Passado não é só algo que passou. Ele permanece dentro de nós, é a história que contamos para saber quem somos. E às vezes nem é como lembramos. É apenas nossa versão de nós mesmos.
O Uber não demorou a chegar. Entrei no carro, cumprimentei o motorista e me acomodei no banco de trás. Ele me olhou, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, pedi para que me deixasse na rodoviária. Esfreguei meus olhos com as duas mãos tentando enxugar as lágrimas e deixar meu rosto mais apresentável. Ele continuou me olhando, como se quisesse entender o que estava acontecendo. O encarei e disse.
– Quer saber? Minha mãe pode esperar, eu vou é beber! – Disse passando as mãos no cabelo e dando um nó com eles, no alto da cabeça. O rapaz continuou me olhando, mas agora com uma expressão engraçada, como se eu fosse alguma maluca. – Conhece o UK Pub?
– Sim, sim... conheço.
– Então. Pode me deixar lá. Chego na rodoviária depois.
Ele sorriu.
– Dia ruim?
– Péssimo! Desastroso! Mas nada que uma bebida não resolva.
Ele sorriu e partiu. O Pub ficava há poucos quilômetros dali. O dono era um velho conhecido da época da faculdade. E certamente não iria barrar a minha entrada por estar usando um shortinho, uma camiseta e uma sandália havaiana.
O carro parou em frente ao pub, e uma pequena fila se estendia em frente a entrada. Homens e mulheres bem vestidos e com cara de quem ia aproveitar bem a noite, conversavam enquanto esperavam sua vez de entrar na baladinha.
– Não vai ter problemas para entrar? – Perguntou me olhando. – Eu devia estar pior do que estava imaginando. Olhei para a porta, receosa. Conhecia o segurança. Era o Felipe. Voltei a olhar para o motorista.
– Não. Já tenho problemas demais, estou começando a dispensar novos. Obrigada. – Estendi uma nota de vinte reais. Uma daquelas notas que você perde dentro de uma roupa e só encontra após algumas lavagens. Entreguei ao motorista, sem esperar pelo troco.
Desci do carro e me dirigi até a porta, passando pelos olhares indignados dos que estavam na fila. Felipe me olhou com um sorriso.
– O que houve? Você está péssima! – Disse abrindo a porta de vidro fumê.
– Vou melhorar, depois de uma ou duas doses de algo bem forte. – Ele me sorriu, balançando a cabeça.
Entrei e sentei em um dos bancos no balcão.
– Whisky, por favor. – Pedi a moça que me olhou curiosa. Arthur o dono do bar, estava do outro lado e assentiu. Ela me serviu. – Sem gelo. – Pedi. Senti Arthur se aproximando e antes que ele perguntasse, resmunguei. – Se alguém me perguntar mais uma vez o que está acontecendo, não vou responder por mim.
– Ok. Estou de olho em você. Ainda q não me veja. - Ele sorriu, me deu um beijo no rosto e se afastou.
A primeira dose desceu rasgando. Bebi de uma vez, como se pudesse abrir o caminho para a segunda, que viria logo a seguir. A garçonete me olhou com a garrafa na mão.
– Pode deixar aqui. – Disse apontando para a garrafa.
Ela voltou a encher o copo e colocou a garrafa ao lado, se afastando em seguida. Voltou minutos depois com uma pequena tábua de frios.
– Com os cumprimentos do Arthur. – Olhei para ele do outro lado do bar, ele acenou com dois dedos na lateral da testa e sorriu. Dei um meio sorriso e levantei o copo em agradecimento.
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Clarissa
RomanceIzabela é secretária em uma grande editora de Pernambuco e acredita ter uma vida certinha com seu emprego perfeito e casamento de conto de fadas. Até que é surpreendida por uma descoberta que vai lhe tirar o chão e colocá-la em meio a um furacão de...