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Jungkook era pesado e foi difícil levá-lo de volta para casa. Park Jimin não sentia raiva, nem tristeza. Na verdade, não tinha motivo para sentir nada de ruim por Jungkook depois das coisas que havia ouvido. Os dois cruzaram a porta da sala, Jeon ainda apoiado nos ombros pequenos de Jimin, e pararam quando ele o sentou no sofá, retirando sua jaqueta e logo depois a camisa.

— Não, hyung! — protestou.

— Você precisa tomar banho gelado. Me ajuda!

— Eu não querooooo! Me deixa aquiiiiii!

— Não. Anda logo! — Retirou os sapatos, o cinto, a calça e o pôs de pé novamente para que fossem até o banheiro. Jimin o colocou sentado no vaso enquanto se livrava das roupas sujas também. Ligou o chuveiro no gelado e fez Jungkook entrar debaixo dele.

— É minha culpa, hyung! É minha culpa! — falou agarrando-se nas pernas de Jimin com força.

— Se eu cair aí sim vai ser sua culpa! Para de chorar... por favor.

— Mas é minha culpa!

— Não é. Não é não!

— Você vai embora?

— Não, Jungkook. Eu vou ficar aqui com você.

— Você me promete que não vai embora?

— Eu não vou.

— Por favor, me promete que você não vai!

— Eu prometo, meu amor. Agora deixa eu te dar banho antes que esse banheiro vire um oceano. — Jungkook desafrouxou os braços das pernas do namorado e os apoiou no chão enquanto a água gelada chocava-se contra seu corpo. Jimin lavou o cabelo, a pele, retirou a cueca molhada e depois pôs Jungkook novamente sentado no sanitário para secá-lo.

— Como você ficou tão bêbado? Bebemos praticamente a mesma quantidade.

— Eu acho que sou meio fraco.

— Pois eu tenho certeza. Vem, se apoia em mim. — Jeon passou o braço ao redor dos ombros pequenos novamente e apoiou seu corpo ao dele. Quando chegaram ao quarto, Park o vestiu com roupas quentes e o ajeitou na cama pra que dormisse logo. Não demorou nem cinco minutos para que Jungkook apagasse completamente deixando um Jimin encharcado e confuso encarando-o encolhido na cama. Como fazia frio, apenas ligou o ventilador para que o ar circulasse melhor no quarto e o cobriu com duas camadas de edredom. Não sabia se o melhor a fazer era deixar Jungkook dormir sozinho ou dormir junto com ele. E se tivesse uma crise pela madrugada? Se tivesse algum sonho ruim? E se a presença de Jimin na cama prejudicasse seu sono? E se ele precisasse de mais espaço para esticar o corpo e dormir melhor? Definitivamente ainda não sabia o que fazer, então apagou as luzes, fechou a porta e andou devagar de volta para o banheiro enquanto olhava para o rastro de água que deixava no chão.

Então tomou banho, vestiu-se, preparou um chá e sentou na sala repassando em sua mente, agora sóbria e dolorida, tudo o que Jungkook havia contado de forma tão enrolada e desesperada, como se fosse uma dor gigante carregada de medo verbalizar aquelas coisas. Ele entendeu naquele momento que Jungkook não queria contar nada por medo. Por isso nunca havia demonstrado, por isso parecia nem ao menos ter aqueles problemas. Jimin agora entendia que a presença física dele ali havia mudado tudo, talvez até piorado um pouco a situação. Esperava que, depois de jogar tudo aquilo pra fora, o namorado se sentisse tão confortável como, agora, ele se sentia culpado por nunca ao menos ter percebido as coisas que aconteciam com Jungkook. Tinha como ele saber? Será que ele foi egoísta demais em pensar que estava tudo bem quando conversavam por horas a fio por mensagem e vídeo chamada, quando falavam besteiras um para o outro, quando mandavam fotos provocantes e memes de si mesmos, quando compartilhavam as rotinas e, na verdade, depois que a tela do celular ficava escura, Jungkook tinha dificuldades para dormir ou para fazer suas atividades? Que era atormentado por coisas que ele mesmo criava, irreais, mas que na cabeça dele eram uma ameaça concreta. Tinha como ele saber? Se não tinha, por que então sentia-se tão culpado? Por que sentia que havia negligenciado Jungkook de maneiras horrendas pela sua falta de percepção?

You, the ocean and me | JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora