram.

Abri os olhos e respirei, acabara de matar um homem inocente. E pior, aconteceu oque raramente acontecia.
No mês passado, eu tinha matado sua mulher e filha.
Fora meu primeiro assassinato a uma criança, mas não tive escolha, a escasses atingiu o auge naquele mês.
Caminhei até o pesado corpo e o virei e fechei suas palpebras, dei uma breve oração por sua alma e voltei para casa.
Empurrei a porta e peguei a vela que nunca acabava, me redirecionei ao corpo morto e ateei fogo.
Se acabava por ali, ja matara, apenas sentei enquanto esperava mais uma folha aparecer...
Abri a camisa e olhei, a folha dourada nascera em meu pescoço, agora tinha um colar de folhas douradas, não poderia mais abotoar o colarinho da camisa.
"Queria poder sentir remorso pelo que fizera, mas aquela era a floresta, e era inverno" Fiz das palavras de Feyre as minhas.

Queria não sentir remorso pelo que fizera, mas era a maldição, e era inverno.
Foi só oque disse no final.


Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Sep 28, 2018 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

NekoPattyOnde histórias criam vida. Descubra agora