Capítulo l

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A adolescência deveria ser a fase em que nos descobrimos, onde lentamente aprendemos o que é bom e o que nos prejudica, é o período após a inocência e uma prévia do caos que será a vida adulta, sem muitas preocupações, apenas algumas responsabilidades, onde criamos laços, e desenvolvemos nossos primeiros sentimentos, digamos que reais, mas como eu disse ela só deveria ser assim, por que na prática, a adolescência é onde levamos um tapa na cara da cruel, da seriedade e infelizmente construimos nossas primeiras armaduras.
Minha infância foi doce, tive pais amorosos, bons amigos e ótimas influências, filha única e herdeira de um império, meu futuro era tido como garantido, certo? Errado, o problema de ter pais amorosos demais era que eles confiavam nas pessoas com a mesma facilidade em que tinham de ajudar nas causas humanitárias, mas o que meus pais não esperavam era que meu Tio, irmão de meu pai, fosse uma pessoa sem caráter e sem valores, que desviou milhões dos fundos da empresa da nossa família a qual era um dos sócios, roubando esporadicamente junto a sua comparsa que trabalhava na área de contabilidade na Coen and Jasmey, a empresa veio a ruína e quando sua conta no exterior estava incrivelmente cheia ao ponto de talvez salvar alguns pequenos países da África da fome, meteu o pé pra fora do país e nunca mais ouvimos falar dele. Meu pai ao descobrir que seu irmão o roubou debaixo de seu próprio nariz atraiu uma onda de tristeza tão grande que ficou depressivo e cometeu suicídio na sua sala da presidência, minha mãe que o encontrou, eles tinham combinado de almoçar juntos mas papai não apareceu, minha mãe foi ao prédio no centro da cidade saber o que tinha acontecido para ele não comparecer, ao entrar, viu o corpo sem vida dele e a partir daí eu não perdi só um pai, pedi minha mãe também. Aos 10 anos tive que crescer antes da hora, mamãe assumiu a empresa, e à reergueu juntando cada caquinho que fora quebrado nas nossas dolorosas perdas, mas para isso ela teve que se tornar uma pessoa fria e calculista, perdendo o controle de sua relação com sua filha querida. Fui mandada para uma escola de garotas na Inglaterra, onde passei 8 anos confinada em um castelo velho e que não valia à pequena fortuna que fora investida lá para meu futuro, e finalmente resolveram que seria oportuno me trazer de volta a Sidney, onde passei os últimos momentos felizes de minha vida, eu me vi cercada por rostos completamentes estranhos, já não reconhecia mais as pessoas a minha volta, os momentos felizes acabaram se tornando uma memória distante ou até mesmo um bonito sonho.
Finalmente fui a escola, meia hora mais cedo para poder pegar meus horários e conhecer o local em que passaria o resto do ano. Reconheci alguns rostos da minha infância enquanto andava pelos corredos da escola, algumas pessoas familiares mas que não recordava o nome, e claro minha prima Emma que acenava como uma doida do outro lado do corredor, calma Emma, você é pequena mas eu te vi, pensei rindo. Acenei de volta e apontei para a secretária dando a entender que estava indo para lá, concorda com a cabeça e diz que na hora do almoço nos encontrávamos para conversar. Emma Jasmey Pompeo é filha da minha Tia Leila, que é irmã da minha mãe e do Tio Jaremy. Enquanto estava em outro país, minha prima foi a única autorizada a manter contato comigo, através de cartas. Meus amigos foram proibidos de se comunicar comigo de qualquer forma possível, mamãe dizia que amizades distraiam e bem, no mundo atual dela, não podia haver distração.
Fui a secretaria e peguei meus horários e fui direto para a sala com medo de me perder naquela escola enorme. Chegando na sala observei que os 30 minutos adiantados que cheguei valeram a pena, o professor não era visível em seu lugar, até que vi o pessoal que eu sentia tanta falta, Carrey- a menina que morava no fim da rua, James- o garoto que vivia usando suspensórios e gravata borboleta e Abigail- filha de um funcionário e amigo de papai, éramos todos tão próximo, nós quatro não nos separavamos nunca mas agora todos estavam diferentes, Carrey estava sentada em cima da mesa e contava uma história muito convidativa a seus ouvintes, sorrindo e gesticulando de forma teatral, nem parecia a garota calada e tímida que esteve na minha infância, Abigail ou Abby como a chamávamos antigamente, estava com a cabeça meio baixa na mesa e super concentrada rabiscava em alguma folha mas o que mais me chamou a atenção era seu cabelo coloridos em um azul vivo e as tatuagens em seu braço, uau Abby como você mudou, menina! E tinha o James que parecia o mesmo em alguns aspectos mas abandonará suas vestimentas habituais que o deixavam esquisitamente fofo, usava um casaco que aparentava ser do time de futebol da escola e estava sentado na mesa do professor, ria de alguma piada que o seu colega ao lado havia dito, em seu colo estava uma garota bonita, loira e de olhos verdes vividos, faziam um belo casal, sabe aquelas casais fofos de ensino médio que vemos em livros? Era exatamente os dois a minha frente, James era o cara mais bonito que eu vi em toda minha vida, sério... alto, moreno com os olhos azuis e forte, era considerado o estereótipo de TODA mulher, um sonho ambulante, imagino, mas claro que na minha cabeça eu só conseguia lembrar do menino que puxava minhas tranças e fazia xixi na cama de 7 anos atrás, soltando um pequeno sorriso sentei-me em uma cadeira próxima a porta para que ninguém reparesse em minha entrada (ser a menina nova é um saco), mas quando o professor de álgebra entrou óbvio que não passei despercebido.
- Turma todos aos seus lugares, senhor Parkinstom e senhorita Stone, podem por favor tirar sua bunda da minha mesa, por gentileza? Fazendo uma continência James e a Barbie loira que estava em seu colo levantam e vão aos seus lugares. - Gente olhem só! temos uma colega nova, ein classe, venha aqui menina e se apresente a turma.
Envergonhada por odiar ser o centro das atenções, me levanto e vou até ao lado do professor que está com um sorriso tão largo e simpático que já me senti acolhida.
- Olá, meu nome é Terrence Jasmey Coen, vim de um colégio para mulheres na Inglaterra mas voltei a Sidney para concluir meus estudos aqui.
Carrey que até o momento não tinha me visto, ao escutar meu nome, abre um sorriso tão grande quanto o do professo, se é que possível. Abby tira seus olhos do caderno e dá um pequeno aceno de cabeça com um sorriso discreto no rosto, porém a coisa que mais me intrigou foi James, ele apenas olhou com cara de paisagem como se nem me conhecesse ou lembrasse quem eu sou e voltou a sua conversa em sussurros com a Barbie que deveria ser sua namorada, nossa! Penso se realmente mudei muito ao ponto dele não me reconhecer, bem, as meninas conseguiram lembrar de mim, então quer dizer que não mudei TANTO assim, né?
- Seja bem-vinda Terrence, o sobrenome Jasmey não me é estranho, por acaso Angelina Jasmey tem algum parentesco com você? Concordo com a cabeça e digo que ela é minha mãe. Como se estivesse se lembrando de algo o professor da um pequeno tapinha em sua cabeça e volta a dizer.
- Mas é claro! Seus olhos e cabelos são iguais aos dela, deveria ter reconhecido, sua mãe foi uma aluna muito querida minha, assim como seu pai, como os dois anda?
Com uma voz meio triste, sussurro.
- Meu pai faleceu a 7 anos e mamãe está levando.
- Oh querida, sinto muito, Ethan Coen era um jovem maravilhoso, uma perda ao mundo com certeza, bom meu nome é Thomas mas todos aqui me chamam de General T. então pode me chamar igual a todos os pestinhas. Peço obrigada silenciosamente e ele vira para o quadro na parede.
- Bom turma abram seus livros na página 209... E assim seguiu a aula, tive aula dupla com o General T. e eventualmente eu olhava para trás na direção do James, oush, eu não acredito que ele não lembra de mim! Quando o segundo turno acabou, levantei arrumando meus livros novos que o professor me deu mas antes de sair da sala escuto uma voz estridente me chamando.
- Terrence! Espera a gente garota. E lá vem a Carrey, todas sorrisos em um vestidinho amarelo canário e ao seu lado estava Abby.
- Você voltou a muito tempo? Você continua a mesma coisa de 7 anos atrás, continua com a mesma cara de criança que tinha. Diz Abby, mostro a língua a ela, sim sou uma criança mesmo, e sorrio.
- Ah, voltei tem mais ou menos um mês, minha mãe achou que estava na hora de me trazer Jajá iremos pra faculdade, e se eu continuo com cara de criança então colocaram outra pessoa no lugar da minha amiga Abby que quando criança adorava rosa e dizia que nunca pintaria seus cabelos loiros.
- Haha, resolvi mudar, as tatoo já tinha feito a um tempo mas ainda não tinha a cara de mal o suficiente então pintei o cabelo, acho que o próximo passo é colocar um piercing. Faço uma cara de espantada e ela ri.- É brincadeira Coen, já degreni a imagem do meu pai o suficiente como ele mesmo diz. E assim todas as três caímos no riso, e com toda certeza eu sentia falta de Sidney.

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⏰ Última atualização: Nov 10, 2018 ⏰

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