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Oi, de novo.

jjk <nochu97@gmail.com>
para: talktomewhenyoudontfeelgood

16 de set de 2013 21:00

Oi, de novo, hyung. Ou seja lá quem disse que gostaria de ouvir os meus problemas para que Jimin hyung não ficasse gastando seu tempo se preocupando comigo.

Oi. Eu estou aqui com a mesma conversa de sempre. Não me sinto bem, hyung. Não me sinto bem nessa casa, e não estive em muitas casas diferentes em toda a minha vida para saber se eu me sentiria em qualquer outra.

Mas, você sabe. Me sinto um pouquinho melhor quando estou rodeado de pessoas. Da pessoa que eu gosto também. Infelizmente, não tenho muita informação sobre eles. Não sei qual seria a reação das pessoas ao meu redor se eu contasse que, é, eu me sinto atraído por esse garoto e gostaria que fosse recíproco. 

Você tem um palpite, hyung? Eu tenho um.

Jimin hyung esperou por mim sentado na escada em frente aos portões do meu prédio. Com um cigarro barato no meio da boca, aceso. O desprezei por aquilo, por meio segundo. Jimin estava aproveitando sua maioridade recém mudada. Hyung, além de ter 19 anos na Coréia, era finalmente um adulto legalizado.

Em vinte de maio de 2013, a notícia estava por todo lugar. Por toda a Coréia do sul, anteriormente adolescentes de 19 anos agora são adultos. Jimin hyung pode beber, fumar e ser preso fazem três meses e meio.

Me sentei ao lado dele e acenei com a cabeça para o cigarro. Ele me olhou, com a boca meio fechada, estreita, o cigarro no meio. Não franziu as sobrancelhas, nem me bateu, nem me xingou.

Pensei que ele fosse apenas ignorar-me totalmente quando desviou o olhar, passando-o para a entrada do condomínio, e empurrou o cigarro para um dos dedos, segurando-o ao lado do rosto.

Vi-o deixar aquela fumaça dissipar-se para fora de sua boca, junto com o cheiro, e então, jogá-lo longe, como se jogasse um brinquedo de infância que aterrorizava seus sonhos.

Eu tinha certeza que Jimin tinha lido meus e-mails. Ambos. Se ele não tivesse, ele iria propositalmente falar. Falar muito. Ele iria propositalmente perguntar-me sobre cada marquinha diferente em meu rosto, sobre cada entonação mais escura nas minhas olheiras e sobre meu olhar desapontado.

Mas Jimin hyung ficou quieto. Quieto demais. Um quieto que era insudercedor de tão silencioso.

Eu não sabia como agir quando sabia que mais alguém sabia de algo. Jimin hyung estava ali porque agora, ele provavelmente sabia que eu gostava de garotos. E que eu não aguentava mais ficar em casa com aquela pressão de ter de confessar tal coisa tão íntima e, ao mesmo tempo, normal.

Jimin hyung provavelmente não queria me ouvir dizendo que talvez eu gostasse dele. E talvez ele realmente não quisesse ouvir uma única palavra da minha boca. Não queria me aguentar nem um pouquinho mais, e por isso estava ali, em silêncio.

Era o suficiente.

Ele me olhou e soltou uma risadinha frouxa, antes de mais uma vez voltar seu olhar para outro lugar. Dessa vez, para a rua.

Era o suficiente que ficássemos quietos. Estávamos juntos, sabendo de meus segredos. E acho que ninguém conseguiria escapar nessa circunstância.

— Você tem pasta de dente no queixo. — Ele me disse. 

Não limpei-me imediatamente. Esperei com que ele me encarasse um pouquinho mais, e em seguida, cobri-me com a mão. Deixei com que Jimin hyung risse mais uma vez.

Realmente não me importei de termos só ficado ali, metade da noite sentados no último degrau da escada, num frio do cacete. Sem nada para dizer e sem nada para argumentar. E se Jimin hyung quisesse brigar com alguma coisa, ele teria feito-o anteriormente.

Jimin hyung me concedeu o que eu tinha pedido, e eu não podia ficar mais agradecido que isso.

Acho.

talktomewhenyoudontfeelgood@gmail.comOnde histórias criam vida. Descubra agora