ANTOLOGIA DE PARK E BYUN | ChanBaek

3 - Você me deixa na ponta dos pés

Baseado na música Na ponta dos pés do Apanhador Só e recomendado pela leitora @Lary-Cry no ss.

Ei, você!

Você me deixa na ponta dos pésE eu que não sou bestaMe estico todo e tento enxergarLá longe, onde tu costuma mirarLá longe, onde não consigo nem ver,Mesmo que na ponta dos pés.

(Na ponta dos pés - Apanhador Só)

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Park Chanyeol levava o violão para escola, já Baekhyun, a guitarra. Loucura, eu sei! Dois garotos tão diferentes acabarem se esbarrando no refeitório e um sentimento nascer tão de repente. Era impossível para ambos antes de se conhecerem, um amor nascer assim, tão escondido e às vezes tratado com timidez, ardido no peito por não ter ser plantado, pra todo mundo ver. Mas estava tudo bem em regar a terra pelos cantinhos, em ver as folhas crescendo aos pouquinhos conforme o ano letivo ia se passando e a proximidade acontecia naturalmente, afinal, a primavera nunca chega de uma vez.

Os olhares desconfiados começaram a brotar, era provável que aconteceria um dia, pois andavam sempre juntos e a divergências entre eles alimentava ainda mais os curiosos, juízes da amizade tão improvável. Mas Byun Baekhyun gostava de rock, de ceder a uma vida agitada e viver sobre nenhuma regra. Não foi difícil para ele, mandar um bilhete na aula de matemática, trocando o tão procurado "x" por algo mais extenso como "Depois da aula, atrás do muro da escola, eu irei te beijar, Chanyeol". E assim como prometido, na saída da aula, atrás do muro da escola, ele questionou ao melhor amigo se poderia fazê-lo.

Park gostava demais das piadas de Baekhyun, mas ele imaginou que aquela fosse a melhor de todas e riu até sua barriga doer. Baekhyun não estava rindo, nem tão pouco movimentou os lábios em graça, ele falava muito sério.

Valente como era, Baekhyun não esperou pela resposta, ficou na ponta dos pés e roubou de Chanyeol um selinho, sorrindo quando o crime foi feito e recostando-se no muro para não acabar caindo, porque as pernas tremiam demais em nervosismo.

Chanyeol estava surpreso, mas por outro lado, sabia que uma hora aconteceria, afinal, o que sentiam um pelo outro era perceptível e logicamente não pararia nos olhares queimantes, toques constantes ou nos longos abraços de lado. Certamente não iria!

Baekhyun gostava de provocar, de tirar as pelinhas dos lábios a todo momento, de acompanhar desnecessariamente o amigo até o banheiro, de perguntar coisas íntimas em relação ao seu nível de virgindade e principalmente de comentar coisas aleatórias e pornográficas demais para um amante de MPB responder sem ficar vermelho de vergonha, é claro.

Chanyeol sabia ser covarde, gostava de calar as declarações na boca e apenas escrever canções com tudo que deveria ser dito, e não, escrito. Mas tudo bem, porque naquele instante, Baekhyun o puxou novamente e tratou de beijá-lo de verdade, cansado de ficar preso na mentira de suas ilusões, onde tinha que continuar vivendo calado como castigo.

O mais alto o apertou na cintura, gostou dos lábios o colhendo, da suavidade nas mordidas, da experiência trocada, do vento batendo contra ambos e do barulhinho que os selares desabrochavam.

Na ponta dos pés, Baekhyun beijou Chanyeol em segredo. Para o roqueiro, amar alguém do mesmo sexo com gostos diferentes de si e uma vida tão monótona, não era tão preocupante. Ele admitia que gostava da adrenalina de puxá-lo pela nuca, tirando-o da mesmice de um corpo levado na onda do padrão. Tinha que admitir também, que adorava o que teria que enfrentar pela frente, desde a distância de uns centímetros de altura, das famílias de conservadores, até o grupo de amizades nada incomum. Eles sabiam o tamanho do perigo, sabiam que ventanias sopradas com força demais pelas bocas invejosas, tinham o objetivo de jogar praga em suas folhas e arrancar com raiz e tudo, um sentimento tão puro. No entanto, estava tudo bem, pois entre os acordes suaves ou intensos, Chanyeol e Baekhyun sempre acabavam não no sonho um do outro, mas sim, atrás do muro, longe de tudo, onde um ficava na ponta dos pés, e o outro, no topo do mundo.

Fim.