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          CHRISTINE ACORDOU mais uma vez. Era a terceira. Os suspiros abafados, o suor nas têmporas e o som frenético de seu coração bombeando entregavam o susto de um pesadelo. Apenas mais um naquela noite fria demais para que deixasse a janela aberta. Ela não se lembrava dos detalhes, mas ainda sentia o fogo quente percorrendo suas veias e os gritos no mar de escuridão ainda berravam em seu ouvido.

          Todos estavam lá, todos foram consumidos lentamente, devorados pelo fogo. Naquele momento, Christine não sabia o que era pior: sonhar com a morte de seus amigos ou saber que fora ela quem causara tudo aquilo.

          Espantando as lembranças caóticas de uma noite mal dormida, Cristine jogou as pernas para fora da cama e encarou a janela.

          Mesmo depois de tantos dias, os treinos com Kai e Tiana não tinham chegado ao fim. Enquanto um não media esforços para cansar todos os seus músculos ao máximo, desde o amanhecer até o entardecer, o outro estava determinado a infiltrar todo o conhecimento que ela deveria ter adquirido durante a infância ao cair da noite.

          Christine estava sempre exausta, com o corpo dolorido e a cabeça latejando. E mesmo depois de ler dezenas de livros que ela ainda não sabia totalmente para que serviriam no futuro, Christine ainda não aprendera a maioria das outras línguas aragonianas e os conhecimentos mais importantes continuavam inacessíveis. Ao menos, para se arriscar a ler sozinha. Por sorte, Tiana sempre estava ao seu lado para traduzir e ler em voz alta o que era mais importante.

          Christine piscou e viu o tempo mudar através da janela embaçada. As nuvens cinzentas da madrugada não mais ilustravam o céu. O azul claro e limpo fez o coração dar um salto e era como se aquele amanhecer trouxesse uma mensagem de esperança, de que as coisas iriam melhorar.

          Pelo menos, era o que escolheria acreditar naquele momento. E, se deveria ela segurar-se em algo para não desmoronar, por que não na luz de um novo dia?

          Ao longe, quase como que respondendo suas profundas incertezas, o sol brilhou no céu azul.

          Girando a cabeça para o lado, pôde avistar a cama de Sarah vazia. Christine suspirou, sentindo um aperto no peito. Aquela imagem estava se tornando constante, mas ainda era estranho ser a segunda a acordar. E, ao observar os lençóis devidamente esticados, Christine soube imediatamente que Sarah não tinha retornado para o quarto naquela noite. Ela teria ficado preocupada se isso também já não tivesse se tornado familiar.

Christine caminhou porta afora, traçando seu caminho pelo corredor diretamente até a escadaria principal, como fazia todas as manhãs. Ela tentou manter o rosto neutro enquanto descia as escadas. Não deveria ficar preocupada com um simples sonho.

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