Capítulo 2

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|| MAROCAS ||

O Samuca está sobre mim. Você saber que é uma mulher amada e desejada, é incrível. Não importa em que século esteja, a sensação sempre será a mesma.

Ele começa a descer a alça do meu vestido. Aquele arrepio que senti na primeira vez me toma novamente. Ainda é como se fosse o primeiro toque. A sensação ainda é a mesma. É porque é ele, o homem que amo, e que me faz sentir inteira, me faz sentir mulher.

Ele desce seus beijos por todo o meu pescoço. Minhas mãos espalmadas em suas costas, agora fazem caminho inverso, parando em frente aos botões de sua camisa. Um por um começo a desabotoar. A intimidade que temos um com o outro é linda. Não existe vergonha. Não existe pudor.

Sua camisa cai em algum lugar do meu quarto, e eu já não me importo com mais nada. Apenas com nós dois.

Meu vestido escorre pelo o meu corpo, e os olhos do Samuca se perdem em mim. É bom saber que sou eu a deixa-lo com esse sorriso bobo. É a mim que ele deseja.

--- Eu estou sem camisinha. - ele para de me beijar e me olha sem reação.

Franzo a testa.

--- Camisinha? Ah sim! Aquele elástico plastivel em forma de um cilindro.

Ele cai na risada.

--- Bem, eu ... Andei conversando com a senhorita Paulina, e comecei a tomar um remédio. - Lhe conto pois acho que deveria saber.

--- Remédio? - ele me pergunta sem entender. Oras, e depois eu quem sou do século passado!

--- De certo que sim. Aquela pílula adocicada, em forma de bala. Ahn... previne a gravidez! Isso. - Lhe explico da mesma forma que a senhorita Paulina me contou.

--- Anticoncepcional. Desde quando toma? Eu não sabia disso. - ele levanta um pouco de cima de mim, e me olha chocado.

--- Senhor Samuel, isso não são horas. - olho para nós dois, nessa atual conjuntura.

--- Deveras. - ele volta a me beijar e todo a sensação quente nos domina novamente.

E mais uma vez é tudo como antes. Samuca termina de me despir, e fica horas me observando. Ele morde os lábios com um sorriso torto nos lábios.

Minhas mãos correm por todo o seu peitoral, e é tão libertador fazer isso. Sem vergonha, sem medo, sem pudor.

Ele volta a me beijar e já não existe peça de roupa nenhuma sobre nós. Apenas o calor dos nossos corpos nos cobre, nos faz um só.

--- Ainda somos um só.

--- E vamos ser para sempre. - Samuca me diz e me toma os lábios mais uma vez. E então ele me possui por completa. É ainda melhor, pois já conhecemos o corpo um do outro. Sabemos exatamente o caminho a trilhar para construir nosso prazer.

O Samuca é romântico e um tanto ousado, eu diria. Mil homens em um só. E é maravilhoso estar vendo esse lado dele.

Quando nossos corpos se chocam, a cama range e me preocupo com as pessoas debaixo. Esse cortiço é um tanto minúsculo, as paredes são finas e de tudo pode se ouvir. Coro só de pensar nessa possibilidade. Não é a melhor hora para se pensar nisso, de certo que não.

Me viro, ficando por cima dele. Samuca me olha assustado, mas feliz. Ele se choca com cada nova reação minha. Por cima é ainda melhor. Oras, uma dama tendo esses pensamentos, e com um rapaz ao qual não está comprometido. E quem ligas? Eu já não me reconheço mais. É como dizem os poemas do Bento:

E onde há amor
Há fogo

Em algum tempo o Samuel explode. É uma sensação maravilhosa de assistir. Pouco tempo depois sou eu. Quase conectados. Ele é perfeito, e sempre será.

--- Marocas ... você é a mulher da minha vida! - ele tenta controlar sua respiração ofegante.

Sorrio ficando ruborizada.

Ele me puxa para os seus braços e ali faço morada. Nesse momento esqueço de tudo. De toda mentira. De toda enganação. É como se nada pudesse nos atingir.

--- Samuca ... Por quê me enganou? - no fundo eu nunca parei para lhe perguntar sobre isso, apenas o julguei, e não sou mulher de fazer isso.

--- Quê? Não. Não te enganei, Marocas. - ele se vira de lado, apoiando sobre o cotovelo para melhor conversar comigo.

--- Mas é claro que sim. Sabia antes mesmo de nos amarmos sobre a construção do prédio acima do terreno do meu pai. Sobre a minha casa.

--- Sim, mas eu não sabia como lhe contar. Quis fazer uma surpresa, contar após o casamento. Jamais pensei em enganar vocês. E não foi pelo o dinheiro, como Dom Sabino ousou me julgar.

--- De certo que não, não vim a pensar que fosse por alguns contos de reis. Mas era uma informação que eu deveria saber. Me entende? A confiança é a coisa mais importante em uma relação. E você abusou da minha.

--- Não! Achei que pudessem ter exatamente essa reação. Eu fiquei encurralado. Não sabia como agir. Se põe no meu lugar, você me contaria? - ele se senta na cama.

--- Não sei, acho que sim. - me ponho a pensar. De certo que eu e o meu pai temos um gênio forte, e acabaríamos mesmo agindo mal, como agimos.

--- Eu amo você, e isso é tudo que mais importa em minha vida. - ele me olha terno, e eu sei que tem tanta verdade em seu olhar.

--- Eu também lhe amo. - assumo, não há como negar. Ele sorri bobo.

--- Eu recuperei aquele terreno. Ali antes era uma fábrica de produtos químicos pesados. A terra estava morta e correndo o risco de ser prejudicial para mais partes ao redor. Eu recuperei e fiz dali a sede da SamVita. São 132 anos depois, como poderia me culpar por roubar suas terras? - ele me explica e eu não fazia ideia do que era antes o terreno.

Eu o culpei mesmo por tomar conta do lugar que era meu lar. Minha fazenda Nossa Senhora Do Ó.

--- O senhor tem razão. Eu fui um tanto imprudente com os meus julgamentos, e insensata ao te julgar. Lhe peço perdão, Samuca. - da mesma forma que luto pelo o que acho certo, sou capaz de reconhecer os meus erros, e julguei o Samuel antes mesmo de saber toda a história. - Mas isso ainda não apaga o fato de o senhor não ter me contado desde o início.

--- Mas só em ouvir que me entende já faz tudo valer a pena. - ele sorri de uma forma que não vejo há tempos.

--- Namora comigo, Marocas?

Ele simplesmente solta as palavras de uma hora para outra, me pegando de surpresa. Não achei que pudéssemos nos envolver novamente. Ainda mais como namorados, que é como se dizem neste século. Meu coração saltita, e pertencer ao Samuca é tudo que mais quero.

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