• × Capítulo único × •

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Na cobertura do prédio era onde eu estava; eu, o vento e a altura. Na borda daquele enorme edifício eu questionava o porquê de toda aquela tempestade na minha vida.

Tinham que me privar a isto?

Eu nunca mais iria vê-lo?

E nesse tempo separados ele irá conhecer alguém que seja tão suficiente quanto um dia eu fui, ele viverá alegre, será feliz assim como um dia nós fomos. Ou talvez, quem sabe, até mais. Em meio a tantos vacilos meus julgo que isso seja o melhor mesmo.

Olho para frente sentindo o vento bater forte em meu rosto e o frio que percorre meu corpo me faz, por um segundo, pensar se isso é realmente a solução. Cerro meus punhos e respiro fundo, decidido, quando a porta se abre bruscamente e ele corre em minha direção me puxando para o calor de seus braços.

Entre o choro desesperado ele dizia que me amava, que não iria me deixar e que, apesar de todos os conflitos, estaria comigo. Que não me deixaria ir assim.

Era ele. Ele foi me buscar, ele foi me salvar.

E novamente em alto e bom som ele diz que me ama e me beija, um beijo repleto de sentimentos e inseguranças. Amor, e na mesma medida, o medo; de não querer e nem aceitar me perder. Ambos não queríamos.

Não era justo! Porque conosco?

O beijo era consolador; era minha casa, era seguro.

Dou dois passos para trás me dando conta de que o que acabará de acontecer era mais que um beijo. Era amor.

Arregalo os olhos entendendo afinal. A vida nos mostra que não era para insistir e que tudo iria acabar, que iríamos acabar separados.

Envolvido no seu abraço, no último passo, escorreguei e nossos corpos separaram.

Tudo parecia se passar em câmera lenta e por uma última vez eu olho em seus olhos castanhos profundos, desesperado. Seu desespero em me segurar era quase palpável, mas não foi possível.

E mesmo assim, eu sorri e como últimas palavras consegui dizer:

Eu amo você.

ıʟ ʍʏօ saʟʋatօʀɛ  Onde histórias criam vida. Descubra agora