Senhor Jung [myg + jhs]

in my throat

~ capítulo único ~

O moreno suspirou satisfeito, secou o suor que descia por sua testa e exibiu um sorriso cansado, porém animador, para o grupo de jovens atrás de si. Olhou para o relógio preso a parede e declarou:

- Ok, pessoal, estão liberados. Obrigado, vocês trabalharam duro hoje! - ouviu-se gritos de comemoração e uma salva de palmas, que o Jung fez questão de acompanhar. - Boa semana para vocês.

Aos poucos, os adolescentes foram saindo da sala, mas não antes de se despedir do professor, seja um tapinha nas costas, seja um high five; até que o professor de dança se viu sozinho.

Depois de tomar um banho gelado no vestiário da academia e trocar suas roupas suadas por outras limpas e mais casuais, Hoseok já se encontrava em seu carro, seguindo as instruções que a voz feminina do GPS dava. Parou no estacionamento destinado aos clientes daquela loja em específico, conferindo se era aquele local mesmo; aparentemente era.

Desceu do automóvel e adentrou a loja de fachada sofisticada, sendo recepcionado por uma vendedora vestida toda de preto.

- Boa tarde, senhor. Seja bem-vindo. Posso ajudá-lo em algo? - a vendedora disse educadamente enquanto o guiava para dentro da loja. Era um espaço amplo que comportava, em uma parte, belos vestidos coloridos para festa e, em outra, ternos dos mais variados estilos.

- Sim... Eu preciso de um terno, vou ser padrinho de casamento. - a loira a sua frente sorriu assentindo e o guiou para as araras que comportavam os ternos mais sofisticados, perguntando sua numeração.

Não demorou muito para que escolhesse um terno aparentemente simples, porém, se o olhasse com um pouco mais de atenção, perceberia os pequenos brilhinhos que se escondiam entre as fibras do tecido. Era bonito e o moreno não pode deixar passar, seria aquele.

Foi guido até uma antessala que dava para quatro provadores; havia um tapete de cor escura que cobria todo o chão, um espelho grande que cobria uma parede toda e um aparador com alguns poucos enfeites, incluindo – curiosamente – um vaso vazio com água. A moça entrou em um provador, saindo em seguida sem o terno em mãos.

- Pode entrar, senhor. Eu vou buscar uma camisa branca e chamar outro funcionário para marcas onde será necessário fazer os ajustes. - Hoseok sorriu agradecido e entrou no provador, fechando a cortina grafite em seguida.

Assim que terminou de vestir o terno completo, abriu a cortina e viu um rapaz de frente para aparador (e – consequentemente – de costas para si), mexendo em algumas flores bonitas de tons pastéis. Quando percebeu a presença do moreno, virou-se e direcionou-lhe um sorriso. Adorável.

Era magro e, assim como a loira, trajava roupas pretas que contrastavam com sua pele branca e lisinha. Os olhos rasgadinhos com íris escuras e levemente escondidos pela franja cinza, o nariz pequeno, os lábios rosadinhos, os dentes infantis e branquinhos.

- Senhor? - Hoseok finalmente acordou para a realidade e deparou-se com a expressão risonha na face do jovem. - Eu pedi que ficasse de frente para o espelho.

- Ah! Sim, sim. Claro. Perdão. - apressou a posicionar-se no local indicado pelo acinzentado. Pelo espelho, pode observá-lo; o menor terminou de ajeitar as flores no vaso – que antes estava apenas com água –, abriu uma das gavetas do aparador, tirou dali uma almofadinha azul com diversos alfinetes coloridos fincados, e prendeu-a em seu pulso. Ao aproximar-se do cliente, murmurou um "com licença" e começou a ajeitar o terno ao corpo do mesmo.

Assim que terminou de ajustar a parte dos ombros, passou a medir a manga. Dobrou alguns poucos centímetros, demarcando-os, com cuidado para não furar o moreno, usando os alfinetes. As mãos levemente geladas tocavam-lhe o pulso, fazendo-o sentir leves arrepios. Olhou discretamente para o braço parcialmente exposto do acinzentado e pode ver os poucos pelos levantados por culpa do vento gelado que saia do ar-condicionado. Surgiu em si uma vontade súbita de arranjar algo para aquecer aquele serzinho.