Malfattore

Prologo

A angústia me consumia. Eu não conseguia me mover e as palavras não saiam pelos meus lábios. Era como se as minhas cordas vocais não fossem capacitadas de emitir algum som.

Ela estava em uma cadeira de madeira. Cordas mantinham os seus braços e as suas pernas presas. Um tecido azulado a mantinha calada. A morena chorava e o seu belo rosto estava machucado. Manchas vermelhas estavam espalhadas pelo seu corpo: pernas, braços e pescoço. A camisa que ela usava estava rasgada e mal cobria os seus seios. E eu reconhecia aquela camisa.

Selena estava ferida, e o que eu mais queria era soltá-la e distribuir alguns beijos pelo seu rosto. Queria cuidar de seus ferimentos e fazer com que tudo voltasse ao normal. Eu prezava pela sua proteção.

A porta semidestruída foi aberta e eu vi à mim mesmo passando por ela. "Ufa, é apenas um sonho. Ela está bem." Pensei. Soltei um suspiro aliviado, permitindo que um pequeno sorriso surgisse em meus lábios.

Seria estranho eu me referir a mim mesmo como ele? Aquele não podia ser eu. Não podia.

Ele caminha até Selena, um sorriso malicioso preenchendo os lábios idênticos aos meus. Ajoelhou-se de frente à garota e repousou as mãos em suas coxas. O pânico de Selena pareceu aumentar na medida em que ela tentava se libertar de seus toques.

— Não é difícil entender o porquê de ele ter a escolhido — ele ergueu uma das mãos, passando-a pelos fios escuros do cabelo de Selena. — Não chore, Marie. Sabe, eu poderia me aproveitar muito bem do seu corpo, mas estou atrasado.

Eu me sentia enojado. Por que eu estava fazendo aquilo? A não ser que... Não, não podia ser. Era impossível.

Deixando um beijo no pescoço de Selena, ele se afastou e foi até o canto do quarto. Eu tentava caminhar, mas não saia do lugar. Aflito, eu tentava me mexer, mas nem mesmo um fio do meu cabelo se movia. A sua silhueta — ou minha? — voltou, com um galão de gasolina nas mãos. Sorrindo, ele começou a entornar o liquido no local. Jogou o galão em qualquer lugar e caminhou até a porta.

Selena ainda tentava se soltar, gritando algumas palavras emboladas.

— Desculpe, mas eu não posso deixar que ele seja feliz — disse. Balançando a cabeça e sem deixar que o sorriso sumisse de seus lábios, acendeu um fósforo e o jogou no cômodo um pouco antes de sair correndo.

Ao perceber que não poderia fazer nada, caí de joelhos enquanto via a mulher que eu amava arder em chamas. As cordas, se transformaram em correntes. Eu era insuficiente, não era capaz de salvá-la.

Estou errado por querer que a gente fique junto?

— It's you (ZAYN).