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       Já fazem cinquenta anos que ninguém pega no meu livro, eu sentia a poeira daqui de baixo, tudo calmo, minha vida tava ganha, mas do nada, uns adolescentes que não tem nada da vida pra fazer, resolvem pegar e fazer um dos rituais, QUE POR SINAL é o meu. Eles podiam estar jogando videogame, podiam estar se beijando, MAS NÃO, vamos mexer em um livro empoeirado que claramente não é boa coisa, ATÉ POR QUE ESTÁ ESCRITO: "LIVRO SATÂNICO DE INVOCAÇÃO" NA CAPA. Oh meu tio Lu, por que me prendeu em um livro para sofrer? Ok, desculpa o desabafo logo no começo da história, vou explicar pra vocês o que está acontecendo.

Eu moro em um livro. Sim, um livro. Para ser mais específico na casa da Barbara. Ela mudou a pouco tempo pra cá, com seu pai, e eles não me conheciam. Até hoje. Pfff é claro que eu aparecia na casa às vezes, quebrava um copo ou outro, batia uma porta, até escrevi no caderno dela esses dias. Meu passatempo favorito é ficar observando ela; as vezes até choro com ela, dou risada, enfim. Esse final de semana ela chamou os amigos dela para uma "festa do pijama", e menina... Foi uma suruba doida.
     Eles estavam de boa, até que a madame da Barbara disse:

   - Eu contei pra vocês que aqui nessa casa tem um sótão?

     Obviamente ninguém sabia, e todos ficaram surpresos. Ah, temos mais uma madame na história. Seu nome é Johanny, mas eles chamam ela de Hanny; ela ficou toda animadinha com a história do sótão e disse se eles podiam subir lá. Barbara ficou um pouco receosa mas deixou. Já eu? FIQUEI PUTO.
     Eu subi junto, é óbvio; até tentei empurrar um deles da escada, mas não rolou. Eles começaram a vasculhar umas caixas e abrir umas gavetas. Fiquei tranquilo, até por que meu livro estava bem guardado; até que eu escuto:
    
     - Olha, eu achei um livro.

      Eu nunca senti tanto ódio na minha vida; acho que pela primeira vez eu era realmente um demônio.

     - Livro satânico de invocação, hm, interessante. Vamos ler? - disse um deles, que era chamada de Manu.

      Eles foram para o quarto, e começaram a ler, e eu fui suando sangue. Pararam na parte do ritual e SIMPLESMENTE DECIDIRAM FAZER. Como eu não tinha mais escolha, fui colocar meu belo terno de demônio, arrumei o cabelo, e esperei o ritual.

                                   ~-~

     Hm, aqui tá escrito que a gente precisa de um fio de cabelo de uma virgem, de um pote de requeijão, uma barra de chocolate e tem que cantar KoKoBop, mano??? - disse Manu

    Com certeza ele é army. - disse Livia

    Precisamos de um fio de cabelo, o resto tem aqui em casa. - disse Barbara

    Eu acho que sou a mais virgem aqui. - Raquel respondeu com orgulho disso pela primeira vez.

    Vamo acabar com isso. - diz Cassius

    Cala boca e vamo logo. - Leuh disse enquanto puxava um fio de cabelo da Raquel.

    Colocamos todas as coisas necessárias para o ritual, fizemos um círculo, e começamos a cantar.
   
        ♫ Shimmie Shimmie KoKoBop ♫

     Uma fumaça roxa começou a sair do meio do círculo, junto de luzes e partículas. Até que vimos uma sombra com formato humano, sair do chão e flutuar sobre o mesmo.

     Olá meros humanos, vejo que invocaram minha presença, como vão? - eu disse com um sorriso assustador e carismático ao mesmo tempo.

      Alguns ficaram assustados, outros maravilhados, e teve o Kaique, que se mijou. Os que não tinham medo, me fizeram várias perguntas, e eu fui obrigado a responder. Expliquei para eles que morava no livro e que estava preso com eles para sempre. Nem eu gosto dessa ideia, e pelo jeito eles também não gostaram, até perguntaram o que tinham que fazer para me levar de volta pro livro. Obvio que eu sabia, mas eu não ia dizer; eles me chamaram, e vão ter que me aguentar para sempre.

Demon, my friend.Onde histórias criam vida. Descubra agora