Capítulo 1

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ADAM

— Adam, vamos, não podemos atrasar! Levanta! — ela pediu com aquela voz enjoada e eu levantei puto.

Eu sabia que era uma péssima ideia desde o começo. Vesti minhas calças e só então virei para encará-la. A mulher do meu sócio estava deitada de bruços olhando diretamente para mim, com um sorriso divertido brincando nos lábios, e eu tive que reprimir a vontade de vomitar ou gritar.

— Você não estava com pressa? — perguntei rispidamente, quando ela não se moveu.

— Cadê o Adam de ontem a noite? Ele não estava reclamando enquanto eu fazia tudo beeeem devagar! — ela disparou, junto com uma gargalhada, que fez o meu estômago revirar. Ainda era capaz de sentir o gosto do Whisky.

O Adam de ontem à noite estava bêbado para caralho e só foi para a cama com você para parar de escutar sua voz chata, pensei e cheguei a abrir a boca, mas engoli a resposta.

— Vou tomar um banho, — ela levantou da cama, e prendeu os longos cabelos loiros no topo da cabeça — e você é mais do que bem-vindo — ela piscou enquanto passou nua do meu lado, e eu tive que desviar o olhar.

Por mais que não houvesse nada no corpo de Jeniffer que não valesse a pena ser olhado, eu simplesmente não conseguiria olhar para ela e não sentir culpa.

Puta merda.

Sentei na beirada da cama e segurei a minha cabeça entre as mãos. Nunca me importei em comer mulheres comprometidas. Pelo contrário, eu até preferia, porque eu sabia que elas não iriam esperar nenhum tipo de relacionamento comigo.

Jeniffer não é só a mulher de alguém; ela é casada com o meu melhor amigo.

Eu nunca cheguei nem perto de me sentir atraído por ela ou algo assim. Não imaginei que acabaria na cama com ela, quando ela se ofereceu para me trazer para casa, depois do fracasso da reunião com os acionistas japoneses.

Bebi duas garrafas de Whisky e quebrei uma terceirei ainda cheia na parede da sala de reunião. Foi aí, então, que Jeniffer entrou e me falou que iria me trazer em casa. Eu sabia que não era uma boa ideia. Não achei que a mão dela na minha perna, durante o trajeto do escritório até aqui, fosse algo mais do que um gesto de consolo, até que ela me beijou no segundo em que entramos no meu apartamento.

Tentei empurrá-la para longe, mas tudo o que consegui foi estabelecer alguns centímetros de distância entre mim e as duas Jeniffers que tomavam conta no meu campo de visão.

Cambaleei até o sofá, enquanto a imagem retorcida da mulher caminhou na minha direção. Ela começou a dizer um monte de coisas com aquela voz chata, que fazia minha cabeça explodir, então a beijei e fiquei agradecido pelo silêncio que foi substituído por gemidos. 

Levantei da cama, enjoado com as lembranças e soquei a parede. Soquei novamente, e continuei socando até perceber o sangue que começava a manchar a tinta branca.

— Adam — ela chamou, com a voz aguda, preenchida com nuances de medo.

— Por que você fez isso? — virei para encará-la e gritei. Eu sabia que não era justo culpá-la pelo sexo. Era culpa minha também, e por isso eu estava tão puto.

Ela me encarou. Algumas lágrimas começaram a brotar nos olhos dela, e eu sustentei seu olhar marejado.

— Eu acho melhor você ir embora— falei por fim, porque já não sabia mais o que dizer ou fazer.

— Adam...

— O que você acha que vai acontecer, Jenny? Você acha que vai largar o Max e vamos viver felizes para sempre? Eu não sinto nada por você! Não existe absolutamente nada entre a gente! — falei encarando seus grandes olhos verdes — O Max é o meu melhor amigo, porra! Você me beijou! Eu fui para a cama com você! — gritei as últimas frases, lutando contra as minhas próprias lágrimas.

— Eu e Max estamos passando por um péssimo momento, e eu te disse isso ontem! Não vem com esse papinho de relacionamento e comprometimento, porque você sabe que não é isso o que estávamos fazendo ontem! — ela gritou — Eu sei que foi um erro, mas eu estava precisando de sexo casual, e você nunca pareceu se importar com isso!

— Eu não me importo com sexo casual desde que não seja com a mulher do meu melhor amigo — soquei novamente a parede e mordi o lábio para não gritar.

— Então você deveria ter mantido esses seus princípios quando me beijou no sofá — ela disse, e precisei respirar fundo para não fazer nenhuma besteira. Com que tipo de mulher o Max era casado?

Sim, eu a beijei no sofá. Mas foi ela quem beijou primeiro. Quase gargalhei amargamente ao perceber que estava soando como uma criança da primeira série, colocando a culpa na outra. Aquilo era tanto culpa dela, quanto minha. E isso fazia de mim um péssimo ser humano, e um amigo pior ainda.

— Eu quero que você vá embora agora. Não quero te ver aqui, quando sair do banho — falei, lutando para não deixar as palavras virarem gritos. Caminhei até o banheiro, deixando-a sozinha atrás de mim. 

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⏰ Última atualização: Oct 03, 2018 ⏰

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