Um Conto de Halloween

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Noite de Terror 


 Era uma noite sem lua e nublada, a escuridão dominava a floresta quase como se terra e céu fossem um só, as primeiras gotas de chuva caiam solitárias pelo mato, o som que se ouvia era o farfalhar das árvores, folhas secas e poeira que o vento furioso arrastava. Qualquer animal que ali vivia estava quieto e escondido em sua toca, não era a chuva que os assustava, mas a criatura. Oculta, misturada a escuridão como se fizesse parte dela, estava a criatura, somente os olhos a denunciava, olhos dourados, aquilinos, ferozes e atentos penetravam a escuridão como dois faróis. A criatura estava faminta e caçava, havia pequenos animais próximos, mas a criatura não se satisfazia com eles, ela queria mais e ela teria mais. A chuva iria atrapalhar a caça e a criatura precisava se apressar, não se alimentava bem há dias. Respirou fundo, apurou seus sentidos e o vento lhe trouxe um presente, um cheiro maravilhoso de sangue, mas não qualquer sangue, era o melhor, era sangue humano. E correu. Era noite de Halloween, nessa data os celtas comemoravam sua passagem de ano e acreditava-se que nesse dia o tecido da realidade que divide o mundo dos vivos e dos mortos ficava frágil, permitindo a passagem dos mortos e criaturas sombrias entre as duas realidades, era do outro lado que a criatura provinha e não retornaria sem que se alimentasse muito bem. 

Instantes antes e não tão longe de onde a criatura estava, um grupo de jovens acampava na sombria floresta, a luz oscilante da fogueira era a única iluminação no ambiente. O vento corria com força em volta dos 7 jovens reunidos em torno da fogueira. Nada naquele dia indicara que haveria chuva à noite, fora um dia quente e relativamente seco. Randall e Ralph caçaram um alce, Christopher e seu irmão mais novo Lenny haviam montado as barracas, July e Brunna organizaram o inventário do grupo e Gilbert preparara os instrumentos para cozinhar o jantar, encerraram o dia com um banho no lago e agora saboreavam o alce enquanto conversavam diante da fogueira. Começou a cair as primeiras gotas de chuva e um galho de uma das árvores próximas não resistiu ao vento e quebrou-se acertando a testa de Christopher que caiu desmaiado, do ferimento escorreu sangue e era nesse instante que nas profundezas da floresta a criatura iniciava a sua caça. Randall e Gilbert levaram Christopher para uma das barracas enquanto Brunna pegava o kit de primeiros socorros, Ralph e July foram buscar mais água no rio, somente o pequeno Lenny enxergara as figuras escuras que aproximava-se do acampamento, mas estava preocupado demais com seu irmão para dar atenção às figuras. O bip do relógio de pulso de Ralph indicava que era meia noite, após coletar a água do rio, July e ele foram em direção ao acampamento, mas num piscar de olhos a imagem de um velho surge diante deles, o velho tinha uma extensa barba branca como neve e vestia um manto tão branco quanto sua barba criando um enorme contraste entre o velho e escuridão da floresta. O velho sinaliza para se acalmarem e diz: 

Apressem-se, só vocês podem proteger essa floresta de todo o mal que surgiu essa noite. Precisam subir até a árvore no topo da colina e escrever em seu caule a runa de proteção, só assim ficarão a salvo. O velho faz um gesto com as mãos e a imagem de uma runa aparece à sua frente. Ralph diz: --Mas e nossos amigos? Temos que avisá-los! O velho se irrita e fala: --Não há tempo seu tolo, já é tarde demais para seus amigos, mas pode não ser tarde para vocês, se querem sobreviver a isso, saiam imediatamente e façam o que digo. Ralph prontamente agarra a mão de July e os dois correm em direção ao topo da colina. A chuva já estava forte e raios caíam por toda a floresta, Brunna limpara o ferimento de Christopher enquanto Lenny observava, Randall e Gilbert estavam guardando o que conseguiam antes do vento levar tudo, a fogueira já havia se extinguido, então usavam suas lanternas para encontrar tudo. Gilbert escuta o som de um gemido atrás de si e ao virar-se se depara com um ser horripilante, era uma mulher seminua com pele muito branca, os membros do seu corpo pareciam retorcidos, sua cabeça era torta, os longos cabelos negros cobriam-lhe a sua horrenda face, ela tinha uma grande boca e por ela uma longa língua descia até a altura de seu umbigo. Não houve tempo para gritar, a mulher imediatamente lambeu-lhe a face e todos os músculos de Gilbert se retesaram, a mulher esticou a boca como uma cobra e o engoliu por inteiro. 

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