A Batalha do Sertão

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Ouviu-se um grito vindo de dentro da superintendência da polícia federal em Curitiba: "LULA ESTÁ MORTO!" O choque foi avassalador. A corrida presidencial tinha adquirido contornos absurdamente violentos dos dois lados. Lula morto em sua cela. O assassino não foi visto por ninguém. As câmeras falharam e os guardas trocaram seu turno sem comunicação entre eles, o que deixou uma pequena brecha de alguns minutos para tudo acontecer.

Todos se perguntaram como era possível alguém ter matado o ex-presidente. Suicídio foi descartado, a bala entrou em um ângulo de cima para baixo, como uma execução limpa. O Brasil e o mundo pararam com a morte de um líder tão importante. Notícias a todo momento, conspirações, busca de culpados. A maior suspeita era o seu adversário direto, o mito, Bolsonaro. Um pouco antes do momento da execução, Bolsonaro estava num comício perto dali.

Testemunhas disseram que era um sósia que orquestrava o discurso e cumprimentava os seus seguidores, enquanto o verdadeiro estava oculto nas sombras. Começaram os rumores e, em pouco tempo, já haviam sentenciado: "FOI ELE! MORTE AO MITO!", esbravejavam os eleitores de Lula/Haddad.

Bolsonaro permaneceu calado por algum tempo após o incidente, planejando algo em seu quartel general no Rio de Janeiro. O campeão de Lula, Haddad, era conhecido como O Filósofo, por suas tramas e conhecimentos sombrios. Para evitar uma guerra civil entre direita e esquerda, ele propôs uma solução inusitada: um combate em duplas. O povo estava estarrecido, uma proposta inimaginável, decidirem uma guerra que estava por vir num combate mortal. Foi quando Bolsonaro confessou em sua live no Facebook: "Eu matei Lula com as minhas mãos! Vamos destruir tudo que sobrou!" O desafio foi aceito.

Preparou-se a arena, sertão nordestino. Manuela e Haddad versus Bolsonaro e Mourão, de frente para o cerrado. Suor escorria entre as sobrancelhas de Haddad. Bolsonaro engolia saliva no seco. Mourão e Manuela se encaravam fixadamente. Foi aí que o primeiro passo foi dado. Manuela entrou em posição de ataque, sua katana ainda na bainha, uma das mãos pronta para sacá-la. Afastou os pés devagar e, finalmente, investiu com velocidade para cima de Mourão. Sua rapidez era como um raio, leve e furiosa, carregando a força da mulher no olhar raivoso. Mourão usava uma pistola Magnum de cano longo e começou a disparar na direção de Manuela, mas a velocidade da mulher era incomparável.

Enquanto isso, Haddad e Bolsonaro ainda se estudavam. Haddad pensava em qual seria o melhor ângulo, qual o melhor feitiço, qual a melhor maneira de derrotar o mito. Bolsonaro não tinha mais paciência, sabia que o tempo era seu inimigo mortal e deixar O Filósofo pensar não seria inteligente. Ele entrou em seu exoesqueleto de titânio com duas metralhadoras giratórias acopladas e começou a atirar contra Haddad. O Filósofo sentiu o momento, havia preparado um feitiço para o ataque colossal do mito. Abriu seu livro de mago do MEC e ergueu com as mãos um pilar de areia. Em seguida, fez a areia aquecer rapidamente, transformando-a uma barreira impenetrável de vidro. Bolsonaro ria enquanto bombardeava a parede com a ira de suas metralhadoras.

Ouviu-se um grito de dor mais adiante. Haddad e Bolsonaro olharam em direção a voz. General Mourão cuspia sangue. Uma espada atravessava suas entranhas e apontava em suas costas. A sua arma estava completamente descarregada, caída ao seu lado. Não foi páreo para uma samurai treinada, forte e rápida. No entanto, Manuela parecia abatida, uma bala passou de raspão pelo seu ombro direito, acertando a ponta de sua clavícula. Bolsonaro não exitou e mirou seus canhões para ela, que partiu imediatamente na direção do mito com seus pés de vento.

As balas ricocheteavam no chão, rasgavam o céu, como trovões numa noite de chuva pesada. E, por falar nisso, havia começado a chover, no meio do cerrado, no meio do nada. Manuela era rápida, uma ágil felina, mas, como já estava debilitava, não teve chance contra as maravilhas bélicas do mito. Os tiros simplesmente a dilaceraram.

Até que surge um brilho no céu. Enquanto Bolsonaro tinha suas atenções para Manoela, Haddad preparava seu feitiço final: a tempestade vermelha. Um clarão nas nuvens rugiu e desceu lá de cima um raio cor de sangue que atingiu um cheio o exoesqueleto. Manoela se sacrificou, ganhou tempo, e a batalha estava decidida. Haddad olhou para companheira, sentiu como se o peso do mundo estivesse em suas costas, a dor era insuportável.

Antes de ir até ela, se deslocou até Bolsonaro chamuscado pela corrente elétrica a passos curtos. Quando se aproximou do mito, observou uma contagem regressiva no display da armadura. 5, 4, 3... Neste instante, entrou em desespero, tentou correr para longe, tentou pensar em algum feitiço para se teletransportar, mas o mito ergueu seu rosto queimado e num último suspiro segurou o filósofo até que o marcador chegou ao fim. "Você vem comigo, camarada!", disse o mito. Booom! Uma explosão seguida de uma cratera enorme se abriu no chão e engoliu os quatros corajosos combatentes. O fim de uma era.

A história reconheceu o episódio como "A Batalha da Polarização", em razão da dualidade que dividia o país naquele momento. Após a morte com bravura dos heróis, o Brasil reconheceu que era hora de terminar com a dualidade que havia se instaurado. Foi instituído um governo com um grande conselho de várias ideologias tanto de esquerda quanto de direita que se alternavam de tempos em tempos. A paz voltou a reinar. Famílias e amigos não se separaram mais e o Brasil conseguiu chegar a um patamar de felicidade nunca antes visto.

- Que a ameaça dos extremos nunca mais se instaure no Brasil. - clamam os brasileiros.

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⏰ Last updated: Oct 09, 2018 ⏰

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