prólogo

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Domingo, 27 de julho de 2007
Andava pelas ruas largas de Los angeles no calor infernal também característico da cidade.
Fazia mais ou menos 2 anos desde que minha vida havia deixado de ser privada, não cabia em mim o quanto aquilo me incomodava, eu era uma figura midiática que podia ser manipulada por quem quisesse e achasse conveniente bastava uma vírgula trocada e as consequências seriam irreversíveis. “está vivendo o sonho de muitos, patrice” o que não entendiam é que estava vivendo o meu pesadelo. Acho que não preciso fazer o discurso básico sobre a pressão que eu vivia diariamente, minha vida não era só minha mas de toda uma legião de pessoas, um erro cometido virava manchete no dia seguinte, aliás penso que a vida era mais deles do que minha.
Vivia em hotéis, um em específico muito me marcou, era pequeno de uns 3 andares no maximo, tinha um corredor com luzes que piscavam ociosamente e nunca ocorreu a ninguém conserta-las, mas elas se mantinham lá. Meu quarto (o da porta vermelha de número 211) em específico cheirava a colônia barata, tinha manchas no teto, um quadro de um menino triste vestido de azul com quem eu mantinha conversas regulares nas madrugadas de insônia. Não era um paraíso, mas era o mais próximo de estabilidade que eu tinha, longe de tudo como minha própria Nárnia particular.
Não sei ao certo se foi isso que me fez ir de uma pessoa jovial onde podia se escutar a determinação a cada palavra enunciada, para alguém que cada dia parecia ser sua própria execução.
Paradise hotel, foi o lugar onde pude me confortar, sempre estava lá quando precisava lembrar que o que eu vivia era real, muito real, doía, mas ao menos eu podia entender que aquilo ali ainda não era o inferno, então o mesmo, não podia ser tão pior.
De uma forma ou outra, sentia o meu fim.

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