capítulo único

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Pela milésima vez naquele dia, o garoto volta seu olhar para o pequeno relógio fixado à parede da modéstia cafeteria na qual se encontrava. Faltava pouco tempo para as seis horas. "Pouco menos de dez minutos para o momento mais importante do dia." — Ele pensou sorridente.

Durante as últimas semanas o pequeno Donghannie — como seus amigos o chamavam carinhosamente, por ser o mais novo entre eles — passara a frequentar a recém-inaugurada cafeteria a dois quarteirões de sua casa. Foi onde conheceu Yejin, uma tímida estudante do último ano do ensino médio, que sempre visitava o estabelecimento após o fim da aula. Na verdade, os dois nunca conversaram de fato. Apenas um cumprimento formal quando esbarravam acidentalmente ou um mínimo sorriso sem graça quando seus olhares se encontravam.

Como descobriu o nome dela? Donghan é um garoto esperto, observador, a cafeteria é do pai de seu melhor amigo e as atendentes dificilmente resistem ao pedido de um cliente esbelto. Ele apenas uniu o útil ao agradável.

Vez por outra, perguntava-se se algum dia teria coragem suficiente para falar com a garota, mas acabava por ceder ao seu nervosismo todas as vezes que ela entrava pela porta principal, fazia uma pequena reverência e dirigia-se ao balcão para pedir seu café expresso pequeno. Era estranho como ele se via impotente diante daquela pequena estudante. Algumas vezes pegava-se pensando nela e sorrindo de um jeito bobo, ou imaginando se a garota sequer sabia de sua existência. Era estranho também, sentir o coração palpitar um pouco mais forte, ou o estômago embrulhar quando a menor apoiava pequenos braços no balcão, bem ao lado dos seus. Tornava-se cada vez mais difícil ser discreto ao observá-la cuidadosamente, sem que a mesma percebesse.

O maior balança a cabeça rapidamente, afastando-se de seus devaneios, e direciona sua atenção à porta ao ouvir o pequeno som do sininho ecoar pelo ambiente, indicando a chegada de alguém, mas não era ela.

— Não seja tão ansioso, Donghan. — Resmunga baixinho, movendo o quadril na pequena cadeira giratória.

Algumas pessoas diriam que é louco, obssessivo, mas estas não entendem que o pequeno Donghannie está apenas apaixonado — mesmo que não aceite ainda —, quer dizer, o que há de errado em se apaixonar?

O garoto Kim torna a observar o relógio, que já marcava seis da tarde, mas nem sinal de Yejin. Haveria acontecido algo grave? "Deve sair mais tarde da escola, hoje." — Donghan pensa, tentando acalmar-se, mesmo sem saber o porquê de estar tão nervoso. Mordisca o lábio inferior em apreensão, então pensa se deveria esperá-la. Poderia parecer que estava perseguindo-a?

— Não, ela nem deve saber que venho aqui para vê-la todos os dias. — Responde para si mesmo, dando de ombros em indiferença. Aquilo havia soado menos estranho em sua mente.

Ele conhecia as funcionárias, elas o conheciam, e, com sorte, seu amigo até que poderia aparecer também. Parecia ser um bom álibe para permanecer ali até que Yejin chegasse, e era extamanente isto que iria fazer: Esperá-la o quanto fosse possível.

Para o garoto Kim, ver-se apaixonado era uma situação completamente nova. Apesar de já ter lido em alguns livros ou visto em algum filme, o amor se mostrava como algo surreal, quando trazido para a realidade. "Ou talvez eu só esteja fantasiando demais algo muito simples." — Pensa consigo mesmo. O que, por um lado, era verdade. Amar é muito mais simples quando se tem a prática, acontece que, para o Pequeno Donghannie, esta era sua primeira experiência. Seu primeiro amor.

Aos seus olhos, parecia idiota amar alguém com quem nunca conversou. É como se uma parte o disesse para esquecer isto e procurar outra pessoa, mas a outra gritasse que deveria procurar saber mais sobre a Garota da Cafeteria.

Pobre Dong Dong, estava tão confuso com tantas emoções ao mesmo tempo. Seus amigos achavam divertido e até tentavam acalmá-lo com algum conselho bobo, porém de nada adiantava. O mais novo continuava a confundir-se nos próprios sentimentos.

A Garota da Cafeteria | Kim Donghan Onde histórias criam vida. Descubra agora