only | why not.

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Coreia do Sul ; 1765.
ㅡ Jardim do Palácio.

Lee Minho olhava ao seu redor, as coisas pareciam mais calmas do que o normal no castelo. Criados faziam suas tarefas em silêncio, ninguém se atrevia fazer se quer um barulho e correr o risco de incomodar o rei.

O dia não estava bonito, as nuvens escuras informaram que em breve um temporal iria tomar o reino e o colocá-lo sob água, não que Minho se importasse, por ele todos ali poderiam se afogar nas gotas finas de água que cairiam do céu, ele não iria mover um dedo para ajudar.

Lee era o filho do conselheiro do rei, nunca teve nenhuma relevância no lugar, era uma criança estranha, um adolescente estranho e estava se tornando um adulto estranho. Cresceu em meio ao caos, acostumado com gritos e sangue, talvez viver na ala sul aonde os soldados treinavam não fosse de fato bom.

Ainda com dezesseis anos, Minho foi escolhido para servir no lugar do pai, "Maravilha, aconselhar alguém quando nem eu mesmo consigo me aconselhar" ele pensou, não pode protestar, tinha que acatar as ordens.  Então foi com dezesseis anos que tudo começou a desandar.

Um adolescente na posição que se encontrava era um perigo; qualquer movimento errado e ele poderia ser executado em praça pública. Imagina aconselhar o rei a algo que no final termina em tragédia e ser culpado por isso? Minho sentia medo, tanto medo que acabava dando um jeito de fugir.

Com dezessete anos achou o lugar perfeito, um quarto no castelo vazio, ninguem ia lá a muito tempo pelo estado em que ele se encontrava. Lee passava grande parte de seus dia ali, sentado no piso de madeira podre inalando a poeira, parecia ruim, mas não era.

O garoto apenas não sabia que o local já tinha um dono. Foi após uma reunião com a família real da China que o Lee o viu pela primeira vez no local, seus cabelos loiros quase brancos e seus olhos castanhos brilhantes. Estava sentado no mesmo local que Minho costumava ficar, gravava suas inicias na madeira com a espada.

Bang Chan era bonito, de fato, fazia todas as ladies do Reino ter seus mais profundos suspiros e arfadas de amor. Tinha um talento invejável para combate e a liderança explícita no tom de voz. Apesar de tudo isso era como um fantasma no castelo, quando completou seus dez anos simplesmente se trancou na torre mais alta do castelo e lá ficou, poucas pessoas o viu até ele completar os dezoito.

Minho ficou envergonhado com tudo aquilo, óbvio, apesar de sua família ser próxima ao rei e os seus, ele não costumava ficar sozinho com o príncipe. Tentou sair sem ser visto, mas Bang Chan percebeu o movimento sutil do moreno, riu soprado e pediu para se sentar consigo.

Naquela tarde, ambos passaram sentados no piso mofado escrevendo suas inicias no mesmo e ouvindo a chuva do lado de fora.

Com dezoito anos, Lee viu Bang Chan ser coroado o rei, viu seus fios agora negros receber a coroa dourado e suas mãos o espada do pai, viu as mulheres irem a loucura com a possibilidade de serem escolhidas como esposa do Bang, viu crianças gritarem o nome do agora rei. Também viu o olhar de Chan em sua direção.

Depois daquele dia no quarto vazio, eles não se falaram mais, cerca de nove meses sem trocar nenhuma palavra não foi o suficiente para tirar a imagem do Bang sorrindo da mente do Lee.

Com dezenove anos, Minho sentiu o verdadeiro prazer. Foi após um baile que tinha a intenção de achar uma rainha para o rei, todos beberam um pouco de mais, Minho, que havia aceitado o cargo de conselheiro de vez, achou melhor tirar Chan do salão. O rei estava caindo para os lados, não sabia muito bem o que estava fazendo, mas a bebida não foi o suficiente para deixá-lo menos quente.

Foi nesse dia que Bang Chan tocou a pelo do Lee com seus dedos frios; nesse dia Bang Chan se deliciou dos lábios finos de seu conselheiro, nesse dia, quando Lee Minho tinha dezenove anos, ele se sentiu especial.

Com vinte anos, Minho estava sozinho olhando ao redor pelo Jardim esperando uma chuva forte o suficiente para devastar o reino, pois hoje, com vinte anos, ele veria quem ama se casar. Era uma ladie de um país estrangeiro, tinha nariz fino e cabelos ruivos, mas o mais importante, dinheiro e um nome renomado.

Minho não podia fazer nada perante aquilo, era um adulto estranho que mesmo após três anos não tirou a imagem do antigo príncipe sorrindo para si; era um adulto estranho que mesmo após dois anos não tirou a imagem de um antigo príncipe sendo coroado e olhando para si; era um adulto estranho que mesmo após um ano não tirou a imagem de um rei tocando seu corpo e chamando por si.

O Lee sentiu uma gota de chuva cair sobre seu nariz. Não demorou muito para mais uma e mais uma e muitas outras gotas atingirem seu corpo como pontas afiadas de facas. Se levantou do banco, olhou para os lados, não adiantava nada correr, já estava encharcado.

Suspirou se sentando novamente e deixando a água o molhar. Fechou os olhos pedindo para que aquele dia acabasse logo; seus ombros foram tocados por uma mão quente e logo seu tronco coberto por um tecido grosso. Olhou para trás vendo o rei sorrir.

ㅡ Vamos, irá ficar resfriado ㅡ Bang disse.

ㅡ Você deveria estar se arrumando para seu casamento! ㅡ O Lee o repreendeu com um tom ríspido.

ㅡ E você, como meu conselheiro, deveria estar comigo. ㅡ Chan continuava sorrindo ㅡ Não irei me casar, Minho, dessa vez seu conselho não será acatado.

ㅡ Mas porquê? ㅡ Indagou em um fio de voz.

ㅡ Porque não amo Yoonhee ㅡ Bang o puxou pelo pulso.

ㅡ Casamento não é apenas amor, vossa alteza.

ㅡ Pois bem, para mim é. Governei por um ano sem nenhuma esposa, governarei muitos mais ㅡ Chan continuava a andar. ㅡ E se for para me casar, será com que eu amo.

ㅡ E quem amas, alteza? ㅡ Sua voz saiu hesitante e com o medo da resposta.

ㅡ Um homem estranho para o qual eu consedi uma conversa amigável três anos atrás. Um conselheiro fiel. ㅡ Bang Chan se virou em abrupto ㅡ Você.

ㅡ Por que eu?

ㅡ Por que tantas perguntas se a única resposta será "Por que não você"?

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